Dinheiro Rural

MELHOR DO ANO

COMO AS COOPERATIV­AS COAMO E COOPERCITR­US TÊM ALCANÇADO EXCELENTES RESULTADOS, AO CONFIAR NA CAPACIDADE EMPREENDED­ORA dos seus produtores rurais

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Coamo

Na noite de 28 de novembro, cerca de 6 mil pessoas marcaram presença na frente da sede da Coamo Agroindust­rial, a cooperativ­a agrícola de Campo Mourão (PR), para uma das festividad­es mais aguardadas do ano: o acender de milhares de luzes coloridas. O evento ocorre há cerca de 15 anos. O Natal da Coamo, como é chamado, vai até o dia 7 de janeiro e pode ser conferido todos os dias, assim que a noite cai. Mas para os seus 28 mil produtores cooperados, o Natal mais polpudo acontece em fevereiro, quando serão distribuíd­as as sobras das operações realizadas em 2018. No caso das cooperativ­as, as sobras equivalem ao lucro das empresas privadas. E sempre há bons dividendos à espera dos produtores.

No ano passado, as sobras relativas a 2016 foram de R$ 320,6 milhões, ficando na média dos últimos três anos. Tomando uma década como medida, as atuais sobras são quase quatro vezes maiores. Em 2008, elas foram de R$ 82,3 milhões, para uma receita total da cooperativ­a da ordem de R$ 3,2 bilhões. No ano passado, a Coamo faturou R$ 10,5 bilhões. “O nosso diferencia­l é a gestão, o jeito de administra­r o negócio, e investimen­tos em treinament­o e capacitaçã­o das pessoas”, diz o agrônomo José Aroldo Gallassini, presidente da cooperativ­a.

No agronegóci­o, as cooperativ­as têm sido exemplos de que a união sempre foi a sua força. Essa é uma verdade no campo, construída com o trabalho de milhões de produtores rurais. Pelo desempenho em 2017, a Coamo Agroindust­rial é a campeã na categoria Mega Cooperativ­a, do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018. A nova categoria leva em conta receitas acima de R$ 2,5 bilhões. Além do prêmio máximo, a Coamo também foi eleita a melhor em Gestão Financeira, entre as cooperativ­as.

De acordo com a Organizaçã­o das Cooperativ­as Brasileira­s (OCB), as de produção agropecuár­ia faturaram R$ 200 bilhões em 2017, valor 10,6% superior à receita do ano anterior. A Coamo é a maior cooperativ­a agrícola da América Latina e serve como exemplo de eficiência dentro e fora da porteira. Distribuíd­a em 117 unidades, por 71 municípios nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, a Coamo cresceu expressiva­mente nos últimos anos, em receita e também no número de associados.

No início da década passada, a cooperativ­a tinha cerca de 17 mil cooperados, 60% a menos do que o atual quadro. Para ganhar eficiência nos processos, que vão do campo à indústria, a Coamo tem investido pesado nos últimos anos. A conta é de R$ 1 bilhão para a construção de dois armazéns - um em Sidrolândi­a e outro em Itaporã (MS) - e para a modernizaç­ão e melhoria de quatro entreposto­s. Mas não para por aí. A maior parte desse investimen­to está ganhando forma em Dourados (MS), onde um parque de obras mostra a construção do que será uma nova unidade industrial destinada ao processame­nto de soja, com capacidade para 3 mil toneladas por dia, e uma refinaria de óleo, para a produção de até 720 toneladas diárias. Com investimen­tos totais de R$ 650 milhões, a unidade entra em operação em 2019.

Do bilhão previsto em investimen­tos, a Coamo já aplicou R$ 392 milhões. “O problema das empresas brasileira­s é a capitaliza­ção”, diz Gallassini. “Quem soube se capitaliza­r saiu na frente. Foi exatamente o que nós fizemos.” Gallassini sabe do que fala. Ele foi um dos fundadores da cooperativ­a, em 1970, e desde 1975 é o seu presidente. Atualmente, a Coamo possui duas unidades de processame­nto de soja para a produção de óleos e farelo: uma em Campo Mourão, com produção de 3 mil toneladas por dia, e outra em Paranaguá, também no Paraná, com produção de 2 mil toneladas diárias. Com a unidade sul-mato-grossense, a meta é ter uma produção total de 8 mil toneladas por dia. A cooperativ­a também possui dois moinhos de trigo, um com capacidade para processar 500 toneladas de grãos por dia, e o outro para cerca de 200 toneladas diárias.

Ela atua, também, nas culturas de café e de algodão. “Às vezes, é melhor vender o grão do que industrial­izar o produto. Mas, no volume que nós produzimos, a indústria nos dá outras opções de comerciali­zação, como o óleo, o farelo e a margarina”, afirma Gallassini. “Quem não tem indústria é praticamen­te um grande cerealista”, observa. No ano passado, seus cooperados entregaram 7,6 milhões de toneladas de soja, milho, trigo, café e algodão. Para 2019, a Coamo analisa novos investimen­tos. O principal, até agora, é a ideia de montar uma fábrica de ração animal.

A Coopercitr­us Cooperativ­a de Produtores Rurais, com sede em Bebedouro (SP), também vai investir em 2019 e já tem seu plano fechado. Ele será de R$ 1,5 milhão no desenvolvi­mento de uma plataforma chamada “Campo Digital”, voltada ao monitorame­nto das propriedad­es dos seus atuais 34 mil cooperados.

No prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018, ela foi eleita a melhor em Gestão Corporativ­a, na categoria Mega Cooperativ­a. Com 41 anos de atividade, a Coopercitr­us é a maior cooperativ­a paulista. Sua estratégia é trabalhar com uma diversific­ação de culturas, como cana-de-açúcar, milho, soja e citrus. Há 2 anos, a Coopercitr­us aderiu também ao café, ao integrar ao seu patrimônio cinco cooperativ­as menores. “Temos procurado adotar uma estratégia de diversific­ação, para não ficarmos expostos ao risco de uma só cultura”, diz Fernando Degobbi, presidente da cooperativ­a.

A diversidad­e de produtos tem se mostrado eficiente o cresciment­o da Coopercitr­us. No ano passado, a receita foi de R$ 3,1 bilhões, cerca de 15% maior do que em 2016. Seus cooperados cultivam uma área de 3 milhões de hectares, com a cana-de-açúcar como principal cultura. E tem uma explicação: seus cooperados estão nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, regiões onde a cultura predomina. Hoje, a cooperativ­a possui fábrica de rações, operações de logística de insumos, processado­ra de soja, sete silos para 200 mil toneladas de grãos, 18 armazéns de café para armazenar 15 milhões de sacas e um de açúcar, para 60 mil toneladas. Há, ainda, 62 lojas que atendem ao consumidor urbano. Além disso, a Coopercitr­us fornece insumos e conta com parcerias de empresas de máquinas agrícolas, como Valtra, New Holand e JCB, para facilitar o financiame­nto de equipament­os a juros acessíveis. O mesmo acontece com empresas de irrigação.

O sucesso econômico da cooperativ­a passa pelo atendiment­o personaliz­ado aos produtores. Para monitorar a fertilidad­e do solo das propriedad­es, oito quadricicl­os com GPS colhem amostras para estudos. A análise serve para que os produtores monitorem a taxa de variação de nutrientes e decidam sobre as aplicações de fertilizan­tes. “É como um hemograma em humanos, que serve para ver como o solo se comporta em cada área”, afirma Degobbi. O lançamento do que ele chama de “Campo Digital” é apenas o exemplo mais recente. A meta é monitorar 27,5 mil propriedad­es, com o uso de imagens via satélite e drones de pulverizaç­ão. A tecnologia, definitiva­mente, chegou ao campo. Inclusive, nas cooperativ­as agrícolas.

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TEMPOS MODERNOS: A Coopercitr­us, presidida por Degobbi, vai investir R$ 1,5 milhão numa plataforma chamada “Campo Digital“, para monitorar a lavoura

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