A Religião e seu propósito
No Não há como definir de forma simplificada a dimensão e o significado das religiões. Desde a Pré- História até a atualidade a religião é presente nas sociedades e culturas conforme comprovado nas pinturas das cavernas e nos ritos funerários de nossos distantes ancestrais. As religiões tendem a abranger elementos de cunho espiritual, pessoal e social que visam atender em algum aspecto, as necessidades de busca contínua por uma explicação ou por um objetivo espiritual na vida das pessoas.
Inicialmente a religião tinha como objetivo principal explicar os fenômenos naturais e, ainda, exercer influência sobre eles.
Deuses eram evocados para explicar assuntos como morte, vida após a morte, a criação em si e, principalmente assuntos relacionados ao tempo e às estações do ano.
Nossos ancestrais, portanto, utilizavam a religião, assim como, as rezas e os rituais, como forma de se comunicar com as divindades que acreditavam existir. As religiões reforçaram o senso de identidade coletiva. Posteriormente as religiões ganharam força política e começaram a se desenvolver muito mais.
Incialmente as religiões serviam como forma de organização da vida com seus rituais e serviam ainda, como meio de compreensão de seu lugar, enquanto indivíduo, no mundo.
Desde seu início é possível encontrar indícios de pessoas contrárias à fé ou à religião predominante que foram mortas por não compactuarem com a linha de pensamento do povo maioral. O que podemos ver que até os dias de hoje ainda ocorre.
“Mitologia é o nome que damos às religiões dos outros.” Joseph Campbell
No começo, o ponto forte das religiões, principalmente de tribos e povos isolados, era garantir, por meio do servir aos deuses, uma maior interação, respeito e integração dos seres humanos com a natureza e com o espírito, ou seja, o indivíduo era vinculado ao seu meio.
Com o passar do tempo, as religiões iniciais se desenvolveram e evoluíram, assim como, suas cerimônias e sua devoção, dando espaço às religiões das civilizações antigas e das civilizações clássicas. Elas acabaram sendo adaptadas à realidade da época. Alguns credos foram abandonados, outros foram transformados e novos foram absorvidos.
Aos poucos, as antigas religiões passaram a ser chamadas de mitologias, ou seja, o estudo dos mitos, que são modelos para a conduta humana.
Por mais difícil que seja conseguir precisar o momento do surgimento das religiões, a mais antiga e existente até hoje é o hinduísmo, que possui raízes nas religiões mais tradicionais do subcontinente indiano e descrita nos escritos dos Vedas, do século XIII a. C. Deste mesmo caminho originou- se o jainismo, o budismo e o sikhismo.
As religiões continuaram evoluindo e muitas delas se ramificaram. Algumas utilizam da existência de mais de uma divindade para justificar a criação e manutenção de seu credo, que são as ditas, politeístas, enquanto outras, as mais modernas, utilizam apenas um deus, as monoteístas.
“A religião que um homem terá é um acidente histórico, tanto quanto o idioma que falará.” George Santayana
“Há mais mistérios entre o Céu e a Tera doque sonha a nossa vã filosofia” William Shakespeare
O filósofo britânico Roderick Ninian Smart era especialista em religiões e chamou de “dimensões da religião” a forma como se manifestam as práticas e os credos de uma religião. Ou seja, sua identificação pode ocorrer por meio da observância do credo, como os rituais, o jejum, a vestimenta, as cerimônias, as rezas e as peregrinações, assim como, pelo aspecto subjetivo que envolve os elementos emocionais e místicos ou por meio do aspecto físico, com destaque para as relíquias, artefatos e locais sagrados e de adoração.
Outra característica comum às religiões são as histórias que buscam narrar o início da vida, a criação do homem e de seus semelhantes, assim como, contextualizar a conduta esperada de seus seguidores.
O grupo de autores de “O Livro das Religiões” afirma que toda religião possui um conjunto de textos sagrados que disponibilizam suas ideias centrais e contam toda a história de sua tradição. Textos esses que seus seguidores acreditam que tenham sido repassados diretamente por suas divindades e que são utilizados nos rituais e na educação religiosa.
Dentro das religiões é possível identificarmos, em sua maioria, a ideia de bem e do mal, pois, dentre outras funções, a religião busca também, definir uma questão moral à sociedade. Ainda
que algumas religiões se diferem nessa questão de moralidade, há alguns códigos morais básicos e comuns à quase todas, ou seja, que seriam códigos morais universais. Essa moralidade busca a satisfação do( s) deus( es) que se seguem e não obstante, uma convivência pacífica em sociedade, em muitos casos, com um fundo político.
Continuando no que tange ao propósito das religiões, sua maioria trata de alguma forma, a questão da morte, um grande tabu em muitas sociedades atuais. Enquanto algumas religiões acreditam que após a morte a alma do indivíduo é julgada e em seguida direcionada para o céu ou para o inferno conforme sua atuação terrena, existem religiões como o hinduísmo que acreditam que a alma reencarne após a morte, assumindo, portanto, nova forma física. É exatamente devido a essa crença que muitos seguidores se motivam a obedecer aos ensinamentos básicos, para enfim se libertar do ciclo de morte e renascimento, ou mesmo em atingir a “imortalidade” espiritual.
Infelizmente as religiões não criaram apenas uma coesão histórica e um convívio mais pacífico em sociedade, conforme um de seus objetivos iniciais em que a paz deveria prevalecer e o amor seria o ápice dos seres humanos, mas sim, foram fontes de muitos conflitos e causadoras de muitos genocídios. Em nome de um “bem maior”, muitos homens ditos religiosos e/ ou representantes de religiões foram os líderes de matanças descabidas que, na verdade, contrariam os ensinamentos de suas religiões.
“A liberdade da mente é o início de todas as outras liberdades.” Clinton Lee Scott
Exatamente devido aos pontos negativos que muitas vezes destacam as religiões e seus seguidores diversos pensadores questionaram sua validade e importância e consideraram as religiões como forças negativas no desenvolvimento humano, como no caso das filosofias marxistas- lenistas, dando origem a estados comunistas, ateístas e antirreligiosos.
A crença seguida pelas pessoas sempre foi e sempre será motivo de polêmicas exatamente pelo fato de se tratar de uma opção acreditar ou não no que é ensinado juntamente com seus costumes e meios. Um olhar mais cuidadoso e direcionado faz com que os adeptos de qualquer religião enxerguem em pequenas coisas as manifestações de suas crenças, ou seja, em uma mesma situação, como por exemplo, em um desastre natural, ouviremos sobreviventes de diversas religiões possivelmente creditando sua sobrevivência a uma vontade superior da divindade que rege sua crença. O mundo moderno está repleto de pessoas convivendo em um mesmo espaço físico com diversas religiões distintas e proporciona diversas interpretações, também distintas, sobre um mesmo acontecimento. Uma constante luta em que o conhecimento científico e os fatos constatados, podem bater de frente com o que se acredita ter vivido naquela situação específica e, geralmente, em alguns casos, pode causar um distanciamento entre a ciência e a religião.
Em contrapartida, esse distanciamento do mundo moderno das religiões é exatamente o que atrai um maior número de seguidores a elas, como no caso dos movimentos fundamentalistas judaicos, cristãos e islâmicos, pois rejeitam os “novos” valores que chegam ao lado do mundo moderno.
“Todas as religiões, artes e ciências são ramificações da mesma árvore.” Albert Einstein
Ao se depararem com os problemas e com a falta de empatia vista na atualidade, pessoas do mundo todo se voltam às religiões buscando se reconectarem com o mundo espiritual e atingir um equilíbrio no mundo.
Mais uma vez, esse, possivelmente se torna um dos principais motivos do crescimento no número de adeptos nas religiões predominantes e seu contraponto, possivelmente é o motivo do abandono de muitos seguidores às religiões, buscando em si, ou em outras religiões, um meio de encontrar seu próprio caminho.
Durante os capítulos posteriores ficará claro que os cientistas abordados eram cristãos e ainda assim contribuíram e muito para o desenvolvimento de nosso planeta, de nossa vida, assim como, de nossa compreensão do que exatamente somos e podemos fazer nesse mundo. Muitos tiveram que enfrentar a força da Igreja Católica que era dominante na época em que viveram.
Os autores de “O Livro das Religiões” falam sobre o reino de Deus hoje:
“Ao longo da história, a Igreja cristã chegou a interpretar o “reino de Deus” ou “reino dos céus” como um plano puramente espiritual, sem relação direta com o mundo físico. No início do século XX, todavia, estudiosos do Novo Testamento voltam a abordar o ministério de Jesus no contexto judaico, e desde então a mensagem sobre o reino de Deus tem tido um lugar de destaque na teologia cristã. Com o foco nas circunstâncias inerentes à mensagem original de Jesus, as implicações políticas e econô