CELESTINO ZANELLA, presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba)
Filho e neto de produtores, o administrador catarinense, Celestino Zanella, 59 anos, que se mudou para a Bahia em 2003, tem uma agenda corrida. Desde 2017, ele divide sua rotina entre a fazenda comprada na região Oeste e a presidência da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). Mas ele não é um novato à frente de uma entidade. No Paraná já era um adepto do associativismo. Na Bahia já foi vice-presidente na gestão anterior da Aiba e presidiu, também, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão. No mês passado, Zanella esteve à frente da mais importante mostra agropecuária da região, a Bahia Farm Show, evento que movimenta cerca de R$ 2 bilhões por edição. Confira a entrevista concedida à DINHEIRO RURAL:
Qual a grande oportunidade para a agricultura do Cerrado baiano?
Há três décadas, o Cerrado era considerado terra improdutiva. Até que os pioneiros que chegaram à região viram o seu potencial agrícola. Com muito investimento e trabalho transformaram o Cerrado baiano. Hoje, a região dispõe de uma agricultura totalmente tecnificada e de precisão. O nosso grande desafio tem sido produzir cada vez mais, utilizando menos recursos naturais. Para tanto, temos investido em pesquisas e estudos científicos que nos respaldem a continuar produzindo com sustentabilidade.
Como o sr. analisa a distribuição de culturas na região?
A soja ainda é o carro chefe, mas teve a sua área reduzida de 1,6 milhão de hectare para 1,58 milhão, dando lugar ao algodão. A fibra saltou de 263 mil hectares para 333 mil nesta safra. Em terceiro lugar vem o milho, com 150 mil hectares plantados. Outras culturas, como feijão, café e frutas, ocupam o restante da área cultivada, totalizando exatos 2.446.600 hectares no Oeste da Bahia.
A Aiba tem algum papel na esfera política do País?
Hoje, a Aiba tem representatividade em órgãos das três esferas do governo, com cadeiras em comitês e câmaras setoriais. Nosso maior desafio continua sendo pautar esses órgãos com discussões imparciais, acerca dos temas relacionados com o agronegócio. Muitas vezes, o setor é mal compreendido e vilanizado, mas é ele que cumpre a importante tarefa que vai garantir três refeições à população mundial.
Onde estão os resultados práticos dessa representatividade?
Estreitar laços serve para ampliarmos as parcerias que resultam em benefícios aos produtores rurais e toda população da região. Um exemplo é o caso da recuperação de estradas, a construção de pontes e a revitalização de nascentes de rios.
Quais as suas aspirações à frente da entidade?
Nós, da diretoria, sempre defendemos o associativismo. Então, a nossa meta é fortalecer a Aiba junto com seus associados. Temos lutado para trazer mais produtores rurais à entidade, por entendermos que juntos somos mais fortes. Mas a Aiba é uma entidade consolidada, existe há quase 29 anos e já tem história. A nossa contribuição é dar continuidade aos trabalhos que já vêm sendo realizados nas diferentes áreas.
Como a Bahia Farm Show se tornou o principal evento do Oeste da Bahia?
Diferente de outros eventos do setor, a Bahia Farm Show é uma feira exclusivamente para fazer negócios. Se compararmos com outros eventos, temos um público relativamente pequeno, mas se analisarmos o volume de negócio, organizamos a feira agrícola que mais vende por número de visitantes no País. Esse é o grande diferencial: as pessoas estão na feira para comprar.