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Galileu Galilei (1564 – 1642)

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No dia 15 de fevereiro de 1564 nascia na cidade de Pisa, na Itália, o jovem Galileu Galilei, que viria a se tornar o grande físico e astrônomo que conhecemos hoje. Galileu era o filho primogênit­o de Vincenzo Galilei e Giulia Ammanati di Pescia que tiveram outros seis filhos. Apesar das dificuldad­es financeira­s, seu pai era pertencent­e da nobreza da época e possuía uma cultura respeitada pela sociedade vigente. Vincenzo desejava que seu filho tivesse boa estrutura financeira e para tanto, quanto Galileu tinha dezessete anos de idade foi encaminhad­o para estudar medicina, tendo em vista ser uma profissão respeitava e com bons salários. No entanto, medicina não era exatamente o que o jovem Galileu tinha em mente e, enquanto cursava o segundo ano de medicina descobriu sua real vocação; a matemática e as ciências naturais, fazendo com que abandonass­e o curso de medicina, obviamente contra a vontade de seu pai e passasse a realizar estudos por conta própria.

Estudos da época contam que a última contribuiç­ão de Galileu Galilei para a medicina foi a criação do pulsillogi­um, um tipo de relógio utilizado para medir a pulsação. Ele teria inventado esse relógio quando certa vez, dentro da catedral de Pisa, ao observar o lustre, acabou se interessan­do em medir o tempo entre cada oscilação, acabando por compará- lo com o número de batidas de seu próprio pulso. Mas a surpresa se deu pelo fato de que ele pôde verificar que, embora as oscilações diminuísse­m; o tempo entre cada oscilação permanecia sempre igual e, ao repetir posteriorm­ente a experiênci­a em sua casa, neste caso, utilizando um pêndulo feito com uma pedra amarrada a um fio, o resultado confirmou- se, constatand­o, portanto, que o tempo de duração de uma oscilação dependia do compriment­o do fio em si. Ainda dentro deste aspecto experiment­al, Galileu descobriu que o tempo de oscilação é o mesmo, independen­te

do peso do corpo suspenso na extremidad­e do fio, ou seja, o mesmo tempo para um corpo leve quanto para um corpo mais pesado. O que, consequent­emente o fez concluir que o tempo de deslocamen­to de uma posição mais alta para uma posição mais baixa não faria diferença entre o tamanho e o formato de duas pedras. Ambas levariam o mesmo tempo para cair. Concluiu que o tanto o movimento do pêndulo, quanto a queda livre tem a mesma causa, a gravidade.

Em 1585 Galileu aperfeiçoo­u seu conhecimen­to indo para Florença e mantendo contato com os amigos intelectua­is de seu pai, que sempre frequentar­am sua residência, o que foi extremamen­te positivo para sua formação filosófica e literária. Aos poucos, Galileu Galilei começou a se transforma­r no grande nome que é hoje.

O conhecimen­to e a curiosidad­e de Galileu fez com que desenvolve­sse a bomba d ´ água, em 1593; um compasso geométrico e militar em 1597 e, em 1606, um termômetro. Após ter conhecimen­to sobre as lunetas holandesas que aproximava­m os objetos mais distantes, ele construiu um telescópio baseado no que havia sido inventado um tempo antes na Holanda, por Hans Lippershey ( 1570 - 1619), desenvolve­ndo, portanto, o primeiro telescópio a ser utilizado em observaçõe­s astronômic­as. Observaçõe­s essas que o levaram a descobrir coisas que contrariav­am as crenças religiosas e filosófica­s da época. Com o passar dos anos, insatisfei­to com o alcance da visão propiciada pelas lunetas, Galileu conseguiu melhorar o projeto e conseguiu aumentar o alcance em cerca de nove vezes e sem deformaçõe­s nas imagens.

“Conte o que pode ser contado, meça o que é possível medir, e o que não puder ser medido, torne mensurável.”

Galileu Galilei

Ao descobrir que o planeta Vênus apresenta fases, como as fases apresentad­as pela Lua, concluiu que o planeta gira em torno do sol, como já havia sido afirmado pelo astrônomo Nicolau Copérnico ( 1473 – 1543) ao formular sua teoria heliocêntr­ica. Assim como, descobriu as manchas solares, os quatro satélites de Júpiter, as montanhas da Lua, os Anéis de Saturno e as estrelas da Via Láctea.

Apesar de nunca ter se casado, Galileu teve um relacionam­ento em uma de suas muitas viagens à Veneza com Marina Gamba, com quem morou junto em Pádua e com quem teve três crianças. As meninas, Virgínia e Lívia, viveram em conventos e se tornaram, posteriorm­ente, irmã Maria Celeste e irmã Arcângela. Anos depois, Galileu se mudou e deixou o filho, Vincenzo com Marina, mas, em 1613 quando ela se casou com Giovanni Batoluzzi, o menino foi viver com seu pai na cidade de Florença.

No ano de 1632, Galileu publicou a obra “Diálogos sobre os Dois Grandes Sistemas do Mundo”, na qual defendeu e divulgou a teoria de Copérnico, afirmando que a Terra não era o centro do universo e, que assim como os outros planetas, se move ao redor do Sol.

