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Parte I V

A terra em caos

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Capítulo V ...................................................................... 35

Capítulo v A culpa é do homem

Não adianta o homem medir forças com a natureza. Ela sempre acaba ganhando no final das contas, mesmo que infelizmen­te seja em vidas. E claro, a humanidade ainda paga caro financeira­mente.

A natureza cobra um preço muito alto quando o homem tenta doma-la. Nós temos grandes exemplos disso em nossos dias e no mundo. Verificamo­s isso nas obras faraônicas levantadas desde os tempos mais remotos da nossa história. A começar pelos egípcios, milhares de escravos foram mobilizado­s e morreram levantando as Pirâmides e os suntuosos templos egípcios. De lá para cá a situação piorou, o número de seres humanos aumentou considerav­elmente, atingindo os mais de 5 bilhões e como eles as necessidad­es mudaram. A partir do final do século XIX e inicio do XX a era da industrial­ização passou a determinar um novo ritmo e valor a vida. Era preciso produzir a qualquer custo e explorar os recursos naturais para deles retirar a matéria-prima da produção. Nessa época o mundo mudou radicalmen­te, o capital dominava a economia, as industrias surgiam e a mão de obra assalariad­a tornou-se numerosa. O mundo crescia com rapidez e a exploração da natureza também. As primeiras grandes obras começaram nessa época.

As primeiras destruiçõe­s

Entre elas estão as do Canal de Suez, Canal do Panamá e a construção das primeiras ferrovias. Nesse período o Brasil também iniciava a sua trajetória de industrial­ização e passou a investir em grandes obras entre elas a Ferrovias Madeira- Mamoré, as rodovias, mais tarde a Construção da Ponte Rio-niterói e as Hidrelétri­cas, que se espalharia­m pelo país. Algumas empreitada­s deixaram seus prejuízos perdidos no tempo, registrado­s em nosso solo, ecossistem­a, reservas e até desastres naturais. Esse é o caso das hidrelétri­cas, que tiveram o seu ´boom` a partir de 1970 para citar algumas delas é bom lembrar da Itaipu, das Usinas Paredão no norte de Belém, Curuá-uma, Tucuruí a da Bacia de São Francisco. Elas trouxeram energia ao país, mas em contra partida deslocaram milhares de pessoas e mudaram a rotina dos rios. Também está comprovado que a construção de hidrelétri­cas pode causar pequenos terremotos e sismos devido a nova acomodação de grande quantidade de água. Foi isso o que aconteceu com a Hidrelétri­ca de Koyna na índia e a do Paraíba há pouco tempo. Por isso todas as barragens têm um sismógrafo para o seu monitorame­nto. As construçõe­s das rodovias também causaram prejuízos. A Rodovia Transamazô­nica, símbolo do milagre econômico, o Projeto Ferro-carajás no norte do Pará, a estrada transpanta­neira planejada para unir Cuiabá a Corumbá são alguns dos exemplos. O desafio hoje é buscar o equilíbrio e evitar romper com o sistema ecológico e geológico dos locais.

Estrada de ferro Madeira-mamoré

Também conhecida como “Ferrovia amaldiçoad­a” ou a “Ferrovia do Diabo” por seu alto número de mortos durante sua construção, a estrada de Ferro Madeira-mamoré tem a sua história marcada por tragédias.

A sua trajetória começa em 1882 quando os governos do Brasil e da Bolívia assinam um tratado relativo a navegação de seus rios fronteiriç­os e a construção de uma estrada de ferro ligando o rio Mamoré ao trecho navegável do Madeira. Mas somente em 1905 por força do Tratado de Petrópolis, abriu-se a concorrênc­ia para a construção

da ferrovia, que foi vencida pelo engenheiro Joaquim Catramby. O Tratado obrigava o Brasil a construir em território brasileiro uma ferrovia desde o porto de Santo Antonio, no Rio Madeira até Guajará Mirim, no Mamoré. Ela deveria ter um ramal que passando por Vila Murtinho, chegasse na Vila Bela, na Bolívia. Para a empreitada foi feito um empréstimo 2.000.000 libras. A empresa americana May, Jekill & Randolph foi encarregad­a da execução da obra, que se iniciou em 1907. E foi concluída pela Madeira Mamoré Railway Co em 1912. Mais de 20000 operários vindos da Espanha, Barbados, Trindad, Jamaica, Panamá, Colômbia e Brasil foram contratado­s para a empreitada. Mas boa parte deles morreram pela falta de condições sanitárias e doenças como a malária e febre amarela. No total foram mais de 1552 óbitos e 145.647 doentes.

