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Um dos fotógrafos de maior prestígio da atualidade brasileira e expoente da arte contemporânea do país, Gabriel Wickbold traz para Lisboa, em abril, 18 obras de destaque de sua carreira – parte das séries I am Light, Naïve, Sexual Colors e I am on line. Famoso por suas fotografias ousadas e por seu olhar em busca do novo quando o assunto é imagem, Wickbold também lançará na capital portuguesa seu primeiro e recém editado livro, uma retrospectiva de sua trajetória como artista. A exposição e lançamento do livro acontecerão no espaço
Coletivo 284, no bairro das Amoreiras, a partir de 17 de abril. Antes disso, o artista realizará um jantar privado no dia 16 para uma turma de colecionadores privados da cidade.
Desde 2006, Gabriel vem tentando ressignificar diversos conflitos do homem contemporâneo. Sempre de forma experimental e inusitada, ele utiliza a fotografia para falar sobre o corpo, a natureza, o envelhecimento, a conectividade e a luz. Com efeito visual de altíssima performance e cores extravagantes, suas fotografias são carregadas de temáticas e questionamentos. Seu objetivo é confundir fantasia e realidade, mas acima de tudo nos fazer pensar.
Autodidata, ele adquiriu gosto pela arte por causa de sua mãe, uma pintora.
Wickbold brinca dizendo que sua abordagem não ortodoxa da fotografia surgiu quando era criança, imitando sua mãe ao espalhar tinta por todos os lados da casa.
Agora, aos 34 anos, a paixão dele pela arte evoluiu para uma mistura muito mais controlada de cores e imagens, inspirada por vários artistas prolíficos, incluindo o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, o fotógrafo tcheco e pintor Jan Saudek e o fotógrafo britânico Nick Knight.
Em 2018, o artista e galerista cravou de vez seu nome entre os mais quentes da nova cena artsy brasileira. Sucesso de vendas na edição passada da SP-Arte e
SP-Arte/Foto – duas das maiores feiras de arte do Brasil – o carioca arrebentou.
Na primeira, vendeu mais de R$ 500 mil em obras e uma edição de seu trabalho alcançou a marca de R$ 80 mil. Na segunda, fez 26 vendas, 18 de obras suas, com um faturamento total de R$ 1 milhão.
Sua arte surgiu do desejo de explorar a complexidade da experiência humana misturando fantasia e realidade de um modo que envolve os espectadores com seu estilo diferente da fotografia tradicio
“Essa linha na fotografia é algo que realmente me motiva, onde você não sabe onde estão os limites da fotografia e da arte”, diz ele. “Isso é algo que sempre me estimulou, a ideia de criar um novo movimento. Uma mistura de fotografia, pintura e desenho, tudo ao mesmo tempo.”
Wickbold explica que toda a ideia de criar uma peça centrada na figura humana real – usando diferentes mídias – requer uma abordagem completamente diferente da arte. “A fotografia e a pintura são dois mundos diferentes que não se conectam tão facilmente”, observa ele. “Não se trata apenas de pintar o modelo, trata-se de iluminar (o modelo) e fazer com que apareça no monitor do jeito que eu imagino. Começa com a pintura no corpo do modelo. Então eu capturo a iluminação certa e depois a pós-produção para fazer as cores se encaixarem da maneira correta. Há um equilíbrio que acho que realmente encontrei, onde cada um de nós pode ver as cores de uma maneira diferente.”
Passar tempo pensando sobre as questões que ele explora em seu trabalho, seja o corpo humano ou a mídia social, é uma parte importante de sua arte e de suas exposições. “Estou sempre pensando no processo”, diz ele. “É uma tese que trabalha em torno de um aspecto técnico sobre o que realmente sinto por dentro. É por isso que normalmente leva dois anos para fazer uma série. ” Como o próprio define, seu trabalho é “eye candy”, colorido, fun, pop na veia, como se fosse um doce para os olhos, de fácil entendimento, apetitoso e que agrada a diversos públicos.
Em sua primeira série, “Brasileiros”, o artista passou 45 dias de 2006 no Rio São
Francisco, da nascente até a foz fotografando as pessoas que vivem na região.
Foi ali que construiu a base de repertório imagético para todas as séries que vieram a seguir. “Sou um apaixonado pelo corpo e em como transformá-lo usando uma nova abordagem”, diz Wickbold. “Em Sexual
Colours (2008), eu estava realmente procurando uma maneira de distorcer essa ideia de nudez com uma abordagem diferente. Naïve (2012) explorou a relação homem-natureza. Em Sans Tache (2014), eu falo sobre como olhamos para nossas próprias cicatrizes em nosso corpo. Nós realmente precisamos pensar sobre o quão importante essas cicatrizes são nas nossas vidas e como elas nos fazem quem somos como pessoa. Não podemos apagá-las com tempo. Somos apenas essa construção de diferentes possibilidades ”.
Em 2016, “I am online” discutiu o sufocamento causado pela internet e as máscaras que criamos para sobreviver nas diversas redes sociais. Já sua última série,
“I am Light – Você é Luz”, de 2018, as fotografias são um convite para o espectador olhar a si próprio e buscar a compreensão de que tudo que precisamos, na realidade, está dentro de nós mesmos.
Sua quinta exposição autoral mistura técnicas fotográficas com a já tradicional construção de instalações humanas, feitas por meio da pintura dos modelos e de aplicações de diversos elementos, como o glitter. O resultado são explosões de luz que emanam dos modelos. “Quando nos conectamos profundamente com nossa energia vital, percebemos que somos um grande universo de possibilidades.
Isso me motivou a pesquisar diversas técnicas para representar essa iluminação espiritual”, diz o artista.
Em 2019, Wickbold procurará ampliar os limites desse espírito conectivo com exibições de galeria agendadas para Londres, Berlim e Lisboa. Embora, o artista seja rápido em notar que o que mais o motiva é o desejo de encorajar as pessoas a pensar mais profundamente sobre a experiência humana. “Acredito no poder extremo da arte para nos fazer parar e compreender como é importante olharmos para dentro e nos sentirmos presentes”, diz Wickbold. “Nós somos nossa própria fonte de verdadeira felicidade.”
Para conhecer mais sobre o trabalho de
Gabriel, visite o gabrielwickbold.com.br