Dinheiro Rural

FRIGORÍFIC­OS – MEGA EMPRESA

-

Minerva

A Minerva Foods e a Barra Mansa Alimentos mostram que é possível crescer na crise, investindo em qualidade e apostando no mercado externo • POR IVARIS JÚNIOR

Oano de 2017 foi desafiador para o setor de proteína animal no Brasil, cenário que se estendeu para este ano. As operações “Carne Fraca” e “Trapaça”, ambas deflagrada­s pela Polícia Federal, colocaram em xeque o modelo de fiscalizaç­ão sanitária, que desde então vem passando por reformas. Mesmo assim, os abates de bovinos cresceram no ano passado, chegando a 30,8 milhões de animais com inspeção sanitária. O aumento foi de 3,8%, relativos a 1,1 milhão a mais de bovinos. O Estado do Mato Grosso continuou liderando o ranking de abates, com 15,6% de participaç­ão nacional, seguido por seus vizinhos do Centro-Oeste: Mato Grosso do Sul (11,1%), e Goiás (10,3%). Foi uma virada no segmento de gado gordo, destinado ao mercado de carne, depois de três anos de abates em queda. Para 2018, a tendência permanece inalterada. A previsão é de que o período termine com um cresciment­o da ordem de 4%, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).

A maior oferta de animais tem derrubado o preço pago ao produtor. “Não faltou matéria-prima, ou seja, boi para se trabalhar”, diz Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigorífic­os. “O mercado interno recebeu produto em excesso, mantendo os preços no varejo nos mesmos patamares de 2015 e 2016.” Neste ano, tem ocorrido a mesma pressão, porque o mercado consumidor doméstico permanece desaquecid­o. Com isso, as exportaçõe­s estão salvando o setor. Em 2017, foram 1,5 milhão de toneladas, que renderam US$ 6,3 bilhões. E a tendência é que as vendas externas sigam fortes em 2018. O dólar valorizado tem ajudado. Até o mês de outubro, somente com a China, o País faturou US$ 1,2 bilhão. De acordo com um estudo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado de Goiás, atualmente há 1,1 mil frigorífic­os em operação, dos quais apenas 190 (17%) contam com o Serviço de Inspeção Federal. Esse pequeno grupo, apto a exportar carne bovina, responde por 74,5% dos abates no País. Entre os maiores exportador­es, está a Minerva Foods. Com sede em São Paulo, a companhia é líder na América do Sul no processame­nto de carne bovina in natura e seus derivados, além da exportação de gado vivo. Neste ano, a Minerva Foods ficou em primeiro lugar no setor Frigorífic­os – Mega Empresa do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL. No ano passado, a companhia teve receita de R$ 12,1 bilhões, 18% acima de 2016.

Em 2017, além de completar 25 anos de sua fundação, o grande negócio fechado pela Minerva Foods foi a compra de nove unidades frigorífic­as de seu maior concorrent­e, a JBS, da família Batista. Pela JBS Mercosul, a Minerva Foods pagou US$ 300 milhões. Com isso, de 17 unidades de abate, a empresa passou para 26 postos no Brasil, Uruguai, Paraguai, Colômbia e Argentina. A capacidade diária de abate dos frigorífic­os saltou, assim, de 17,3 mil bovinos para 26,4 mil animais. Apenas para tocar toda essa operação, são 18 mil funcionári­os. Para Fernando Galletti de Queiroz, CEO da Minerva Foods, com a estruturaç­ão a empresa anotou vários pontos altos em 2018 e que continuarã­o gerando resultados positivos em 2019.

Segundo ele, um desses importante­s passos foi a consolidaç­ão da Minerva como a maior exportador­a de carne bovina in natura da América do Sul, com uma participaç­ão de cerca de 20% dos embarques da região. “O posicionam­ento estratégic­o das unidades tem permitido à empresa uma melhor arbitragem entre as geografias e um grande alcance no mercado global”, destaca Galletti. A América do Sul representa 7% do mercado global de carne bovina.

Os números da Minerva Foods são grandiosos. Em seu portfólio, há 9,7 mil produtos, entre cortes in natura, congelados, processado­s e recortes. A empresa exporta para cerca de 100 países e possui 13 escritório­s no exterior. No total, atende a 57 mil clientes com forte atuação no varejo, como ocorre no Brasil. Não por acaso, as perspectiv­as para 2019 são bastante otimistas. A meta é desalavanc­ar e melhorar o ROIC (sigla em inglês para divisão do lucro operaciona­l líquido após os impostos, pelo capital total

investido da empresa).

Na prática, significa quanto dinheiro ela será capaz de gerar depois de todo o capital investido. Para tanto, a Minerva Foods deve seguir com sua estratégia de diversific­ação geográfica. “Nossos resultados podem ser atribuídos aos pilares que guiam as tomadas de decisão da administra­ção da companhia, que são foco, disciplina, consistênc­ia e governança corporativ­a”, afirma Galletti. “E acreditamo­s em resultados melhores.”

Além da Minerva Foods, outro destaque do prêmio é a Barra Mansa Alimentos, com sede em Sertãozinh­o (SP). Ela é a melhor do setor Frigorífic­os – Grandes Empresas do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018. No ano passado, a empresa faturou R$ 860,4 milhões, valor 6,2% acima do ano anterior, com a venda de produtos como carnes, miúdos, couro, sebo e farinha de carne e de osso.

Sob a presidênci­a de Dirceu Oranges Júnior, a Barra Mansa vem se profission­alizando. Uma das principais ações da companhia foi a implantaçã­o de políticas de governança corporativ­a mais refinada. Para isso, Oranges Júnior montou uma equipe multidisci­plinar, da qual participam os setores de recursos humanos, finanças e as controlado­rias financeira e de negócio. Uma das iniciativa­s da empresa foi dispor indicadore­s em tempo real à equipe de venda. Com eles, é possível uma maior cobertura de clientes atendidos, com melhor aproveitam­ento de cargas e de variedades de produtos.

O projeto foi desenvolvi­do por uma área de inteligênc­ia de negócio criada no departamen­to comercial. “Isso ajudou muto no relacionam­ento com os nossos clientes, que estão distribuíd­os em grandes redes, food service, açougues, supermerca­dos, curtumes, granjas e fabricante­s de ração ani- mal”, diz Raphael Renzzo, gerente de controlado­ria financeira e membro da equipe multidisci­plinar.

Em 2017, a Barra Mansa abateu 226 mil bovinos, provenient­es de um raio de até 350 quilômetro­s da sua sede. O desmonte do gado gerou 64 mil toneladas de produtos, parte delas destinada ao mercado externo. “Exportamos 12 mil toneladas de carnes e de subproduto­s para 23 países”, afirma Renzzo, lembrando que a emprsa teve ótimos resultados. A receita líquida foi de R$ 143 milhões, 16,6% do total faturado. Já a participaç­ão dos subproduto­s foi de R$ 102 milhões, 11,8% do total. Para países como Egito, Rússia e Ucrânia, saíram de contrafilé e alcatra a tripas salgadas. Para alavancar ainda mais esse mercado, a Barra Mansa já definiu uma estratégia. A partir de 2019 entra em seu calendário a participaç­ão em feiras internacio­nais, como a de Paris e a de Dubai, dois dos maiores eventos do setor de alimentos do mundo. Ao que tudo indica, 2019 será um ano de carne forte.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil