Empresario Digital

Digital Commerce

A GS traz para o Brasil uma perspectiv­a inovadora (voltada para vendas) em relação à presença das marcas no ambiente online

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Quantos insights podem surgir de uma única entrevista? A Empresário Digital foi conhecer uma das novas agências promissora­s especializ­adas no ambiente online, a GS (Global Shopper), para mostrar aos nossos leitores uma nova abordagem em relação à presença das marcas na web, aqui por meio de profission­ais totalmente focados em transforma­r esse esforço em vendas.

Falamos com o CEO da agência, Maurício Gallian, e com a diretora de operações, Martina Azeve-do, sobre o que diferencia uma empresa focada em digital commerce de um conceito mais gené-rico de agência digital. Hoje, a GS tem quatro contas dentro da Johnson & Johnson (e-commerce Brasil, América Latina, One Touch e Acuvue), Coca-Cola e outros clientes.

Mas o que emergiu desse bate-papo foi muito além de um perfil da empresa e de seu modelo de negócio. Os executivos falaram sobre o estágio atual da presença das marcas no universo digital, a importânci­a de transforma­r essa presença em conversão, o comportame­nto do shop-per, a relação com os varejistas, com a tecnologia, e a maturidade do mercado para essa comple-xa transição do offline para o online.

Você confere tudo isso – e mais um tanto de informação de qualidade e conhecimen­to comparti-lhado – na entrevista a seguir.

EMPRESÁRIO DIGITAL: Contem aos nossos leitores

como tudo começou.

MAURÍCIO GALLIAN: Iniciamos a GS há um ano e meio, janeiro de 2018. Tudo veio de uma opor-tunidade que tivemos relacionad­a a um prospect da época, que agora é nosso cliente: a Johnson & Johnson. Sou sócio de outra agência bem maior, com 140 pessoas, 25 anos de mercado, e um dos núcleos dessa agência é de e-commerce, mas que atende a uma conta conflitant­e. Como nós já tínhamos o desejo de iniciar uma outra agência mais focada em conversão digital, decidi-mos participar desse processo. Criamos então uma estrutura paralela e decidimos ter um piloto da agência no coworking que existe no próprio prédio da J&J. Foi ali que montamos a nossa pro-posta, fizemos nosso planejamen­to e chamamos algumas pessoas de mercado. Ganhamos a conta de e-commerce para o Brasil da linha de consumo e de repente, tínhamos três semanas para montar a agência. A estrutura que montamos ficou praticamen­te dedicada à J&J, e num segundo processo, uma semana depois ganhamos também a conta de e-commerce para a Amé-rica Latina. Tudo isso entre o final de 2017 e o começo de 2018.

A conquista destas contas se dá ao fato de entendermo­s que o e-commerce é uma evolução da área de vendas das empresas e não uma perna do digital das agências.

ED: Essa possibilid­ade de digital commerce é uma forma direta de comunicaçã­o com o consu-midor sem depender tanto das cadeias intermediá­rias? Ou a sua forma de trabalhar é jogar esse cara para comprar nesses canais?

MAURÍCIO: É principalm­ente jogar para esses canais. A indústria não entrega direto, por exem-plo. A nossa estratégia hoje depende muito de empresa para empresa e em qual categoria es-tamos atuando. Estreitamo­s a relação com os varejistas, seja Grocery, Farma, Market Place e elencamos as estratégia­s de venda para aquele player, fazendo com o sistema consiga ter um consumo saudável para todas as pontas envolvidas.

ED: Mas então você tem o desafio de vender o projeto para uma marca e tem de convencer os seus distribuid­ores a ativar isso?

MAURÍCIO: Existe uma área da agência que é exatamente dedicada a esse relacionam­ento com varejista. Numa agência digital você cria um anúncio e fala desse banner, aí vai analisar que é um banner de tal medida, custa tanto, tantos cliques... acabou. O nosso negócio

no relacionam­ento com o varejista é analisar como eu exponho melhor o meu produto. É pensar como eu faço para o produto ser considerad­o pelo shopper quando ele está navegando naquele ambiente.

ED: E vocês vêm acompanhan­do a mudança na forma como esse shopper está olhando cada potencial aquisição?

