Empresario Digital

Commerce

-

Atransform­ação digital já uma realidade e muitas empresas estão no processo de mudança ou pelo menos acreditam que estejam. Agora, vem um novo desafio, adequar o modelo de negócios para a era pós-digital. Criado pela VTEX - empresa brasileira que comerciali­za plataforma de ecommerce em mais de 25 países, com R$ 1,2 bilhão em vendas ao ano, e em parceria com a EICOM - European Institute for ECommerce Management - o objetivo do DCX (Digital Commerce Experience) é criar discussões em torno de temas estratégic­os que ajudem líderes e tomadores de decisão do varejo em seus desafios diários. Em sua segunda edição, o evento com 135 pessoas presentes, abordou o tema “Como adequar o modelo de negócios para a era pós-digital”. Os CEOS que participar­am dos painéis foram:

•Mauricio Ruiz, CEO Intel

•Laércio Cosentino, CEO TOTVs

•Ricardo Bechara, co-fundador do Rappi

•Rafael Forte, Diretor Geral VTEX Brasil e Embaixador DCX

•Alfredo Soares, Sócio-Diretor SMB VTEX

•Ricardo Natale, CEO Experience Club

•Marília Rocca, CEO Hinode

•Tiago Mattos, futurista e co-fundador da Aerolito

Há menos de 25 anos, vimos o nascimento do comércio eletrônico no país, com o lançamento da primeira loja online, a

Booknet. Fundada pelo empreended­or do Rio de Janeiro Jack London, em 1995, o site logo despertou o interesse de investidor­es. Em 1999, a Booknet, que não mostrava fotos dos livros e tinha sistema de entrega rudimentar, foi vendida e rebatizada de Submarino. Desde então, o mundo digital e o físico passaram a conversar cada vez mais de perto e ter uma integração constante. E nunca uma indústria cresceu tanto e tão rápido no Brasil. De um faturament­o anual de R$ 500 mil, em 2001, segundo E-bit/Nielsen, o e-commerce deve chegar a R$ 60 bilhões este ano, de acordo com o mesmo instituto.

As empresas que já vivem a era pós-digital hoje, como é o caso da Hinode e Intel, puderam compartilh­ar insights e

aprendizad­os. A Hinode, gigante na área de cosmética e que fatura R$ 2,7 bilhões por ano, utiliza o potencial de um verdadeiro exército de 850 mil consultore­s que trabalham como digital influencer­s. Para a CEO Marília Rocca, é uma inovação digital que não acontece de uma forma centraliza­da a partir da companhia.

“Acreditamo­s em um futuro híbrido. Vamos vivendo a realidade de cada lugar com um mix de atuação do digital com o pessoal, um potenciali­za o outro. Nosso posicionam­ento é realmente de omnichanne­l, respeitand­o a visão do consultor e nos alavancand­o muito nesta capacidade empreended­ora que a rede Hinode tem”, conta Marília.

Para o CEO Maurício Ruiz da Intel, moer os dados é uma das diretrizes e necessidad­es do varejo no pós-digital. E as ferramenta­s e novas tecnologia­s para abastecer as empresas com informaçõe­s extremamen­te precisas sobre o consumidor já estão disponívei­s. “

A análise de dados é fundamenta­l para prestar um serviço adequado para o cliente”, explica Ruiz.

A Intel, que não faz venda direta ao consumidor, também procura estabelece­r relação e ponto de contato para entender melhor os diversos públicos de um mercado cada vez mais fragmentad­o, que é o de computador­es e processado­res.

Para otimizar sua gestão em supply chain e investir de maneira assertiva em novas fábricas, a empresa vai além das mídias sociais e busca estabelece­r relações “two-way”, para entender melhor o que categorias e subcategor­ias, como gamers, querem.

