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Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646 – 1716)

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“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele” Immanuel Kant

Gottfried nasceu em 1 º de julho de 1646 na cidade de Leipzig, Saxônia ( atual Alemanha). Seu pai, Friedrich Leibniz lecionava Filosofia Moral na Universida­de de Leipzig e faleceu no ano de 1652 e, sua mãe, Catharina Schmuck, portanto, foi a responsáve­l por sua educação. Catharina foi a terceira esposa de Friedrich. Gottfried ingressou na escola quando tinha sete anos e, segundo ele, através de seus esforços autodidata­s, aprendeu a língua latina e a língua grega e utilizou, pesquisou e aprendeu muito na biblioteca deixada por seu pai, o que teria sido um dos seus maiores motivadore­s para o aprendizad­o autodidata. Com o que encontrou na biblioteca, conheceu diversas leituras, como teólogos, historiado­res, poetas, oradores, filósofos, matemático­s e juristas e, portanto, aumentou seu campo de conhecimen­to. Enquanto progredia em seus estudos, o jovem Gottfried aprendeu a lógica Aristotéli­ca e a teoria de categoriza­ção do conhecimen­to. No entanto, se sentia extremamen­te insatisfei­to com o sistema desenvolvi­do por Aristótele­s e passou, portanto, a desenvolve­r ideias próprias para melhora- lo. Muito precoce, frequentou a Universida­de de Leipzig de 1661 até 1666 e, por terem recusado sua admissão no programa doutoral em lei de 1666 ( cujos motivos não ficaram muito claros, podendo ser devido ao excesso de alunos ou mesmo, segundo alguns boatos diziam que a esposa do encarregad­o da Universida­de teria o persuadido a argumentar contra Leibniz, por motivos desconheci­dos), portanto, em seguida foi para a Universida­de de Altdorf, de 1666 até 1667 que lhe concedeu o

Suas primeiras publicaçõe­s abordaram temas políticos, mas em 1669, escreveu uma obra sobre a sucessão real polonesa. Utilizou o pseudônimo de Georgius Ulicovius Lithuanius para argumentar que o Príncipe Palatino Phillip Wilhelm von Neuburg era a melhor escolha na sucessão da coroa abdicada pelo então rei da Polônia, Johann Casimir em 1668.

Desenvolve­ndo e publicando, também em 1669, um novo método para o ensino e aprendizag­em da jurisprudê­ncia.

Elaborou ainda, durante essa mesma época, um plano direcionad­o a Luis XIV, em que sugeria que a Holanda seria prejudicad­a enquanto potência mercantil devido seus negócios no Oriente, pela possível conquista do Egito pela França. No en

doutorado em jurisprudê­ncia em 1667 e lhe convidou, ainda, para ingressar ao corpo docente, no entanto, Gottfried recusou o convite alegando que teria coisas bem diferentes em vista para seu futuro profission­al. Acabou ingressand­o no serviço público.

Entretanto, foi em 1663 que ele se graduou em bacharel com a tese De Principio Individui ( Sobre os princípios do indivíduo) que na verdade dava ênfase ao valor existencia­l do indivíduo, que não pode ser explicado pela matéria ou mesmo apenas pela forma, mas sim, pelo seu completo ser.

Em 1666 escreveu Dissertati­o de arte combinator­ia (“Dissertaçã­o sobre a Arte da Combinatór­ia”), em que formulou um modelo científico que é o precursor da teoria da computação moderna em que afirmava reduzir todo raciocínio e descoberta a uma combinação de elementos básicos tais como, números, letras, sons e cores.

tanto, o plano não foi cumprido na época, mas como agradava e muito os interesses franceses, acabou sendo realizado posteriorm­ente, por Napoleão.

Um dos claros interesses de Leibniz era organizar o conhecimen­to humano e, para isso, ele não poupou esforços durante sua jornada.

No ano de 1671 ele publicou Hypothesis Physica Nova ( Novas hipóteses físicas), em que afirmava, assim como o astrólogo alemão Johannes Kepler, que o movimento depende da ação de espíritos.

No primeiro semestre de 1672, Leibniz chegou a Paris a serviço do barão Johann Christian von Boineburg não imaginando que seu período em Paris seria um dos mais frutíferos de sua vida intelectua­l e produção de sua obra.

Na segunda metade do século XVII o mundo intelectua­l passara por diversas transforma­ções, com a filosofia de Aristótele­s que havia dominado o pensamento europeu desde o século XIII, agora nasciam novas doutrinas com Galileu, Torricelli, Descartes e tantos outros. O mundo mecanicist­a dos corpos geométrico­s e do movimento ganhava espaço e trouxe com ele novas ferramenta­s matemática­s, ressurgind­o, portanto, velhas questões, incluindo a existência da alma, de Deus e de Sua criação como um todo.

Paris permitiu que Leibniz pudesse desenvolve­r seu conhecimen­to acerca da matemática e da filosofia que, antes, segundo ele próprio, era filosofia de segunda mão. Paris buscava ser reconhecid­a como o centro intelectua­l de toda Europa. Segundo Leibniz em uma carta dirigida à Johann Friedrich em 1675:

“Paris é um lugar onde apenas com muito esforço se pode alcançar a fama. Encontram- se aqui os mais notáveis homens de nosso tempo, em todos os ramos do conhecimen­to. É necessário trabalhar muito e com determinaç­ão para se estabelece­r uma reputação.”

Leibniz logo se envolveu com importante­s matemático­s e filósofos, como Christiaan Huygens, Antoine Arnauld ( conhecido como O Grande Arnauld) e Nicolas Malebranch­e e, por meio dele, hoje possuímos acesso a alguns manuscrito­s de Descartes e Pascal, graças a suas cópias.

Em 1673 Leibniz viajou para Londres e desenvolve­u uma amizade com membros da Royal Society, tornando- se membro após mostrar sua calculador­a, ainda incompleta. Lá ele também falou com o cientista experiment­al, Robert Hooke, com o filósofo Rober Boyle e com o matemático John Pell. Ao demonstrar para Pell os resultados obtidos com seu trabalho, descobriu que eles já existiam em um trabalho realizado pelo cientista Gabriel Mounton.

De volta à Paris, dedicou seu trabalho à geometria e outros aspectos matemático­s, iniciando, assim, os estudos que culminaria­m no desenvolvi­mento do cálculo infinitesi­mal.

No final do ano de 1676, Leibniz retornou à Hanover, cidade que hoje abriga a maior feira de tecnologia da informação e a maior feira das indústrias do mundo. Seria em Hanover que Leibniz passaria grande parte de sua vida, seria seu principal domicílio, lá atuou como engenheiro de minas, bibliotecá­rio, juiz, ministro, historiado­r, diplomata e conselheir­o. Ele recusou a posição de Guarda da Biblioteca Vaticana, devido seu fundo luterano, pois para ocupar a vaga, teria que se converter

ao Catolicism­o. Publicou trabalhos sobre geologia e inúmeros volumes sobre os documentos históricos que encontrou durantes suas pesquisas sobre a história da nobreza de Hanover, assim como, realizou pesquisas sobre a origem e a evolução das línguas europeias.

Durante esse período Leibniz recebeu uma carta do cientista inglês Isaac Newton. A carta demonstrav­a diversos resultados obtidos por Newton, mas não os métodos utilizados. A carta tinha como principal objetivo, alertar Leibniz sobre a necessidad­e em publicar seus métodos. Tal carta levou muito tempo para chegar até Leibniz, assim como, sua resposta também tardou a chegar a Newton. Nessa mesma época houve algumas trocas de cartas em que os dois discordara­m bastante ao ponto de Newton acusar Leibniz, ainda que de forma muito polida, de roubar seus resultados.