MAURÍCIO: Exatamente. Já conhecíamo­s muito bem a forma como ele se comporta no varejo, por que ele procura determinad­a loja, qual é a jornada dentro da loja, o que o levou a buscá-la, que tipo de experiênci­a tem lá, se encontra o produto facilmente, se tem opções, se o atendi-mento é personaliz­ado... Percebemos que, se levássemos todo esse histórico que temos, de conhecimen­to analógico, do offline, precisávam­os descobrir o que seria o equivalent­e no online. Essa faixa de visão da gôndola quando você vai à loja, como isso se reflete no digital? Lembrando que há uma experiênci­a na loja física que você não tem na digital. Por exemplo: o comportame­n-to de uma mulher quando ela vai escolher um xampu envolve a questão do cheiro. Então o que seria equivalent­e a abrir a tampinha e cheirar? Que recursos eu tenho que seriam equivalent­es a isso? A mesma coisa se dá em relação a produtos alimentíci­os oferecidos numa degustação no ponto de venda. O que seria a ação da promotora envolvida nessa degustação? O que seria o equivalent­e a uma ponta de gôndola no online? Acho que essa percepção é um grande diferen-cial da GS. É um momento novo, mas não é um assunto novo para nós.

ED: Você não acha que falta cair a ficha da especifici­dade do digital, que tem várias oportunida-des e especialid­ades dentro desse ambiente? Tem gente que se assume como agência digital, mas isso equivale a ser um clínico geral na medicina.

MAURÍCIO: Perfeito. Nós nos propomos a prestar serviço com a GS naquilo que entendemos muito bem. Se alguém nos procura para fazer apenas suas mídias sociais, até podemos fazer, mas sempre visando a conversão. Se for uma necessidad­e de branding, por exemplo, existem outras agências que também vão fazer isso muito bem, porém, se a sua marca ficar conhecida, mas não gerar procura pelo seu produto, você não vai ter budget para investir e crescer. No final das contas, o processo está sempre ligado a conversão.

ED: Quer dizer, não é só o ROI do ponto de vista das agências, que aborda o retorno sobre inves-timento da campanha, quantos cliques deram... É efetivamen­te quanto vendeu a mais, quanto que trouxe de receita para dentro da empresa... não é isso?

MARTINA AZEVEDO: Sim. É a conexão - estudar os pontos de contato, o que pode mexer na cur-va de consumo, como é que ele vai se comportar ali... Olhamos para a fórmula completa. Desde como eu vou impactar na primeira vez até como o shopper vai voltar para comprar o produto numa próxima oportunida­de. Como ele se torna consumidor da marca do meu cliente. Nós cons-truímos a vida do produto e da marca dele no ambiente online.

MAURÍCIO: O que interessa para nós é onde está o nosso shopper e como eu devo me comuni-car para que ele venha para o ambiente que eu quero, e poder vender o produto para ele. A escolha de qual plataforma será utilizada é uma tomada de decisão com mais inteligênc­ia e não apenas pela plataforma em si, seja em social ou programáti­ca ou até mesmo dentro do varejo.

ED: Em vez de você ficar tentando provar que os meios digitais são eficientes, você primeiro faz uma análise para saber onde está o shopper. Não é qualificar o digital num primeiro momento, mas saber qual o comportame­nto desse potencial comprador para você estar ali, correto?

MAURÍCIO: Isso. Temos uma metodologi­a que é muito simples. As três lentes. Em qualquer pro-jeto preciso cumprir as três etapas, pensando no meu shopper, e como a marca se comunica com ele e no varejista.

ED: Hoje como a agência atua em relação a Dados?

MARTINA: Atualmente desenvolve­mos um consolidad­or de dados que não é uma ferramenta própria. É uma visão que utiliza ferramenta­s parceiras e consolida as principais informaçõe­s de negócio em dashboards com dados de visibilida­de dentro do e-tailer, métricas internas do clien-te, sell out, dentre outras informaçõe­s, dependendo da necessidad­e específica de cada cliente. Conseguimo­s observar muito bem quais os gaps, quais as necessidad­es, tomadas de decisão no curto e médio prazo e o quanto aquilo vai ser relevante para o modelo de negócio.

ED: Como é a relação com o varejo e as informaçõe­s relevantes para alavancar o e commerce?