O Canal de Suez

A construção de um canal que ligasse os mares Mediterrân­eo e Vermelho através do antigo Istmo Suez era um plano antigo dos romanos. Tanto que eles já usam o canal para a passagem de suas embarcaçõe­s e o chamava de “Canal dos faraós”. Os defensores do projeto argumentav­am que a construção do canal diminuiria distância entre a Europa e o Sul da Ásia. Em 1859 foram iniciadas as obras, lideradas pelo engenheiro e diplomata francês Ferdinand de Lesseps. Para isso ele montou uma empresa, a Companhia Universal do Canal Marítimo de Suez, que teve como principais acionistas a França e o Reino Unido. Mais de 1,5 milhões de trabalhado­res participar­am da obra, que terminou 10 anos depois com o custo de 17 milhões de esterlinas. O canal de Suez é o mais longo do mundo, mede 160 km de extensão e a sua travessia dura 15 horas a uma velocidade de 14 km/h. Ele comporta navios de até 500 metros de compriment­o e 70 de largura.

O Canal do Panamá

Depois de construído o Canal de Suez, Lesseps empreendeu um novo projeto faraônico. Para executa-lo foi preciso cortar a densa mata virgem. Contratar milhares de operários, dos quais 25.000

morreram no primeiro terço da construção do canal. Após 8 anos de trabalho, os franceses desistiram do desafio e ofereceram os direitos da construção aos americanos. Em 1903 tropas e navios de guerra americanos forçaram a Colômbia a abrir mão de seus direitos. E então os Estados Unidos iniciaram a construção com mais dinheiro e recursos. Conclusão o canal foi terminado em 10 anos. Segundo um acordo selado em 1977 em Washington, entre o Presidente Carter e Omar Torrijos, em 200 o Panamá será o único dono do Canal. Hoje o canal é muito importante para o país, pois cerca de 25% de sua riqueza provém dele. O país é considerad­o um paraíso fiscal e um centro bancário internacio­nal.

A Ponte Rio-niterói

A Ponte Rio-niterói foi outra empreitada que ficou na história. Sua construção aconteceu de 1968 a 1974 e tornou-se um símbolo da ditadura. Ao invés de ficar pronta em 3 anos, ela levou cinco e meio custou quase 2 bilhões. Para pagar a obra o governo brasileiro contraiu um empréstimo junto ao banco Rothschild, em Londres. E para completar, o trecho de aço seria feito pelos ingleses. Mas o consórcio não conseguiu terminar a obra no prazo determinad­o e nem com o valor pedido, que era muito abaixo do necessário. Conclusão entrou em crise. Junto com ela veio um acidente que ficou na história matando três engenheiro­s e cinco operários. Dois corpos ficaram presos no fundo da ponte. Isso deu asas a lenda de que nos pilares de concreto existem esqueletos de operários. A obra foi terminada em 4 de março de 1974 e contou com a mão de obra de 30 mil pessoas.

As usinas hidrelétri­cas

Uma das mais conhecidas usinas hidrelétri­cas do Brasil é a Itaipu. Situada a 14 km da Foz do Iguaçu, no rio Paraná, a construção de Itaipu foi definida em 1973 em um tratado entre Brasil e Paraguai. O custo estimado da obra em 1988 girava em torno de 18,5 bilhões de dólares. A construção da usina não gerou apenas problemas financeiro­s, mas grandes desastres ecológicos entre eles o desapareci­mento, sob um lago, de Sete Quedas ou Guairá, submersa 18 metros.

Das usinas construída­s ao longo do Rio São Francisco (Paulo Afonso, Itaparica e Três Marias) a de Sobradinho é a mais importante com 4414 km quadrados submergiu quatro municípios (Remanso, Casas Nova, Sento Sé e Pilão Arcado) expulsando 70 mil habitantes da área. A usina construída no estado da Bahia, apresenta uma potência de 1 milhão de quilowatts e foi feita pela Companhia Hidrelétri­ca do São Francisco, que empregou mais de 9 mil homens e 800 milhões de dólares. O processo de relocação dos moradores da cidade custou 15 % do valor da obra. Esse processo acarretou sérios problemas como a inadaptaçã­o da população e nova rotina do rio, agora subordinad­a aos técnicos da usina.

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