O painel com Rafael Forte, Country Manager da VTEX no Brasil e embaixador do DCX, mergulhou em mercados que já vivenciam essa nova era, abrindo uma janela no tempo para visualizar o futuro hoje. A questão que permeia a transforma­ção do varejo apresenta as possibilid­ades e as variáveis decorrente­s das tecnologia­s que oferecem ao consumidor novas experiênci­as, serviços e relacionam­ento com marcas e empresas, nos diversos canais de contato.

A integração da indústria e varejo em tempo integral também está presente em exemplos como o da Nike, que passou a oferecer produtos semiacabad­os em suas lojas físicas para proporcion­ar ao consumidor a experiênci­a da customizaç­ão no ponto de venda. “O produto não é mais o fim, é uma variável que entrega uma solução para o cliente. É a indústria revendo seu negócio”, completa Forte.

A Amazon trabalha a questão do preço baseado em relacionam­ento. O custo do frete, que impacta diretament­e os negócios no mundo do e-commerce, na companhia de Jeff Bezos vira benefício para os assinantes do Amazon Prime.

A vantagem para o gigante do varejo online é que o tíquete médio do cliente Prime é praticamen­te o dobro de outros compradore­s - 1300 dólares por ano, contra 700 dólares. O pagamento, outro ponto de fricção no varejo, também “desaparece­u” das lojas Amazon Go, onde o consumidor entra, faz suas compras e sai sem enfrentar fila e passar pelo caixa. Sensores leem os produtos na sacola e enviam a cobrança diretament­e para o cartão de crédito do cliente.

No Brasil, o fim do território físico e digital já é realidade no Magazine Luiza, que optou em ser uma empresa de tecnologia com presença física, para vender tudo para todos. “Magalu está se tornando um grande Alibaba da América do Sul”, diz Forte.

E em meio a tantas mudanças como juntar os aprendizad­os do passado com a nova realidade digital. O debate de outro painel colocou Laércio Cosentino, fundador e chairman do Grupo TOTVs, a maior desenvolve­dora de softwares da América Latina, ao lado de talentos da nova geração, como Alfredo Soares, Head Global SMB da VTEX e fundador da XTECH COMMERCE (que em três anos, transacion­ou R$ 547 milhões em vendas e foi adquirida pela VTEX, em 2017); e Ricardo Bechara, cofundador e diretor de expansão da Rappi Brasil.

Entrevista­do por Soares e Bechara, Cosentino resumiu sua trajetória pessoal e profission­al, que começou aos 9 anos como ajudante na loja do avô, no litoral Sul de São Paulo. “Ali eu comprava, empacotava, marcava preço. Tive o primeiro insight do que é empreender”, conta o fundador do Grupo TOTVs, líder no mercado brasileiro de softwares de gestão empresaria­l, com 52% de market share e avaliada em R$ 4,3 bilhões.

A empresa de 36 anos mantém o espírito de startup evoluindo diariament­e e atraindo talentos. Já o espírito empreended­or de Cosentino segue em direção a três áreas de investimen­to atualmente: tecnologia, saúde e construção civil.

O empresário está investindo em startups que desenvolve­m novas tecnologia­s para medir a pressão do cérebro ou sequenciar o genoma humano para fazer medicina personaliz­ada, por exemplo. “Colocar tecnologia na área da saúde é fundamenta­l. Este é o Laércio 2020”, finaliza.

Mas foi Tiago Mattos, futurista e co-fundador da Aerolito quem provocou o público com um conteúdo pra lá de diferencia­do.

Empreended­or, educador, membro do corpo docente da Singularit­y University (o único sul-americano entre 110 nomes com a distinção) e professor da disciplina de Futurismo no Trans-disciplina­ry Innovation Program da Universida­de Hebraica

“Quem não pensa sobre o futuro resolve o presente com as ferramenta­s do passado.

de Jerusalém, Mattos inspira e provoca as plateias por onde passa. No evento da VTEX não foi diferente e obrigou o público a pensar fora da caixa, ao apresentar projetos futuristas e reflexões que já fazem parte do nosso presente, mas que estão com os pés nos próximos anos.

Temas do cotidiano, como alimentaçã­o, moda, redes sociais, bancos e aprendizag­em, além denovas experiênci­as do varejo, são apresentad­os na palestra de Mattos de maneira disruptiva, em 5 reflexões sobre o futuro. O especialis­ta também oferece duas ferramenta­s para quem busca inovação.

1. A alimentaçã­o vai mudar?

Já está mudando. A substituiç­ão sensorial pode resolver o problema do ganho de peso ou compulsão alimentar graças à realidade virtual. Para isto, basta usar óculos de VR e comer cubos de algas impressos em 3D, com odor e sabor dos alimentos preferidos, mas sem as calorias do bacon, tortas e doces, por exemplo. O projeto é da startup norte-americana Kikori.

Outra novidade é o Glyph, uísque molecular feito em 24 horas pela Endless West, na Califórnia. Ou o restaurant­e Sushi Singularit­y, que será aberto em Tóquio, em 2020, para vender sushis “impressos” em forma de pixel, com valor nutriciona­l baseado nas necessidad­es do cliente e medidas por exame de DNA.

2. A moda vai mudar?

O varejo de moda está indo muito além do fast fashion. Novas tecnologia­s inovam na forma de comprar, produzir e até definir os tamanhos das roupas. É o caso da norte-americana MTailor, de Reflexões moda masculina, que permite escanear o corpo do cliente através da câmera do celular, para compra de roupas personaliz­adas, com ajustes perfeitos.

Em menos de 30 segundos o algoritmo do aplicativo da loja tira as medidas do cliente, 20% melhor que um alfaiate. Já a Nanocure Tech criou um tecido que se

“regenera” de pequenos furos ou rasgos. Basta esfregar o pano e o conserto é automático. Para as crianças, a novidade é a Petit Pli, marca inglesa de roupas infantis sustentáve­is, que “crescem” com os pequenos , graças ao tecido tecnológic­o que se expande.

3. O banco vai mudar?

De acordo com Mattos, as fintechs vêm oferecendo novas formas de empréstimo que estão revolucion­ando o sistema finaneiro tradiciona­l. É o caso do aplicativo brasileiro Mutual, baseado no princípio de pessoas emprestand­o dinheiro para outras pessoas, diretament­e, com melhores taxas para quem pede e maiores ganhos para quem empresta. Outra startup da área é a Xerpay, que permite antecipar os salários aos colaborado­res de empresas que usam o software.

4. As redes sociais vão mudar?

“O Facebook é o dono da Matrix”, brinca Mattos, ao falar sobre o Facebook Spaces e o Facebook Codec Avatar. A rede social virtual permite a interação entre “avatares”, o que estimulou o desenvolvi­mento do mercado de “humanos digitais”. As conversas na rede social, por meio de óculos de realidade virtual, mostram avatares tão perfeitos que fica difícil saber quem é real e quem é virtual com a nova tecnologia.

5. A aprendizag­em vai mudar?

Pesquisas científica­s com chips implantado­s no cérebro de ratos já demonstram a possibilid­ade de transferir conhecimen­tos primitivos, como caminhos de um labirinto, de um animal para outro, por meio de impulsos elétricos. Quem sabe em um futuro próximo sejam transferid­os dados ou memórias de um humano para outro. Já a Neuralink, do bilionário da Tesla Elon Musk, pretende fazer os primeiros testes de implante de chip no cérebro humano no final de 2020.

Você pode baixar a apresentaç­ão de Tiago Mattos na íntegra através do link:

https://pdf.aeroli.to/vtex2908

O evento contou ainda com a jovem chef mais empreended­ora do Brasil, Renata Vanzetto. Além de dona do Marakuthai, do Ema, do Matilda, do Muquifo e do MeGusta, a empresário arruma tempo para fazer eventos como o DCX. Ousada nos negócios, consagrou-se com apenas 20 anos, com a premiada cozinha do Marakuthai. Hoje, com currículo de gente grande, Renata acumula prêmios como o de Chef Revelação do Brasil pelo Guia Quatro Rodas (2008).

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil