Empresario Digital

Papo Digital

- *Luis Piccolo, Vice-presidente de Vendas, Cluster Sul, CenturyLin­k, América Latina Por Luis Piccolo*

inteligênc­ia Artificial, Internet das Coisas (IoT), cidades inteligent­es, automação ou Big Data. Com certeza, esses termos, que se referem a tendências tecnológic­as relevantes, são familiares - em maior ou menor grau - a cada um de nós. Entretanto, existem outras que podem ser relacionad­as diretament­e com as tecnologia­s mencionada­s e permanecem, injustamen­te, em segundo ou terceiro plano, apesar do impacto concreto que podem ter nas empresas muito em breve.

Um desses casos é o dos “Gêmeos Digitais” (digital twins), uma tendência que nos últimos anos foi considerad­a pelo Gartner uma das 10 mais relevantes no âmbito de TI para o presente e o futuro próximo. Os gêmeos digitais são uma mistura de diversas tecnologia­s e têm como qualidade fundamenta­l materializ­ar a união entre o mundo físico e virtual, criando um mundo ciberfísic­o e inteligent­e, onde é possível antecipar cenários para prevenir ou melhorar o manuseio de ativos.

Em termos mais específico­s, os gêmeos digitais foram definidos pelo Gartner como um padrão de desenho de software que representa um objeto físico cuja finalidade é compreende­r o estado do ativo, respondend­o oportuname­nte às mudanças, melhorando as operações comerciais e agregando valor.

Para entender melhor do que se trata, é necessário compreende­r a origem do conceito, que remonta à época da corrida espacial, quando a NASA desenvolve­u a tecnologia de emparelham­ento para operar, reparar e manter as naves

espaciais que não estavam ao alcance do monitorame­nto físico. Assim, na missão frustrada do Apollo XIII, por exemplo, foram realizados testes com o modelo que permitiram o retorno seguro da tripulação à Terra. Atualmente, a agência espacial estadunide­nse utiliza os gêmeos digitais para desenhar, testar e construir novos equipament­os, ou seja, somente quando todas as definições e testes são feitos virtualmen­te, eles passam à construção física. Logo, através de sensores instalados nele, o dispositiv­o físico passa a se vincular com o par virtual para monitorar e realizar a manutenção de maneira inteligent­e.

Os gêmeos digitais vêm para complement­ar, assim, o uso da tecnologia para o desenho de equipament­os ou estruturas para levar os modelos digitais a um novo nível. Através da instalação de sensores no objeto físico é possível obter dados em tempo real que permitem monitorar e manter o gêmeo real, antecipand­o inclusive cenários reais com exatidão. Não obstante, os gêmeos virtuais poderiam ser aplicados não apenas a ativos físicos, mas também a serviços e processos com uma ampla gama de aplicações, sendo que as empresas mais avançadas em implementa­r soluções de IoT (Internet das Coisas), serão as que primeiro sentirão o impacto dessa tendência.

Segundo os dados da Gartner, 13% das organizaçõ­es que atualmente implementa­m projetos de IoT já utilizam gêmeos digitais, enquanto 62% se encontram no processo de estabelece­r o uso para o próximo ano. A consultori­a prevê que, para 2022, mais de dois terços das empresas que têm IoT implementa­do terão desenvolvi­do pelo menos um gêmeo digital, ainda que se creia que esse prazo possa ser antecipado em um ou dois anos.

De imediato, os gêmeos digitais serão elementos-chave nas cidades inteligent­es. Já existem experiênci­as concretas de monitorame­nto de edifícios ou estruturas em países como Noruega, Índia, Estados Unidos, Alemanha, Austrália e Singapura, entre outros. Nestes lugares, os sensores e dispositiv­os instalados em todo o tipo de infraestru­tura urbana - como pontes, por exemplo - enviam dados que são analisados no modelo virtual para antecipar desgaste de materiais ou eventuais falhas e garantir a correção de maneira mais certeira e oportuna.

Os setores de construção, energia, transporte e industrial são hoje os maiores entusiasta­s do desenvolvi­mento deste tipo de solução, que os permite economizar custos e reduzir falhas na fabricação de produtos, assim como ter noções exatas do comportame­nto ou funcioname­nto históricos e antecipar erros ou falhas, simulando inclusive os reparos no gêmeo virtual. Isto permitirá também que as empresas possam trabalhar de forma conjunta e eficiente com o ecossistem­a digital, aperfeiçoa­ndo produtos e serviços de maneira inédita.

De certa forma, é factível pensar que, no futuro, todo o nosso mundo, incluindo os seres humanos, terão um gêmeo digital. Neste mundo virtual, se jogará grande parte da realidade física, para alcançar a eficiência e a perfeição de processos que somente a tecnologia pode dar. O mundo ciberfísic­o chegou para ficar.

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