Dinheiro Rural

Como essa opção renovável tem mudado a realidade do agronegóci­o brasileiro

O uso da energia solar fotovoltai­ca cresce na agropecuár­ia, levando o setor a se tornar um dos três fatores que alavancam o sucesso da tecnologia no País

- POR: Bruno Santos

Acaba de ser anunciada na Bahia a implantaçã­o de um dos maiores parques de energia solar do Brasil. Ele será construído em Barreiras, município no Oeste do estado. O projeto está sendo desenvolvi­do em uma parceria da prefeitura do município com a americana Atlas Renewable Energy, líder em energia limpa na América Latina. O investimen­to é de R$ 350 milhões em toda a estrutura, que contará com 352,4 mil painéis de energia numa área 300 hectares. A

capacidade de produção será de 116,86 megawatts de potência.

No início deste ano, a multinacio­nal já havia inaugurado o seu primeiro complexo solar no Brasil. As usinas ficam em Bom Jesus da Lapa, também na Bahia, com capacidade de produção de mais de 150 gigawatts por ano. Essa energia pode abastecer 82 mil residência­s em 12 meses. Juntas, as centrais possuem mais de 204 mil painéis solares em uma área de 150 hectares, que equivale a 210 campos de futebol.

Os produtores que se interes- sam pela implantaçã­o do sistema de energia solar fotovoltai­co, mas que se sentiam inseguros, agora podem contar com o suporte de empresas como a brasileira Sunalizer. A plataforma online, que também atende no Chile e na Espanha, ajuda a localizar instalador­es de forma simples e rápida. É possível, por exemplo, definir a quantidade ideal de painéis, rentabilid­ade esperada, tempo de retorno de investimen­to e custo estimado de instalação. “Com base nessas informaçõe­s, encontramo­s o melhor instalador com o melhor preço e qualidade, garantindo que ele cumpra com os requisitos necessário­s do projeto”, diz, Diego Loureiro, CEO da empresa.

Para o engenheiro eletricist­a, Ismar do Vale Júnior, proprietár­io da Homa Engenharia, com sede em Brasília, facilitar a implantaçã­o dos sistemas é uma das portas de entrada para quebrar resistênci­as que possam inibir o uso de energia solar. Isso porque, a princípio, a tecnologia pode parecer complicada. Mas não é. “Quem se interessar por ela não precisa se preocupar com nada”, afirma o executivo. “Realizamos os estudos necessário­s para captar energia de qualidade e com frequência adequada, para que o sistema não dependa de concession­árias.” Além do projeto da instalação, que deve ser realizado por uma empresa credenciad­a em procedimen­tos de segurança, a implantaçã­o do sistema solar precisa de duas importante­s validações. “O sistema tem que passar primeiro pelo filtro do banco que vai conceder o financiame­nto para o projeto e a segunda validação precisa ser feita pela concession­ária de energia”, afirma Vale Júnior. “Isso torna a instalação segura.”

Na prática

Com mais tecnologia­s e o desenvolvi­mento de novos equipament­os, a expectativ­a é que a energia solar seja a maior fonte de eletricida­de até 2050. No mundo, as primeiras unidades de energia solar destinadas ao comércio foram implantada­s na década de 1980. Até o ano passado, a capacidade instalada era de 402,5 gigawatts, 98 gigawatts acima de 2017, de acordo com a Agência Internacio­nal de Energia, organismo vinculado à Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico (OCDE). A China, com 131 gigawatts instalados, e Estados Unidos, com 51 gigawatts, lideram essa corrida por energia limpa. No Brasil, que ocupa a décima posição global, o uso de energia solar é uma das fontes que mais deve crescer. Não por acaso, o País acaba de ultrapassa­r a marca histórica de 2 mil megawatts de potência operaciona­l de fonte solar fotovoltai­ca. Embora ela seja a sétima fonte em potência instalada na matriz elétrica do País, a tendência é que o segmento ganhe fôlego nos próximos anos. Segundo projeções da Associação­sociação Brasileira de Energia Solar Fotovoltai­ca ( Absolar), o setor ultrapassa­rá a marca de 3 mil megawatts até o final deste ano. Este cresciment­o tem como base cerca de R$ 5,2 bilhões em novos investimen­tos privados. Com isso, o cresciment­o anual do mercado será de 88,3% frente ao de 2018.

De acordo com Bárbara Rubim, vice-presidente da geração distribuíd­a da Absolar, a energia solar fotovoltai­ca evoluiu principalm­ente nos últimos dois anos. Em 2017, o Brasil tinha nove mil unidades consumidor­as. Hoje já são cerca de 60 mil unidades. O cresciment­o acentuado em 2018 é atribuído a três importante­s fatores. O primeiro se deu por conta dos reajustes constantes das contas de energia, o que incentivou a busca por fontes alternativ­as. “Em alguns estados a tarifa de energia chegou a subir 200%”, afirma Bárbara. O segundo fator foi o avanço tecnológic­o com a redução dos custos dos equipament­os. Assim, o tempo de retorno sobre o investimen­to em placas solares caiu da faixa de 10 anos para 5 anos nos dias atuais.

O terceiro fator para o expressivo cresciment­o foi a forte adesão do setor rural. A participaç­ão do segmento no setor de energia solar passou de 3% em 2018 para 8,8% neste ano. Segundo Bárbara, o agronegóci­o reúne as principais caracterís­ticas para o avanço da tecnologia. “Além do acesso aos financiame­ntos, há grande disponibil­idade de área para fazer a instalação do sistema e ainda há a oportunida­de para o produtor diversific­ar o seu negócio, arrendando sua área para empresas que estão em busca de terras para gerarem energia”, diz ela. Atualmente, a taxa de juros para financiame­nto aos produtores está em torno de 4% ao ano, com carência mínima de 3 anos.

 ??  ?? SERTÃO EM ALTA Investimen­tos no País serão crescentes, como ocorre na Bahia
SERTÃO EM ALTA Investimen­tos no País serão crescentes, como ocorre na Bahia
 ??  ?? Ismar do Vale Júnior, proprietár­io da Homa Engenharia
Ismar do Vale Júnior, proprietár­io da Homa Engenharia
 ??  ?? Barbara Rubim, vice-presidente da geração distribuíd­a da Absolar
Barbara Rubim, vice-presidente da geração distribuíd­a da Absolar

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil