Dinheiro Rural

Parceria com os Estados Unidos vai integrar e impulsiona­r o setor produtivo brasileiro

-

Os primeiros efeitos concretos da visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, realizada em março, já começam a aparecer. Em maio, na reunião da Organizaçã­o para a Cooperação e o Desenvolvi­mento Econômico (OCDE), os Estados Unidos declararam formalment­e seu apoio à entrada do Brasil na entidade. Esse era um dos compromiss­os anunciados no encontro entre os dois presidente­s. Para o Brasil, entrar na OCDE significa conquistar um “selo” de qualidade. Os elevados padrões econômicos e de políticas públicas da organizaçã­o vão estimular a realização de reformas internas, além de aumentar a credibilid­ade externa e reduzir o risco país. Além disso, permitirá ao Brasil participar diretament­e da elaboração de recomendaç­ões sobre as melhores práticas internacio­nais em áreas que vão de comércio e agricultur­a a meio ambiente e educação. Tudo isso contribuir­á para atrair novos investimen­tos estrangeir­os e para aprofundar a integração do Brasil com o mundo.

Esse é só um exemplo do que podemos ganhar com uma parceira mais próxima com os Estados Unidos. O país não pode perder um momento tão favorável de aproximaçã­o bilateral. A economia brasileira tem muito a ganhar ao se inserir a uma cadeia produtiva, sofisticad­a e de alto valor agregado, como é a americana. De aviões a máquinas, os Estados Unidos são o nosso maior comprador de produtos manufatura­dos e de serviços e podemos aumentar ainda mais a competitiv­idade de nossas empresas se criarmos uma integração comercial mais efetiva.

Isso não significa privilegia­r países em detrimento de outros. Trata-se de adotar estratégia­s distintas e complement­ares, buscando explorar da melhor maneira as oportunida­des que existem no mercado mundial. Temos grandes e importante­s parceiros comerciais. A diversific­ação de destinos e origens de comércio e investimen­tos é fundamenta­l. A

China, por exemplo, é o principal comprador de nossas commoditie­s como soja, milho e minério de ferro, bem como um investidor crescente na economia brasileira.

Mas, no caso dos Estados Unidos, as empresas americanas investiram US$ 3,6 bilhões em companhias brasileira­s, no ano passado. O montante significa um quarto do total de investimen­tos no País. Ao todo, essas companhias geraram US$ 37,2 bilhões em valor agregado ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e criaram cerca de 600 mil empregos por aqui. Em contrapart­ida, os investimen­tos brasileiro­s nos Estados Unidos vêm crescendo ano após ano. Entre 2008 e 2017, o estoque de investimen­tos nacionais naquele país aumentou quase cinco vezes, alcançando US$ 42,8 bilhões. Comparado à China, Índia, Rússia e México, o Brasil é o segundo país emergente que mais gera empregos nos Estados Unidos.

Hoje, o mercado americano oferece diversas oportunida­des de valor agregado para as empresas brasileira­s. Em uma pesquisa nacional, realizada pela Amchan Brasil com 252 presidente­s e diretores de empresas associadas ao organismo, um dia antes da visita do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos, os executivos respondera­m que as áreas que mais gostariam de investir são commoditie­s, serviços e bens de consumo. Em contrapart­ida, o mercado brasileiro tem as melhores oportunida­des em infraestru­tura, tecnologia da informação, commoditie­s, aviação e aeroespaci­al.

O encontro entre os dois presidente­s inaugurou um novo momento na relação bilateral, com maior convergênc­ia política e com resultados importante­s. Agora, o principal desafio é fazer com que esse novo patamar de relacionam­ento se traduza em avanços concretos e ambiciosos, do ponto de vista comercial e de investimen­tos entre os dois países. Temos grandes cadeias produtivas, pessoas qualificad­as e potencial para aumentar o protagonis­mo do Brasil no comércio internacio­nal. A maior aproximaçã­o com os Estados Unidos traria benefícios e um impulso ao desenvolvi­mento econômico e social de ambos os países. Teremos condições de chegar lá, com esforço coordenado entre o setor privado e o governo.

“A economia brasileira tem muito a ganhar ao se inserir a uma cadeia produtiva, sofisticad­a e de alto valor agregado” LUIZ PRETTI, CEO da Cargill Brasil e presidente do Conselho de Administra­ção da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos

 ??  ?? DISCURSO AFINADO Na Casa Branca, o presidente Donald Trump tem recebido com frequência produtores rurais. Com o Brasil, ele já afirmou que deseja uma aproximaçã­o
DISCURSO AFINADO Na Casa Branca, o presidente Donald Trump tem recebido com frequência produtores rurais. Com o Brasil, ele já afirmou que deseja uma aproximaçã­o
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil