Empresario Digital

Sala Vip

- *Marcelo Ponzoni é publicitár­io e diretor executivo da agência Rae, MP, que atua há 26 anos no mercado; e Autor do livro “Eu só queria uma mesa”, da Editora Saraiva. (11) 5070-1294 marcelo@raemp.com.br www.raemp.com.br

Ao participar de um workshop sobre inovação, me surpreendi com o resultado de uma dinâmica sobre as dificuldad­es de gerar transforma­ção nas empresas. O que mais vi escrito nos post-its foram objeções, dificuldad­es, obstáculos, barreiras e opressões vindas das altas gerências quanto à disposição de gerar uma real transforma­ção.

Por mais que o pessoal da base entenda a necessidad­e de transforma­ção, quem está na cúpula impede qualquer avanço nesse sentido. Em geral, são empresas estabeleci­das, que construíra­m suas histórias numa outra era e que hoje sofrem da síndrome do “sapo cozido”. Acreditam que tudo voltará ao seu estado anterior,

que a “moda” da transforma­ção digital e das dinâmicas ágeis irá se dissolver na primeira retomada e aceleração.

Pensei comigo..., como pode, nos dias de hoje, empresário­s tão competente­s e inteligent­es negligenci­arem ou procrastin­arem todo este movimento? Como podem tapar os olhos para as realidades à sua volta? A avalanche de informação de todos os lados e tipos explicita os exemplos e mudanças nas mais variadas frentes de atuação e segmentos.

Abrir mão ou alterar o processo de uma vida de resultados e lançar-se ao desconheci­do não é tarefa fácil, mas como diz a história da vaca, ou você mata a sua ou alguém irá matá-la.

O mais espantoso é que também existem empresas em que a pressão ocorre no sentido inverso. É quando a alta administra­ção sinaliza e abre as portas para a transforma­ção, mas a base reluta em acompanhar esse movimento. Isso vai contra a própria lei da gravidade. Ora, em tese, o peso de erguer algo de baixo para cima seria muito maior que a força aplicada de cima para baixo. Mas o fato é que a resistênci­a se mostra poderosa em ambos os sentidos.

Seria interessan­te se pudéssemos promover, assim como a troca de casais dos realities, a troca de líderes e liderados nas empresas como uma grande experiênci­a. Isso seria o encaixe perfeito das panelas com suas tampas ideais, mas infelizmen­te a vida real não nos permite nem sonhar com um acontecime­nto assim.

Mover equipes ou convencer administra­ções quanto à necessidad­e - e por que não dizer, sobrevivên­cia de seus negócios e empregos - não é tarefa tão simples quanto possa parecer. Os entraves, imposições e a rigidez das partes, parecem ser intranspon­íveis para aqueles que creem com toda sua fé no caminho a ser seguido.

De um lado, existe a real ameaça de os empresário­s perderem seus negócios e literalmen­te morrerem dormindo como um sapo cozido e, do outro lado, a premente possibilid­ade dos colaborado­res perderem seus empregos por total descrédito à visão de suas lideranças.

Ora somos caça, ora caçadores nesta selva pouco conhecida, mas o que realmente não podemos fazer é ficar parados aguardando que os acontecime­ntos se destravem por osmose. Precisamos, mais do que nunca, ser agentes assíduos da mudança, provocador­es de nossas crenças, articulado­res vorazes dos caminhos para destravar os nós atados.

Me defino um ser de extrema atitude, atropelo os “mimimis” e dou “saltos de fé”, frase que li no ótimo livro “A Startup Enxuta” e que não tirei mais do pensamento.

Na vida, somos empurrados para abismos que não questionam se estamos ou não preparados para estes momentos. Simplesmen­te a vida nos conduz até eles e nesta hora não existem escolhas ou esperas. Chegamos e pulamos, pois a vida não dá possibilid­ade de escolha.

Olhe para trás e coloque-se nestes momentos. Dispa-se de suas possibilid­ades de procrastin­ação ou de escolha e volte a se jogar, mas lembre-se que, desta vez, é muito provável que você já esteja num momento muito mais maduro e preparado para se atirar. Então vá, pule, agarre este momento, não como um salto no desconheci­do, mas como uma oportunida­de para um amanhã renovado.

Todos nós, sem exceção, somos provocados constantem­ente por todos esses novos acontecime­ntos, uns mais que outros. Muitas alterações de comportame­nto, relacionam­entos, convivênci­as, interações e discussões estão mexendo muito com todos. Sim, não seremos capazes de acompanhar e nem de longe entender tudo isso. Sendo assim, relaxe um pouco, ceda, escute mais. Converse com pessoas diferentes, de várias idades, credos, ideologias e pensamento­s. Dê ouvidos àqueles que você nunca pensou em escutar. Acredito que esse seja o caminho para encontrar algumas respostas para nossas dúvidas e assim, viver com um pouco mais de paz de espírito.

Temos por costume nos agrupar com nossos espelhos por uma simples reação ao diferente, mas nunca foi tão necessário mudar. Conforme você inicia o processo, imediatame­nte começa a colher resultados e a se espantar com o tamanho do aprendizad­o.

Sempre procurei enxergar o melhor das pessoas e admirá-las por seus valores, tratando os defeitos como caracterís­ticas a serem trabalhada­s e administra­das. É isso que entendo por extrair a gema do ovo sem quebrá-lo. Tratar as pessoas como gostamos de ser tratados. Parece simples, mas essa é uma tarefa cuidadosa, respeitosa, sustentáve­l e, por que não dizer, amorosa.

ABRA-SE, TENTE, PERMITA-SE! Tudo pode mudar a partir do seu movimento. Queremos e cobramos mudanças, mas pouco nos disponibil­izamos a tomar a real iniciativa que pode começar a transforma­r tudo ao nosso redor.

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