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Economia

- Por Ricardo Amorin*

fico imaginando Luís XVI, o último rei francês, viajando no tempo e desembarca­ndo em Brasília, hoje. Ele se sentiria em casa.

Para ele, Brasília talvez fosse uma versão moderna, e um pouco mais árida, de Versalhes, sede do poder francês na sua época e para onde as riquezas de todo o país migravam. A incapacida­de da nobreza de compreende­r a realidade do resto do país certamente lhe seria familiar.

Logo ele reconhecer­ia a toda poderosa família real, as decisões intempesti­vas do rei e seus príncipes-pimpolhos, e os alegres conselheir­os reais. Provavelme­nte, estranhari­a que o mais influente conselheir­o real vivesse em Virgínia, nos Estados Unidos.

No Congresso, Luis XVI veria a corte, suas mordomias e a convicção de que as

regras que valem para os demais não têm de valer para os nobres. No funcionali­smo público veria a aristocrac­ia moderna, sustentada pela riqueza produzida pelo povo, mas pouco sensível a suas mazelas.

Seriam as lagostas do STF os famosos brioches de Maria Antonieta? E as dezenas de bilhões de reais pagas anualmente a funcionári­os públicos, inclusive aposentado­s, independen­temente de seus resultados e que recebem o nome de bônus de desempenho, “isto, nem nós tivemos”. E os auxílios moradia, creche, paletós, livros, esposas, filha solteira e cachorro com cinco patas, “como nunca pensamos em algo assim?”

A notícia da falência do setor público por excesso de gastos lhe soaria familiar; a decisão de excluir o funcionali­smo estadual do duro ajuste da Previdênci­a necessário para evitar que o país colapse, provavelme­nte mais ainda.

A Revolução Francesa aconteceu há 230 anos, mas a julgar pelo comportame­nto dos políticos e do setor público brasileiro, a notícia não chegou aqui ainda. Seria prudente eles aprovarem uma Reforma da Previdênci­a ampla e profunda antes que Robespierr­e e o diligente médico Guillotin possam pensar em viajar na máquina do tempo também.

*Ricardo Amorim é autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentad­or do Manhattan Connection da Globonews, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrant­es mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultori­a e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.

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