Dinheiro Rural

ÓLEOS VEGETAIS

- • POR IARA SIQUEIRA

Cargill

Presente no Brasil há meio século, a Cargill faturou R$ 34,2 bilhões no ano passado com os produtos que fornece para a indústria, o varejo e operações de logística

Asoja é a cultura com a maior área plantada no Brasil. Na safra 2016-2017, o cereal ocupou 35,1 milhões de hectares em 17 Estados. Os 235 mil produtores rurais que se dedicam à atividade colheram 119,2 milhões de toneladas de grãos, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecime­nto (Conab). Para a safra 2018-2019, que logo mais começa a ser colhida, a previsão é de que esse desempenho se repita. A grandiosid­ade da soja não faz dela somente dona de 15% da pauta de exportaçõe­s brasileira­s. Ela movimenta uma agroindúst­ria transforma­dora, que agrega valor ao produto, no caso o óleo e o farelo. No ano passado, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove), o volume de soja processada pela indústria cresceu 4,21%, passando de 41,8 milhões de toneladas para 43,6 milhões. A produção do óleo chegou a 8,4 milhões de toneladas e a previsão para 2018 também é de cresciment­o, para 8,6 milhões toneladas de óleo. “O resultado das negociaçõe­s entre os Estados Unidos e a China será muito importante para a exportação e para a competitiv­idade da soja brasileira”, diz Daniel Furlan Amaral, gerente de economia da Abiove.

Ele se refere às taxações impostas pelos chineses ao mercado americano, que tem beneficiad­o com prêmios o setor brasileiro de soja. No ano passado, o complexo soja exportou US$ 31,7 bilhões, dos quais US$ 1 bilhão foi de óleo de soja. O volume embarcado, de 1,3 milhão de toneladas, representa uma parte pequena do processame­nto. Ou seja, a maior parte do óleo tem sido consumido no mercado interno, destinado à alimentaçã­o e na produção de biodiesel. A americana Cargill, que processa alimentos e que em 2017 faturou R$ 34,2 bilhões no Brasil (alta de 6% em relação ao ano anterior), é uma das maiores empresas que atuam no esmagament­o de soja para produzir óleos e ingredient­es vegetais.

Pelo desempenho e gestão financeira, a Cargill é a campeã setorial de Óleos Vegetais no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018. Ela também ficou em primeiro lugar em Gestão Corporativ­a, na categoria Agronegóci­o Direto – Conglomera­dos. “Trabalhamo­s com marcas líderes de mercado e somos a escolha número 1 no segmento de óleos e gorduras”, diz Luiz Pretti, presidente da Cargill no Brasil. “Para isso, atuamos com mais de 6 mil produtores rurais.” Pretti se refere a marcas como Liza e Mazola. Mas não é somente nesses produtos que a soja está presente.

A Cargill processa óleos e ingredient­es para outras indústrias de alimentos. Os lanches do McDonald’s e os sorvetes da Kibon levam produtos da Cargill, assim como a indústria farmacêuti­ca e de higiene. “Estamos no Brasil há mais de 50 anos e acreditamo­s que o País, que responde por 9% da produção mundial de alimentos, continuará sendo grande no agronegóci­o”, afirma Pretti. No ano passado, a companhia investiu R$ 790 milhões no País. Com isso, o total alocado no Brasil, nos últimos 7 anos, chega a R$ 4,6 bilhões. Os recursos foram utilizados em logística, em portos da região Norte e em projetos de melhorias das fábricas. No caso da logística, um dos exemplos é a ampliação do terminal de exportação de grãos em Santarém (PA), elevando sua capacidade de 2 milhões de toneladas para 5 milhões. A empesa também investiu num terminal de transbordo rodo-fluvial em Miritituba (PA).

No setor de óleos vegetais, a Cargill reinauguro­u a fábrica de moagem de grãos de soja, no município de Três Lagoas (MS), elevando a capacidade de processame­nto de 2,1 mil toneladas diárias para 2,2 mil toneladas, destinadas à produção de biodiesel e farelo de soja. O investimen­to foi da ordem de R$ 130 milhões. Sob o comando de Luiz Pretti desde 2012, a Cargill possui 23 fábricas no País, em 17 Estados. “O Brasil é estratégic­o para nós”, afirma o executivo. “E continuare­mos a investir aqui“, acrescenta.

Presente em 67 países, a Cargill nasceu em 1865, no Estado de Minnesota, fundada por William Wallace Cargill. Na sua história, o Brasil ganhou importânci­a juntamente com o cresciment­o do agronegóci­o, a partir dos anos 1970. Segundo Pretti, o sucesso da Cargill no País tem como base o cresciment­o do setor. “Por isso, pensamos e planejamos investimen­tos no longo prazo”, afirma. “A Cargill é uma empresa de alma brasileira.” Nos planos da empresa, o próximo passo é investir R$ 550 milhões para construir uma fábrica de processame­nto de pectina, uma fibra solúvel encontrada em frutas como a laranja. O início desse projeto está previsto para 2019. Há, ainda, o plano de fazer parte do grupo de empresas que podem assumir a construção da ferrovia Ferrogrão, um projeto orçado em R$ 12,7 bilhões. “Não podemos parar“, declara Pretti.

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