O governo federal anuncia reajuste de 171,3% de subvenção para a safra 2019/2020
O presidente Bolsonaro atende a uma das principais demandas do agronegócio e potencializa a contratação de apólices para a safra 2019/2020
Um dos principais apoiadores de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, o Agronegócio foi agraciado pelo presidente da República. Bolsonaro aproveitou a visibilidade da Agrishow, a maior feira do segmento agrícola da América Latina, realizada em Ribeirão Preto (SP), no final de abril, e anunciou um aumento de 171,3% no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Com isso, o valor da subvenção para a safra 2019/2020 saltou de R$ 368,5 milhões para R$ 1 bilhão. O aumento era um pleito antigo dos produtores rurais, que enfrentaram grandes dificuldades nos últimos anos, em decorrência de oscilações climáticas.
O novo valor do subsídio estatal tem o potencial de elevar o número de apólices para 170 mil, quase o triplo dos contratos atuais (cerca de 60 mil), segundo o vice-presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Daniel Nascimento. “Já existe um mercado em que nem todos os produtores que contratam a apólice têm acesso à subvenção”, afirma Nascimento. “As perdas regionais nas lavouras vêm fomentando muito a contratação de seguros.” A subvenção atingiu o maior valor da história do seguro rural em 2014, com quase R$ 690 milhões. O montante representou um expressivo crescimento de 2.122% sobre os R$ 31 milhões no ano em que o programa foi criado, em 2006. No entanto, entre 2014 e o ano passado, os recursos caíram 46,5%. Com uma quantia menor de dinheiro público, houve uma redução de 42,3% entre os produtores com propriedades asseguradas, para 42,3 mil, e queda de 46% no número de apólices.
O novo patamar do seguro rural tem feito as seguradoras e bancos ampliarem a oferta de culturas. Até o ano passado, a japonesa Tokio Marine atuava apenas com os principais cultivos de grãos, como soja, milho e trigo – juntas, elas respondem por 68% do Programa. A partir deste ano, a empresa resolveu ampliar o seu portfólio para 70 culturas, como grãos de inverno, a exemplo de aveia, cevada, centeio e sorgo; outros grãos de verão, como arroz e feijão; frutas e hortaliças; além de cana-deaçúcar, café, algodão, entre outras. “As produções agrícolas são regionalizadas. Então, buscamos ampliar o número de culturas justamente para aumentar a abrangência no segmento”, afirma Joaquim Neto, gerente de Produtos Agro Safra da Tokio Marine. Para ele, o seguro se torna ainda mais importante para os produtores, por causa de investimentos em tecnologia e na profissionalização das lavouras.
Além do anúncio do reajuste no PSR, o fato da taxa básica de juros, a Selic, estar em 6,5% ao ano – o menor patamar da história – torna mais barato o crédito aos produtores e estimula a concorrência entre as instituições privadas por clientes. “Não vejo a necessidade de um grande esforço para financiar a safra, dado que os bancos privados estão com apetite para o setor”, afirma Carlos Aguiar,
diretor de Agronegócios do Santander. Desde 2015, o banco dobrou a sua participação no financiamento do agronegócio no País e cresce entre 30% a 40% ao ano.
MOTOR DA ECONOMIA Fruto da parceria entre a espanhola Mapfre e a BB Seguros, a BrasilSeg lidera o segmento de seguro rural no Brasil, com participação em 18 culturas e 57% de divisão de mercado. Paulo Hora, superintendente técnico de Seguros Rurais da BrasilSeg, avalia que há a compreensão no governo de que o agronegócio, principal motor da economia brasileira nos últimos anos, precisa de respaldo. “O reajuste na subvenção é uma sinalização muito positiva do governo para o setor em entender a necessidade de fortalecer a mitigação de risco na agricultura”, destaca Hora. Para esta safra, a companhia espera crescer entre 30% a 50%. “Existe uma tendência de expansão não só em regiões, mas também no tamanho das propriedades.” Mesmo empresas que atuam foram do âmbito do mercado segurador perceberam a maior demanda dos produtores em proteger as lavouras. A alemã Bayer, maior companhia do mundo no segmento de defensivos, passou a oferecer, em janeiro, o seguro rural. Em parceria com a seguradora Fairfax, a empresa disponibiliza a cobertura para as culturas de milho verão e inverno, além de soja, por meio da sua rede de fidelidade Agroservices, em troca de pontos obtidos na compra de produtos. “O seguro é um fator de maturidade. Não adianta investir na propriedade, se não tiver a sustentabilidade desses recursos”, afirma Thiago Junqueira, gerente de Estratégia e Engajamento da Bayer. “O subsídio não deve servir como uma solução eterna, mas deve amparar uma mudança de comportamento.”
“Não vejo a necessidade de um grande esforço para financiar a safra. Os bancos privados estão com apetite para o setor” Carlos Aguiar, diretor de Agronegócios do Santander
“Buscamos ampliar o número de culturas, justamente para aumentar a abrangência no segmento” Daniel Nascimento, gerente de Produtos Agro Safra da Tokio Marine