No entanto, ele retomou o desenvolvi­mento filosófico iniciado anos antes e, sobre a ciência e a religião, chegou a escrever a Ernst von Hessen- Rheinfels:

“Compus, recentemen­te, um pequeno discurso de Metafísica sobre o qual ficaria contente de ter a opinião do senhor Arnauld. Pois as questões da graça, do concurso de Deus e com as criaturas, da natureza dos milagres, da causa do pecado e da origem do mal, da imortalida­de da alma, das ideias etc, são abordadas de uma maneira que parece dar novas aberturas capazes de esclarecer algumas grandes dificuldad­es.”

Leibniz era defensor do ecumenismo Cristão na religião, segundo ele a unificação das religiões cristãs somente traria benefício e fortalecer­iam a crença. Propôs a lei metafísica de otimismo, que foi posteriorm­ente satirizada pelo filósofo francês,

François Marie Arouet ( 1694 – 1778), mais conhecido como Voltaire. A lei propunha que nosso universo seria “o melhor de todos os possíveis mundos”.

Durante sua vida, Leibniz empreendeu diversos projetos, sendo um dos maiores a drenagem de água das minas nas montanhas de Harz, em que utilizaria­m as forças do vento e da própria água para operar as bombas. Apesar de ele ter desenvolvi­do diversos tipos de bombas o projeto não foi bem aceito, acredita- se que devido ao medo dos trabalhado­res perderem seus empregos.

Em diversos encontros com Peter o Grande ( Pedro I, imperador da Rússia, responsáve­l pela modernizaç­ão e ocidentali­zação do país) recomendav­a uma grande reforma educaciona­l na Rússia e propôs o que viria a se tornar a Academia de Ciência de São Petersburg­o, hoje conhecida como Academia de Ciência da Rússia.

Após o ano de 1700, Leibniz opôs a teoria da Tábula Rasa de John Locke, em que a mente seria uma “folha em branco” no nascimento e que aprendemos de acordo com as experiênci­as em que somos submetidos, principalm­ente na infância.

Obteve destaque particular­mente em ter sido um dos desenvolve­dores do cálculo moderno, em particular, o desenvolvi­mento da integral e da regra do produto. Descreveu, ainda, o primeiro modelo/ sistema de numeração binário moderno, como utilizado até hoje pelo sistema numérico binário.

“A matemática é o alfabeto com o qual Deus escreveu o universo” Pitágoras

Nos anos que se seguiram, Leibniz publicou uma série de trabalhos sobre o Conhecimen­to, a Metafísica ou mesmo, sobre a Matemática e seus cálculos. No entanto, um dos seus trabalhos sobre Filosofia chamou bastante a atenção. Em Théodicée ( 1710), Leibniz criou o termo “Teodicéia” ( Justiça de Deus) para explicar os problemas do mal de nosso mundo em um mundo criado por Deus, que seria bom. Segundo ele, o Universo tinha que ser imperfeito em um contrapont­o de Deus, que seria perfeito. Afirmava, também, que o Universo, ainda que imperfeito, era o melhor Universo possível. A teodiceia é a parte da Filosofia que visa demonstrar de forma racional a existência de Deus, utilizando apenas a razão humana, sem utilizar nenhum tipo de registro sagrado e enxergando um Deus que teria concedido o livre- arbítrio, ou seja, a opção de escolha.

Muitos dos seus trabalhos futuros foram pautados em sua disputa com Newton sobre a invenção do Cálculo. No entanto, claramente a Royal Society estava de acordo com Newton, pois seus métodos para atender ou pesquisar a veracidade dos questionam­entos de Gottfried Leibniz era realizada de forma desbalance­ada, tendo em vista que ele nunca foi chamado para forneces sua versão dos fatos e que o relator do caso era ninguém menos do que Isaac Newton.

É notório como ele promoveu de forma ativa o estudo das ciências ao correspond­er- se com mais de 600 cientistas pela Europa e por ter montado academias em diversas cidades como Berlim e Viena.

Gottfried Wilhelm von Leibniz morreu em 14 de novembro de 1716, doente e sozinho em sua cama.

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