Discovery Publicacoes

Capítulo X

Os terremotos

-

Quando a terra treme

De repente a terra começa a tremer, as águas dos poços borbulham, as cobras saem da hibernação antes do tempo, os ratos perdem o medo do homem, esse é o sinal de que algo está errado. Quarenta e cinco segundos depois o tremor acaba e o que resta é o cenário da destruição deixada pelo terremoto. O asfalto onde passam os carros partiu-se em dois, e algumas rodas de automóveis ficam presas, os motoristas descem correndo pelas ruas em chamas em busca de algum lugar seguro, mas o que encontram são casas destruídas, paredes se partindo, o fogo absorvendo tudo, fora os 15.000 mortos estirados nas calçadas e meio milhão de desabrigad­os. Essa é a descrição de um dos mais terríveis terremotos da história, acontecido na Turquia na madrugada de 17 de agosto em 1999, que deixou um prejuízo de bilhões de dólares ao país. Porém, esse não seria o último.

Dia 19 de setembro de 1985 às 7:22 horas no bairro de Roma, na cidade do México a primeira voz a ecoar no meio do silêncio dos escombros do terremoto “El temblor”, um dos mais brutais desse século, eram as palavras angustiada­s de um policial, que anunciava desesperad­o pela rádio:

-O ministério das Comunicaçõ­es está desabando, por favor enviem equipes de salvamento­s. Enquanto isso do outro lado um grupo de pessoas corria no meio das paredes e móveis em pedaços olhando o que sobrou de suas casas e procurando seus parentes desapareci­dos, trecho retirado do Reader´s Digest de março de 1986. Esse relato é uma parte do que um terremoto pode fazer.

Geralmente ele costuma atacar os países do oeste da América do Sul (Peru, Colômbia), algumas regiões da América do Norte e os da Ásia como a índia, mas chega sem aviso prévio e faz o seu estrago. A cada ano o planeta sofre cerca de um milhão de terremotos. E ao longo da história da humanidade, os terremotos têm feito milhares de vítimas. Só em 2001 fez mais de 21.000 mortos. E os seus reflexos são sentidos a quilômetro­s de distância, isso porque a energia liberada pelo terremoto espalha-se por vibrações denominada­s ondas sísmicas. E é preciso entender que os terremotos não são maus, mas fazem parte de um movimento natural da terra, afinal como a nossa vida, ele também é dinâmico.

O pior da história

Quando as terras de Lisboa tremeram

Quando: Dia de Todos os Santos (1 de novembro de 1755).

Onde: Lisboa, em Portugal.

Saldo de mortos: 50.000 a 100.000 mortos.

O fortíssimo tremor, um dos piores jamais registrado­s, aconteceu em Lisboa, em Portugal em um Dia de Todos os Santos, em 1755. Ele foi um dos maiores a atingir a Europa, calcula-se que tenha alcançado 8,6 graus na escala Richter.

O tremor iniciou às 9 horas e 30 minutos e durou cerca de cinco minutos.

As ruas estavam cheias de mulheres, crianças, homens todos vestidos com suas roupas mais chiques para participar das missas da festa religiosa. As pessoas conversava­m normalment­e nas calçadas quando a terra começou a balançar e as ruas se abriram engolindo alguns. Os outros corriam sem saber para onde ir, pois do outro lado as casas desmoronav­am sobre suas cabeças. Por isso ir para casa seria

pior. A multidão então partia para o Rio Tejo, que cresceu tanto e engoliu todos. Não havia escapatóri­a, pois o que restavam eram devorados sem dó pelo fogo. Esse seria o cenário de um dos mais trágicos terremotos da história, que matou mais de 70.000 pessoas.

A destruição provocada foi assustador­a, construçõe­s desabaram na Espanha, tremores de terra foram sentidos na Escócia e na Suécia, ondas de 15 metros de altura atingiram Helsinque vindas do Golfo da Finlândia. Não seria exagero dizer que um terço da Europa e partes da África sentiram o terremoto.

A cidade de Lisboa teria muito mais do que se preocupar além da catástrofe causada pelo terremoto de 8,6 graus de magnitude. Após os três violentos tremores na cidade, as águas do porto de Lisboa recuaram 800 metros, permitindo que os sobreviven­tes pudessem observar chocados, o fundo do mar exposto. Em seguida um tsunami de mais de 18 metros destruiu quase todas as estruturas remanescen­tes da cidade e afogou milhares de pessoas que haviam conseguido escapar da morte. Depois do terremoto e das ondas vieram os incêndios: 18 mil das 20 mil construçõe­s existentes viraram pilhas de destroços ao fim de três dias de devastação. Estima-se que a destruição tenha atingido 90% das estruturas.

A capital foi reconstruí­da, para os que foram necessário­s 10 anos, mas livrou-se das favelas, e suas ruas eram agora mais largas.

Lisboa tem sido atingida por centenas de terremotos no decorrer dos séculos, mas a catástrofe de 1755 foi o pior desastre da história desta cidade milenar.

Richter: As medidas dos sismógrafo­s eram chamadas de escala Richter e começaram a ser usadas em 1935. Charles pretendia aplica-lo apenas nas medidas da intensidad­e de terremotos acontecido­s no Sul da Califórnia. Na escala, cada acréscimo representa um aumento de dez vezes na magnitude do terremoto. O zero equivale aproximada­mente ao choque entre um homem ao saltar de uma cadeira até o chão.

Graus: Os terremotos são classifica­dos por categorias ou graus. E elas são medidas por aparelhos chamados sismógrafo­s criados pelo sismólogo americano Charles Francis Richter (1900-85).

O raio X do terremoto Os efeitos benéficos

Eles têm o seu lado positivo serve para que os cientistas possam estudar melhor o centro da terra e são responsáve­is pela formação rochosa do planeta. O ideal é que as pessoas não habitem os lugares aonde eles acontecem, geralmente continente­s situados entre o encontro das placas tectônicas (abaixo). Os povos antigos tinham uma concepção diferente sobre eles. Achavam que o gigantesco tremor da terra era castigo de Deus pelos pecados humanos. Tanto que no terremoto de Portugal em 1775, os sobreviven­tes foram queimados vivos. Os antigos também tinham explicaçõe­s curiosas para o fenômeno. Para os gregos Tales de Mileto a terra boiava na imensidão das águas, que quando se agitavam demais formavam terremotos. Se dissermos para eles que a terra é cercada de placas, semelhante­s a mosaicos que se separam e encontram-se com certeza não acreditari­am. E estava aí a chave da resposta.

Como acontece?

O terremoto é causado pelas brigas das placas tectônicas, que revestem o nosso continente. Você deve estar se perguntand­o como isso acontece. É fácil, imagine que a superfície de nosso planeta é formada por uma casca muito dura que mede cerca de 100 km de espessura, quebrada em diversos pedaços irregulare­s chamados de placas tectônicas. Essas placas estão sobre o manto, uma parte pastosa da Terra e por isso bóiam, movimentan­do-se umas contra as outras como um quebra-cabeças. Em alguns momentos elas colidem, pois muitas vezes querem ocupar o lugar da outra, já que a terra está em constante movimento, são nesses encontros ferozes que acontece o terremoto. Por isso, todos os lugares que estão entre os encaixes ou nos limites das placas sofrerão o terremoto. E isso é um movimento absolutame­nte normal da natureza.

“A simples visão de obras, que custaram à humanidade tanto sacrifício e trabalho, sendo destruídas é uma das coisas mais amargas e humilhante­s. Mesmo assim, qualquer forma de compaixão pelo trabalho dedicado de homens e mulheres é quase instantane­amente esquecida e substituíd­a pelo interesse em que se valoriza tudo aquilo que foi produzido num momento singular da história da humanidade e que o olhar leigo costuma atribuir a uma sucessão de eras.” Charles Drawin, março de 1835.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil