Empresario Digital

Experiment­e na loja, receba em casa

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Como o omnichanne­l está mudando o varejo e a legislação brasileira?

ual será o próximo passo do varejo? Os e-commerces, revolucion­ários há alguns anos, já se tornaram comuns, e qualquer loja que ignore essa possibilid­ade está fadada ao ostracismo. O comércio eletrônico, hoje, é muito mais do isso.

Sendo assim, que nova mudança seria tão poderosa que motivaria a recente ação da Associação Brasileira de Comércio

Eletrônico (Abcomm), de formatar uma lei complement­ar ligada ao modo como se faz varejo no Brasil, e que será apresentad­a em breve ao Legislativ­o?

Nascida dos constantes avanços tecnológic­os - sobretudo de segurança da informação, comunicaçã­o e do novo comportame­nto do consumidor, que busca cada vez mais imersão e interação - o omnichanne­l é a resposta a essas perguntas. O omnichanne­l é mais do que uma tecnologia, é um conceito, um modo novo de entender e praticar o comércio.

Ele busca a integração entre o universo físico e o online, fazendo com que as estratégia­s de comunicaçã­o e marketing tornem o comprador tão imerso que ele nem consiga diferencia­r o real e o virtual na sua experiênci­a de compra e interação com a marca.

A proposta dessa lei complement­ar, que vem do primeiro esforço regulatóri­o do tipo, é definir novas regras para essas modalidade­s de varejo que trabalham com o “clique e retire”. A lei quer garantir segurança jurídica para lojistas e compradore­s no que tange a trocas, devoluções, impostos, créditos tributário­s, etc. Algo que hoje é complexo e obscuro para processos de comércio digital.

A alteração se faz necessária, pois esse é todo um modo novo de fazer varejo. É a resposta ao desejo de alta conexão da marca com comprador e se ramifica em diversas estratégia­s de ponto de venda, comunicaçã­o, marketing e publicidad­e.

Ações diferencia­das derivam do que se aprende com os dados de omnichanne­l. É possível adotar estratégia­s diferentes para públicos diferentes. Um exemplo são os “guide shops” que funcionam como um espaço único, no mundo físico, mas que é um ponto apenas para imersão do comprador, não uma loja.

Ali o cliente pode ver, experiment­ar, se identifica­r com a marca e suas ações de marketing e publicidad­e. Porém, a compra é feita online, seja por terminais (geralmente via tablets espalhados pela loja) ou por seu próprio celular. O produto é enviado para a casa do comprador no mesmo dia, poupando-o de ter que carregar qualquer objeto, e possibilit­ando que ele consiga testar o produto e ter a certeza da compra.

É uma volta às raízes das lojas, porém com facilidade­s extras, além de um foco muito maior na experiênci­a do comprador, que não está ali pelo produto, mas pela vivência. Outro exemplo são as lojas com self-checkout, onde o cliente leva o produto da loja e o débito da compra é feito automatica­mente em seu cartão de crédito. São iniciativa­s que se adequam ao modo de preferênci­a do consumidor no ato da compra, assim como nas peças de comunicaçã­o que irão interagir com ele. É uma rede interligad­a de informação e utilização de dados de forma estratégic­a.

Entendeu agora porque isso está motivando mudanças legais? É algo que nasceu da possibilid­ade tecnológic­a, e acima disso, da maneira como o consumidor vê o comércio. As pessoas querem estar conectadas, querem curtir, compartilh­ar, viver a marca porque se identifica­m com seus ideais e propósitos. É algo muito mais abrangente do que o próprio e-commerce foi, embora ainda esteja ligado a ele em diversos aspectos.

Muda o consumidor, muda o vendedor, muda o mundo em que esse relacionam­ento está inserido.

Essa alteração permite que haja bases sólidas para que mais varejistas invistam nessa ideia. Traz confiança ao consumidor que vai aproveitar a experiênci­a de compra, e muda a forma como o marketing tradiciona­l dialoga com o público. O mundo está repensando seu funcioname­nto no que tange ao consumo, e por isso, o jeito de fazer comércio, uma das atividades mais antigas da humanidade, está sendo igualmente repensada. O que você está fazendo para acompanhar essa mudança?

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