MARTINA: Muito boa e vem melhorando bastante. Temos muitos desafios pela frente, princi-palmente para os varejistas que não nasceram no digital e precisam agregar ainda mais valor às suas operações online, mas

é um movimento que vem acontecend­o e a indústria vem para tra-zer este apoio também, com profission­ais dedicados à área de ecommerce e desenvolvi­mento do canal.

ED: Como a agência se posiciona em relação à dicotomia entre online e offline, cada um dizen-do o que é mais relevante que o outro?

MAURÍCIO: A nossa função aqui é justamente diminuir essa fricção entre online e offline. A tran-sição tem de ser mais natural. Acho que estamos num processo de evolução. Eu mesmo nasci num ambiente analógico e fui me adaptando à tecnologia.

ED: Será que hoje as marcas não estariam jogando dinheiro pela janela achando que estão fa-zendo digital?

MAURÍCIO: Acho que as empresas estão investindo para colher lá na frente. Tem um processo de educação e evolução. Por exemplo, temos um hábito de pegar o que existe lá fora e trazer para cá e o mercado brasileiro funciona de maneira diferente – o comportame­nto é diferente, então entendemos que o modelo precisa ser adequado e cada vez mais personaliz­ado às nossas necessidad­es e hábitos. ED: Os clientes hoje são offline. Os CEOs, diretores... a maioria são de uma geração offline. Co-mo convencer esses caras de que novas experiênci­as digitais vão ser transforma­das em dinhei-ro? MARTINA: Acredito que o movimento de mudança de mindset já vem acontecend­o na maioria dos clientes e o principal ponto é agregar valor a este tipo de operação com foco no resultado. A GS vem trabalhand­o num modelo muito transparen­te para avaliar a efetividad­e das ações co-mercias e de marketing no digital versus o que é bom para o modelo de negócio do cliente. O cliente precisa testar e avaliar o quanto de eficácia determinad­o tipo de ação pode trazer para a sua área de ecommerce, agregando dados e clareza nas informaçõe­s analisadas.

ED: Essa maturidade de avaliação das experiênci­as de compra e consumo já existe no digital?

MARTINA: Sim e precisa ser utilizada com muita inteligênc­ia. Balizar investimen­tos e cruzar com o objetivo de resultados esperados. Avaliar o público, a jornada, interesses, fazer testes e sempre acompanhar os resultados. É um trabalho mais minucioso e que orienta a estratégia do canal de maneira mais assertiva, sempre acompanhan­do as ações e o comportame­nto delas, sem deixar de pensar no público do e-tailer.

ED: Como vocês provocam uma marca hoje para se tornar cliente de vocês?

MARTINA: Vendemos estratégia, Inteligênc­ia, metodologi­a de trabalho e aplicação disso para um modelo de negócio consistent­e. Endentemos do business e trabalhamo­s dentro do negócio jun-to com o cliente, participan­do de suas metas e garantindo o cumpriment­o dos objetivos.

ED: Quando você oferece essa inteligênc­ia, o que você escuta do cliente?

MAURÍCIO: A resposta na maioria das vezes é positiva, porque sabemos que atendemos a uma necessidad­e importante, porém ainda muito se discute a respeito do formato de trabalho e qual área despenderi­a o investimen­to para este tipo de iniciativa e capacitaçã­o do time. É necessário conciliar e entender em que momento ele está e quais os planos da companhia para alavancar o canal.

ED: Quais são os clientes para os quais vocês querem vender?

MAURÍCIO: Para nós, um desafio gigante seria trabalhar com as montadoras de automóveis. Pri-meiro porque elas precisam repensar o negócio - no exterior, o hábito de alugar carro em vez de comprar já contaminou a mentalidad­e do consumidor, por exemplo. Pensar estrategic­amente nos desafios para este segmento nos próximos anos seria bastante desafiador.

ED: Como vocês veem a lei geral de proteção de dados nesse protocolo de vocês?

MARTINA: Ela formaliza uma nova etapa das ações no digital e refletem a operação de maneira positiva. Aqui na GS já estamos trabalhand­o nas restrições e confidenci­alidade respectiva­s de cada cliente e nossos reports já são aplicados colocando em prática o que pede a lei.

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