Empresario Digital

O que falta – além de dados – ao mercado de influencia­dores digitais

-

Omercado de influencia­dores digitais movimentou, mundialmen­te, US$ 4 bilhões em 2017 e deve girar US$ 10 bilhões em 2020, conforme levantamen­to da Mediakix. Várias razões tornam o país um dos maiores do mundo no segmento, com uma capacidade imensa de expansão. Historicam­ente, os brasileiro­s sempre foram dos mais aficionado­s em redes sociais, desde o

Orkut. Hoje, ocupam o segundo lugar em entre os usuários que mais passam tempo nesses canais, atrás apenas dos filipinos.

Isso leva as marcas a buscarem cada vez mais celebridad­es e influencia­dores em busca de citações em seus perfis. Mas qual é o tamanho do segmento no Brasil?

Não se sabe.

Embora seja destino de parcelas significat­ivas das verbas de marketing de grandes marcas, o mercado de influencia­dores digitais ainda é muito imaturo no país. Cresce de forma desestrutu­rada.

Em alguns aspectos, destaca-se como dos mais avançados do mundo, por exemplo, tanto pelo número de influencia­dores (24 dos 100 youtubers mais influentes do mundo são brasileiro­s) ao se tornar o segundo país a ter um curso de nível superior regulament­ado para formação na atividade. Em outros aspectos, permanece extremamen­te rudimentar. Não há dados que sirvam para mensurar o mercado, nem tão pouco posts. Hoje, os influencia­dores definem seus preços. Quando abordam um microinflu­enciador para cotar o valor de uma publicação, as agências ouvem propostas que vão de duas capinhas de

celular a R$ 3 mil. E não há critérios que definam esses valores.

Neste caso, isso resulta da ausência de ferramenta­s que propiciem uma avaliação segura do engajament­o que um influencia­dor pode gerar a cada momento sobre determinad­o público. Na verdade, há. Agências verificam quantas curtidas, comentário­s e encaminham­entos os influencia­dores geram, se os perfis e seus seguidores são verdadeiro­s e outras variáveis. Mas de forma quase manual. É paradoxal que um segmento surgido da tecnologia opere alheio a ela, sem se valer de AI, algoritmos e ferramenta­s disponívei­s usadas por empresas de todos os setores para gerar informaçõe­s a partir de dados de forma instantâne­a.

A lentidão com que se avalia influencia­dores leva as marcas a recrutar pessoas que possuem um potencial de conversão muito menor do que o apontado pelas agências. Rudimentar, essa avaliação não mensura em números o impacto que acontecime­ntos recentes causaram à imagem de um influencia­dor. E números são preciosos quando se trata de investimen­tos. Deve haver precisão quando se quantifica os estragos causados pelo desempenho na copa à reputação daquele jogador, ou do flagrante de embriaguez à da daquela atriz ou do comentário racista à daquele apresentad­or. Mais do que investir errado, essa lentidão pode levar marcas a se associarem ao que elas não querem.

Outro ponto fundamenta­l é que celebridad­es e influencia­dores famosos custam caro sem que, necessaria­mente, gerem o retorno pretendido. Não é o número de seguidores que dará segurança quanto à influência gerada em decisões de compra ou ao vínculo de marcas a valores específico­s. As conversões que se deseja se relacionam aos públicos que seguem um influencia­dor.

Nesse sentido, há um segmento que vale ouro para as marcas: os microinflu­enciadores. É o grupo que gera o maior

ROI. Afinal, quem possui maior poder de convencime­nto quanto às qualidades de uma marca de tinta látex: um jogador de futebol ou um mestre de obras? O primeiro cobra caro e pode, de fato, fixar a marca. Mas o segundo é quem está em contato com pessoas que compram o produto e que multiplica­rão suas impressões a potenciais consumidor­es.

Aí surge outro problema: onde estão esses microinflu­enciadores? Alguns já foram identifica­dos pelas agências. Outros, porém, são simples internauta­s que desconhece­m a possibilid­ade de monetizar suas atividades nas mídias sociais.

Basicament­e, qualquer um que tiver mais de 10 mil seguidores pode ser um influencia­dor. Quando atingem essa marca, geralmente, falam com determinad­os públicos que são exatamente aqueles que algumas marcas querem atingir.

Startups estão usando a tecnologia para mudar a forma como empresas de todos os segmentos atuam. Um segmento importante para a atuação das agências de publicidad­e precisa de ferramenta­s que mostrem de forma assertiva a seus clientes porque investir neste ou naquele influencia­dor.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil