“Governar não é fechar a torneira”
Paulo Rabello de Castro, formado em Chicago, foi presidente do BNDES e presidenciável em 2018
Há alguma causa mais estrutural da fraqueza econômica?
O diagnóstico fiscal que prevalece há anos, de desequilíbrio grave nas contas públicas, continua válido. O Brasil há mais de meio século é tocado por uma conjunção de investimentos privados, puxados por investimentos públicos, com uma quantidade não desprezível de crédito público. O que houve de piora em acréscimo nesta administração foi o completo desprezo pela parcela pública do crédito.
Deveria haver um destravamento do crédito público?
Não tenho a menor dúvida. Hoje, a operação da Caixa desapareceu do mercado.
Esse não é um modelo que deu errado no passado?
O crédito não depende de qual é a fonte para que cumpra seu papel. Quando o nível cai, de uma tacada só, seis ou sete pontos percentuais, não é preciso ser gênio da economia para perceber que houve diminuição do oxigênio. A demonização do crédito público é um desserviço.
Para a equipe econômica, o mercado deveria compensar essa queda...
Eu sou liberal. Governar não é fechar a torneira. Onde eles tinham de fechar é na despesa obrigatória. O conceito liberal funciona dentro de um regime concorrencial com perfeita informação. Acontece que isso é um organismo vivo com décadas de distorção.