A Inquisição. Métodos e consequências
Inquisição: Ato de indagar, investigar ou interrogar judicialmente. É dessa forma ou semelhante que acharemos por definição nos principais dicionários, físicos ou on- line. A Inquisição teve seu início na Idade Média, no século XIII e era comandada pela Igreja Católica Romana. Nela havia tribunais que julgavam os casos relacionados ao que eles consideravam ameaças à doutrina da Igreja. Desde que ao menos duas pessoas denunciassem um terceiro, este era perseguido e julgado, sem direito à saber quem o denunciara, mas poderia fornecer uma lista de possíveis inimigos que seriam supostamente averiguados pelo tribunal medieval. As penas poderiam ser desde uma prisão temporária ou até mesmo prisão perpétua ou a morte na fogueira, em que os condenados eram queimados em praça pública, ainda vivos.
Essa forma de julgamento ganhou força e aos poucos foi se espalhando, principalmente pela Europa, em países como Itália, Espanha, Portugal e França.
Durante esse período as mulheres foral alvos constantes, pois os inquisidores julgavam bruxaria, a cura pelas plantas, erva ou chá. As condenadas receberam, muitas vezes, tratamentos cruéis e violentos.
O movimento continuou se fortalecendo e foi ganhando interesse político.
“Ninguém conhece realmente uma nação até estar atrás das grades. Uma nação não deveria ser julgada pelo modo como trata seus melhores cidadãos, e sim, como trata os piores.” Nelson Mandela
A censura da Igreja começou a se fortalecer e muitos cientistas foram perseguidos, como no caso de Galileu Galilei que escapou por pouco da morte na fogueira e do não tão sortudo cientista, Giordano Bruno que foi condenado à morte pelo tribunal inquisidor. Mas isso, veremos mais adiante.
Para muitas pessoas que tomam conhecimento das práticas de tortura ao longo da inquisição, obviamente parece um extremo abuso de poder por parte dos clérigos envolvidos, contudo, não podemos, em hipótese alguma, nos esquecer dos limites impostos pelo tempo em que eles viveram, essas torturas faziam parte da concepção teológica que certamente eram tomadas como verdade para os inquisidores.
Dentro das possíveis condenações e, dentro dos métodos utilizados para obtenção de uma confissão por parte dos acusados, alguns se destacavam e causavam maior medo nos envolvidos.
“Ame o próximo como a ti mesmo” Jesus Cristo
Uma das torturas mais conhecidas nos porões da inquisição era o “potro”, método em que o réu era deitado em uma cama construída com ripas e tinha seus membros amarrados com cordas apertadas. Com o uso de uma haste de metal ou uma haste de madeira, a corda amarrada era aos poucos enrolada até machucar o acusado. Devido às marcas de cicatrizes e/ ou vergões deixados por esses métodos de tortura, geralmente era utilizado algumas semanas que antecediam o final daquele processo específico.
Outro método de tortura era conhecido como o “pêndulo”, onde o acusado permanecia estático, com os pulsos e com as canelas presos a cordas que eram integradas a um sistema de roldanas. Seu corpo ficava suspenso em uma determinada altura e, então, era solto e em seguida bruscamente segurada, fazendo com que o impacto pudesse destroncar o acusado, ou mesmo, em casos mais graves, aleijando- o. Havia também um método semelhante em que o acusado era amarrado da mesma forma, no entanto, as extremidades do seu corpo eram violentamente esticadas. Esse outro método era conhecido como “polé”.
Ainda que o “potro” e o “pêndulo” fossem agressivos e bastante temidos pelos acusados, creio que o mais temido de todos era a “roda”. Com esse método o acusado ficava com seu corpo atado à parte externa de uma roda que estava posicionada bem abaixo de um braseiro. O acusado que estava sendo torturado sofria com o calor e principalmente com as queimaduras que iam se formando conforme a roda ia sendo deslocada gradativamente na direção do fogo. Havia também uma outra versão da roda, em que o fogo era substituído por ferros pontiagudos que laceravam o acusado.
Além desses métodos de tortura dantescos utilizados, havia mais um método bastante utilizado, conhecido como “tortura d’água”. Neste método de tortura, o acusado era amarrado de barriga para cima em uma mesa estreita ou mesmo em uma espécie de cavalete. Preso de forma a não poder se defender ou nem mesmo se mexer, os inquisidores colocavam na boca do acusado um funil e despejavam muitos litros de água, literalmente dando a sensação de afogamento ao acusado. Em outra versão desse método, um pano encharcado com água era introduzido na garganta do acusado, impedindo- o de respirar normalmente.
Para os dias atuais, sei que esses terrores praticados durante esses métodos de tortura são considerados abomináveis e, de forma alguma, questionaria isso. Contudo, é importante lembrarmos que os valores e a cultura da época permitiam que eles fossem realizados, pois eram vistos como meio de salvação para todo aquele que se desviassem dos dogmas. As sessões eram geralmente acompanhadas por médicos que buscavam garantir que os acusados não viessem a óbito durante o cumprimento das penas que eram dadas.
Já no Brasil, alguns tribunais chegaram a ser instalados, no entanto, não tiveram a mesma força que tiveram na Europa. Alguns casos em nosso país foram julgados contra brasileiros e judeus acusados de heresia no Nordeste do país.
Nesse período histórico que durou até o início do século XIX, milhares de pessoas foram queimadas vivas ou torturadas por acusações, muitas vezes injustas ou infundadas, que de certo nada justificariam essa pena, no entanto, era o que acontecia. Acompanharemos mais adiante como alguns cientistas puderam manter sua crença em Deus, pesquisar suas teorias científicas e ainda assim, permanecerem vivos.