O ADEUS AO PRIMEIRO MINISTRO
Com apenas 49 dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro sofreu a sua primeira baixa. A demissão de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência pode atrasar a aprovação da reforma. Não pela simples substituição do ministro pelo general da reserva Floriano Peixoto, mas pela forma como Bebianno foi fritado nas redes sociais. No mesmo dia da exoneração, foram divulgados os áudios das conversas por WhatsApp entre o exministro e o presidente, com detalhes de assuntos internos do governo.
A confusão começou após a revelação de um esquema de candidaturas laranjas no PSL, enquanto Bebianno era presidente interino do partido. Bolsonaro declarou ter dado sinal verde para as investigações. Bebianno também correu para a imprensa: disse que a situação era de tranquilidade e que havia conversado por três vezes com o presidente. Foi chamado de mentiroso pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC- RJ) e pelo próprio presidente. Os áudios, no entanto, revelaram que Bebianno havia trocado mensagens com Bolsonaro.
O risco é de que o episódio fragilize a coesão da base aliada. O fracasso do governo Michel Temer em aprovar a reforma é atribuído em boa parte ao escândalo do JBS. Segundo Vitor Hugo (PSL- GO), líder do governo no Câmara, a relação com o Congresso está preservada. Os parlamentares deram um recado diferente. No dia do vazamento dos áudios, eles impuseram a primeira derrota do governo ao derrubar o decreto presidencial que alterou as regras da Lei de Acesso à Informação. Neste mar de incertezas políticas, o que se sabe até agora é que não há articulação política ou qualquer habilidade de comunicação no governo. O ambiente no Congresso é péssimo.