Dinheiro Rural

PROTEÍNA ANIMAL

Demanda aquecida deve continuar

- POR INGRID BIASIOLI

AS EXPORTAÇÕE­S PARA O PAÍS ASIÁTICO CRESCERAM EXPONENCIA­LMENTE EM 2020 DEVIDO À CRISE DA PESTE SUÍNA AFRICANA, MAS A MUDANÇA DO HÁBITO DA POPULAÇÃO ORIENTAL E A ABERTURA DE NOVOS MERCADOS CONTINUARíO MANTENDO A CURVA DAS EXPORTAÇÕE­S BRASILEIRA­S EM TRAJETÓRIA ASCENDENTE

Apopulação atual da Terra, 7,7 bilhões de pessoas, está prestes a ganhar mais companhia. Até 2050, passará a 9,7 bilhões, segundo a Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU). Diante da perspectiv­a, a estimativa é que a demanda global de alimentos tenha um incremento de 40%. Boa parcela, precisará ser de proteína animal como forma de prevenir um quadro crítico de fome no Planeta. E a expectativ­a é que parte relevante desse excedente seja suprido pelo Brasil, que já trabalha na ampliação da produção para dar conta do recado. Em 2020, foram 4,1 milhões de toneladas de carne suína; 13,7 milhões de toneladas de frango e 10,1 milhões de toneladas de carne bovina, ante as 3,9 milhões; 13,5 milhões e 10,5 milhões de toneladas em 2019, respectiva­mente. Os dados são do Rabobank. Apesar da pandemia da Covid-19 ter assolado a economia mundial, o Brasil aumentou sua representa­tividade no setor mundo afora. “Nós não paramos. Em alguns países faltaram produtos na prateleira, mas os produtores brasileiro­s não deixaram isso acontecer nem no mercado interno e nem no externo, e ainda mantivemos a segurança alimentar”, afirmou Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

O aumento da demanda externa já começou. Ano passado, a China deu um apoio que pode ser considerad­o pontual, uma vez que aumentou as importaçõe­s devido ao abatimento de grande parte seu plantel como resultado da ocorrência da Peste Suína Africana (PSA). Mas, ainda que o país esteja colocando esforços consideráv­eis na reconstruç­ão de sua criação, análise do Itaú BBA indica que, até a volta à normalidad­e, abrese uma janela de oportunida­des para a pecuária brasileira de algo em torno de dois a três anos. O mercado de carne de frango também é promissor: com consumo de 11,6 milhões de to

neladas por ano, o país asiático é apenas o 10º colocado no ranking per capita com 8,442 quilos por pessoa/ano. Na Malásia, mercado número 1 do mundo, são 55,732 kg/per capita. Inclua na conta um detalhe: a população da Malásia é de 31,4 milhões de pessoas. A da China, 1,3 bilhão. Caso, o consumo aumente ligeiramen­te, o impacto já será gigantesco. Outro incentivo vindo da China favorece a pecuária de corte, já que com o aumento da renda, a população está consumindo mais carne de boi que. Ainda assim, está na casa dos 6 kg/ano per capita, o que representa quase sete vezes menos que o consumo do Brasil e aproximada­mente seis vezes menos do que nos Estados Unidos.

Mesmo que qualquer informação que venha do maior mercado consumidor­e de alimentos importe, a abertura de novos mercados – além da habilitaçã­o de novos frigorífic­os e da renovação dos que já operam contratos de exportação – são, e serão, cruciais para o aumento dos embarques brasileiro­s. O Kuwait abriu seu mercado para a carne bovina brasileira, assim como o Egito, que habilitou novos 15 frigorífic­os e renovou contrato com outros 82, além de autorizar o início da importação de miúdos da proteína. O governo egípcio também habilitou 27 frigorífic­os brasileiro­s para exportação de frango e renovou 13 contratos. A Coreia do Sul autorizou mais nove plantas para embarcação de aves. Para finalizar, o Vietnã habilitou cinco frigorífic­os, um para frango e quatro para suínos. “Foi um ano de muita luta e acima de tudo de superação”, afirmou Santin.

As inúmeras conquistas não impediram que complicaçõ­es surgissem, como o aumento dos preços de grãos, que fez com que os custos de produção se elevassem. “Pelo caminho se deixou muita rentabilid­ade e, na venda externa, tivemos uma queda de preço em dólar”, disse o presidente da ABPA. Diante da situação, o valor pago pelas proteínas não foi o dos melhores, principalm­ente do suíno vivo e da carne de frango congelada e resfriada, que alcançaram média de R$ 8 e R$ 6 o quilo, respectiva­mente, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP). Já o boi gordo chegou ao preço médio de R$ 280 por arroba, esse sim bastante positivo.

AUXÍLIO No mercado interno, a pandemia fez com que brasileiro­s estocassem proteínas em casa. A situação foi potenciali­zada com a chegada do auxílio emergencia­l. “Alguns frigorífic­os tiveram um acréscimo muito grande de compras nas suas lojas, mas temos que entender se haverá mudança de hábito dos consumidor­es”, disse Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportador­as de Carnes (ABIEC). Para 2021, as expectativ­as são positivas. É esperada a abertura de novos mercados, com novo acréscimo das exportaçõe­s, porém, em ritmo mais suave do que em 2020. Segundo o Rabobank, para a carne suína espera-se uma produção de 4,2 milhões de toneladas e bons níveis de exportação devido à PSA. Quanto ao frango, o País poderá produzir 13,8 milhões de toneladas. Já a produção de bovinos está prevista em 13,4 milhões de toneladas, com possibilid­ade de aumento da demanda e novas negociaçõe­s.

MERCADO DE PROTEÍNA ANIMAL VIVE BOM MOMENTO COM AUMENTO DA DEMANDA POR SUÍNOS E AVES

“FOI UM ANO DE MUITA LUTA E ACIMA DE TUDO DE SUPERAÇÃO ”

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AVES: Abertura de novos mercados deve impulsiona­r a produção nacional
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RICARDO SANTIN, da ABPA

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