Suas experiênci­as fizeram com que defendesse a veracidade do heliocentr­ismo, ainda que suas provas experiment­ais e teóricas fossem inconclusi­vas. No entanto, em sua defesa, ele aca

bou por reinterpre­tar e usar passagens bíblicas para defender sua tese, o que naquela época era um trabalho realizado apenas por teólogos supervisio­nados pelo Santo Ofício. Com o passar dos anos a Igreja cada vez mais condena o heliocentr­ismo, mas no ano de 1623, surge o novo Papa, Urbano VIII, amigo de Galileu, que, na década seguinte o concedeu a oportunida­de de escrever um livro e dissertar sobre as duas teorias, podendo, portanto, defender o heliocentr­ismo como uma hipótese, foi quando Galileu produziu a obra anteriorme­nte mencionada, “Diálogos sobre os Dois Grandes Sistemas do Mundo”, mas devido ao caráter ácido do livro e, possivelme­nte alguns mal entendidos, o Papa, então, considera que Galileu se aproveitou dele e se sentiu extremamen­te ofendido pelo conteúdo da obra.

No ano seguinte, em 1633 a Santa Inquisição prendeu Galileu e o julgou por heresia. Para evitar ser queimado vivo, ele não viu outra saída, senão renegar suas ideias por meio de uma confissão que precisou ser lida em voz alta perante o conselho da Igreja.

Ele foi considerad­o culpado e obrigado a passar o resto de sua vida em prisão domiciliar.

A época vivida por Galileu foi resumida na obra de Michael White, “Galileu Anticristo: Uma Biografia”. Aproximada­mente até o século XVI, a Igreja Católica tinha muito poder e era intolerant­e a qualquer tipo de dissidênci­a, punida geralmente com a morte. Os ditos hereges eram perseguido­s, tinham suas obras destruídas e não tinham direito à opinião; e assim o silêncio tinha que imperar.

Foi em 1616 que a Inquisição ( Tribunal do Santo Ofício) se pronunciou sobre a Teoria Heliocêntr­ica, dizendo que era uma heresia afirmar que o Sol era o centro do Universo e que a Terra se movia.

Naquela época não tínhamos a aceitação da ciência que se tem hoje, o medo de ter suas crenças refutadas e suas velhas teorias destruídas fazia com que a Igreja predominan­te impedisse que ameaçassem os dogmas cristãos. No tratado de 1590, Galileu Galilei demonstra claramente como era exigente em seus padrões e como levava à sério tudo o que estava fazendo:

“Neste tratado, o método que devemos seguir será sempre fazer o que se diz depender do que foi dito antes e nunca, se possível, assumir como verdadeiro aquilo que requer prova. Foi assim que meus professore­s de matemática me ensinaram.”

Um dos maiores exemplos de intolerânc­ia da Igreja na época foi o caso do filósofo e religioso Giordano Bruno ( 1548 - 1600) que foi empalado e queimado em Roma no ano de 1600 após anos de reclusão e tortura nos calabouços da Inquisição. Bruno apontou falhas na teologia e defendeu, assim como viria a fazer Galileu, o heliocentr­ismo de Nicolau Copérnico. Bruno foi um dos primeiros grandes mártires da ciência.

Nessa época, recheada de corrupção em meio aos “defensores” da Igreja, bastava o testemunho de duas pessoas para que outra fosse presa, sem direito à defesa e, muitas dessas prisões acarretara­m em pessoas detidas até a morte aguardando um julgamento que nunca chegaria. Livros que contrariav­am a teologia pregada pela Igreja também eram proibidos e essa lista aumentava constantem­ente, limitando mais e mais a informação que chegava à população e aumentando as ameaças às vidas

dos pensadores da época. Ainda que nesse ambiente hostil e, com o desumano exemplo do fim dado à Giordano Bruno, Galileu Galilei não se calou.

O católico convicto, Galileu Galilei morreu em 08 de janeiro de 1642, totalmente cego, possivelme­nte por problemas causados por observar o Sol por tanto tempo e tantas vezes sem uma devida proteção e sofrendo de diversas doenças, como artrite, hérnia e uma doença no rim. Seu filho Vincenzo este ao seu lado todo o tempo e providenci­ou seu enterro na Basílica de Santa Cruz. Ele acreditava em Deus, era cristão e buscava uma explicação lógica para o que via não ser possível ou aceitável cientifica­mente. Sua curiosidad­e e sua capacidade de superação eram marcas de sua personalid­ade que o fizeram prosseguir, independen­te das ameaças que sofria. Dizem ainda, que após sua condenação e terem- no obrigado a renegar suas descoberta­s, ao sair do tribunal, ele teria dito a célebre frase: “Eppur si muove!”; (“Contudo, ela se move!”) referindo- se ao planeta Terra.

“Contudo, ela se move!” Galileu Galilei

Os dogmas da Igreja da época venceram a batalha, mas não a guerra. Enquanto seus perseguido­res não são mais lembrados, Galileu Galilei até os dias atuais é sinônimo de invenção, “o pai da ciência moderna” e um ícone que mudou a forma como o mundo é visto, abrindo caminho para novas teorias e experiênci­as. Sua história é uma prova de como a ciência e a religião não deveriam ser considerad­as inimigas. Quando uma está no poder, a outra acaba por não ter vez. Mas enquanto a ciência busca eternament­e ser contrariad­a e superada, a religião acaba por não admitir ser contrariad­a e, muito menos, superada, fa

zendo com que a força da fé impere sobre todas as coisas, o que pode ter seu lado positivo, mas não pode chegar ao ponto de cegar seus seguidores e permitir que situações como as vividas durante a Inquisição voltem a acontecer, contrarian­do todo o ensinament­o e o pilar básico que a move; o amor. Mais de trezentos anos após sua morte, Galileu Galilei teve finalmente, suas teorias reconhecid­as formalment­e pelo Papa João Paulo II.

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