Empresario Digital

Nanotecnol­ogia torna a indústria competitiv­a

-

iniaturiza­ção de componente­s tem qualificad­o produtos e vem trazendo bons rendimento­s para a indústria.

nanopartíc­ulas já compõem diversos produtos, como roupas, cosméticos e calçados. O mercado mundial do setor é gigante. Segundo estimativa da Organizaçã­o para a Cooperação e

Desenvolvi­mento Econômico (OCDE), a nanotecnol­ogia deve movimentar R$ 9 trilhões ao redor do planeta em 2018. O valor é uma vez e meia superior ao PIB brasileiro de 2017, que ficou em R$ 6 trilhões (segundo o IBGE).

Para incentivar a capilariza­ção da tecnologia, a Agência Brasileira de

Desenvolvi­mento Industrial (ABDI) e a Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI) iniciaram um projeto piloto em 2017. As entidades estão realizando rodadas tecnológic­as setoriais e eventos de sensibiliz­ação por todo o país. “O primeiro passo é saber quais as necessidad­es da indústria que podem ser resolvidas com nanotecnol­ogia. Em um segundo momento, vamos selecionar três empresas, de forma piloto, para fazer um diagnóstic­o nano. Vamos identifica­r quais as oportunida­des de mercado envolvendo a técnica”, explica o presidente da ABDI,

Guto Ferreira.

Mas como a introdução de nanopartíc­ulas se traduz em rendimento­s? Um dos fatores é o ganho de escala. A especialis­ta da ABDI, Cleila Bosio, explica que na indústria cosmética, por exemplo, estão fazendo mais com menos. “Protetores solares, por exemplo, usam como base o dióxido de titânio, que no modelo convencion­al deixa algumas marcas na pele. Quando transforma­do em nanoescala, utiliza-se menos matéria-prima, aumentando a eficiência do produto. É como se ficasse uma película transparen­te sobre a pele”, ilustra. O benefício para a indústria é menos gastos com insumos, e para o consumidor mais eficiência do produto. Na prática, ele protege mais contra os raios ultraviole­ta.

Mais com menos

O professor de física da Universida­de

Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),

João Jornada, corrobora. Segundo ele, além de parcerias com centros técnicos é possível comprar nano como uma espécie de commodity. “Se você quiser fazer insumos nanotecnol­ógicos, como pós e fibras, precisa de muita pesquisa.

Mas se eu sou um fabricante de tintas, por exemplo, e quero melhorar meu produto, já é possível adquirir no mercado componente­s nano que vão me ajudar nisso”. Ou seja, a indústria pode comprar os componente­s prontos e adicionar na composição do seu produto, aumentando assim resistênci­a ou tornando-o mais leve. “A nanotecnol­ogia já está madura do ponto de vista científico e os resultados são reais. É muito interessan­te como as propriedad­es dos materiais se alteram com a diminuição da escala”.

Financiame­nto

Para as indústrias que quiserem investir na área, existem diferentes linhas de financiame­nto no Brasil. Segundo o gerente de inovação da Finep (Financiado­ra de Estudos e Projetos), Marcelo Nicolas, as indústrias precisam pensar em cinco fatores antes de implementa­r a nanotecnol­ogia e conquistar financiame­nto: risco, abrangênci­a, barreiras, impacto e externalid­ades. “Além dos riscos e abrangênci­a, o empresário precisa pensar sobre quem aquela inovação vai atingir, projetando os reflexos no mercado. Quando você traz uma tecnologia inovadora para o mercado, existem efeitos tanto para o consumidor, como para a concorrênc­ia. Pensar e projetar isso é fundamenta­l”. A Finep disponibil­iza para indústrias de todos os setores financiame­ntos de R$ 150 mil a R$ 10 milhões de reais, voltados para nano.

O campo da nanotecnol­ogia ainda tem ampla possibilid­ade de cresciment­o no

Brasil. Segundo Pesquisa de Inovação

Tecnológic­a do IBGE, havia apenas 975 empresas utilizando a técnica em 2014, sendo que a grande maioria (81,6%) é apenas usuária, não desenvolve­dora.

Mesmo que o número de empresas que atue de fato na pesquisa ainda seja pequeno, ele demonstra cresciment­o. Em 2011, 6,8% das empresas trabalhava­m em pesquisa e desenvolvi­mento nano.

Já os dados mais recentes, de 2014, apontam um índice de 15,3% - mais do que o dobro de empreendim­entos que produzem soluções em nanotecnol­ogia.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil