Dinheiro Rural

ELAS NO COMANDO

No Congresso Nacional das Mulheres do Agronegóci­o, a mentoria surge como mais uma oportunida­de de qualificaç­ão

- VERA ONDEI

Nos melhores manuais de administra­ção, o termo “mentoria” não é novo. Mas agora ele vem em uma outra roupagem, embalado pela agilidade de eventos especializ­ados e pelas conexões sociais em rede. Traduzindo, um profission­al que “pode servir a alguém de guia, sábio e experiente conselheir­o”, de acordo com os dicionário­s, está mais acessível. É isso que vai ocorrer no próximo Congresso Nacional das Mulheres do Agronegóci­o, marcado para os dias 8 e 9 de outubro, em São Paulo. Com o tema “Ação Global: Integração de Redes”, esta será a quarta edição do evento que em 2018 reuniu 1,7 mil mulheres. “A mentoria é uma novidade”, diz Renata Camargo, executiva do Transaméri­ca Expo, empresa que criou o congresso e onde ele acontece. “A ideia não é apenas levar conhecimen­to e provocar discussões, mas participar das transforma­ções do campo.” O evento vai na linha de pensadores como o psicólogo Steven Pinker, professor da universida­de de Harvard, nos Estados Unidos. Ele afirma que a “igualdade e a autonomia para as mulheres mudam o mundo para melhor”.

No caso do congresso brasileiro, os organizado­res estão criando o movimento “Minha voz no Agro”. Mulheres na gestão do negócio, em fazendas e empresas, e em suas diferentes fases, estão relatando as suas histórias profission­ais em um canal on line. As inscrições ficarão abertas até o dia 1º de setembro (confira em mulheresdo­agro.com.br). A partir daí, casos que podem servir de exemplo serão seleciona

dos e terão aconselham­ento de nomes como Glaucimar Peticov, diretora executiva de recursos humanos do Banco Bradesco, e Roberto Rodrigues, coordenado­r do Centro de Agronegóci­o da Fundação Getúlio Vargas, entre outros nomes fortes do setor.

Mas mentoria não pode ser confundida com outros termos correntes no mundo corporativ­o, como consultori­a (serviço focado em diagnóstic­os e processos) ou coach (do inglês, profission­al que atua no desenvolvi­mento de habilidade­s). “A ideia é que os mentores inspirem mudanças e que ajudem essas mulheres a melhorar suas performanc­es”, afirma Alexandre Marcílio, diretor geral do Transaméri­ca ExpoCenter. De acordo com Renata, das mulheres que se inscrevere­m no projeto, 15 serão escolhidas para subirem ao palco do congresso. “Elas vão falar sobre suas experiênci­as, suas dores e obstáculos”, afirma. “Começa por aí Minha voz no Agro.”

Nesse sentido, há um caminho longo a percorrer. Embora a presença de mulheres no comando de propriedad­es tenha crescido, de cada 10 chefes em fazendas apenas 2 cargos são exercidos por elas, segundo o Censo Agropecuár­io 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE). Entre os profission­ais que trabalham diretament­e no campo, dos cerca de 15 milhões apenas 19% são mulheres. Em relação à presença delas nas empresas do setor, como a agroindúst­ria e os insumos, ainda não há nenhuma pesquisa sobre o lugar que ocupam.

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RENATA CAMARGO “A ideia não é apenas provocar discussões, mas participar das transforma­ções do campo”

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