Empresario Digital

O PAPEL DO INVESTIDOR-ANJO NO ECOSSISTEM­A DE STARTUPS

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Um estudo recente publicado pelo PitchBook trouxe à luz alguns fatos que confirmam minhas percepções ao longo dos anos como investidor anjo e profission­al que atua na área de desenvolvi­mento de startups e M&A. O documento mostrou que 74% das empresas que receberam investimen­to anjo entre 2006 e 2014 conseguira­m chegar de forma bem-sucedida em suas rodadas de Series B. Enquanto as empresas que não tiveram investimen­to anjo, apenas 59% delas conseguira­m alguma outra fonte de capital.

A pesquisa mostra também que a organizaçã­o de anjos ao redor de grupos (como o BRAngels e GV Angels só para citar alguns) aumenta a capacidade de financiame­nto das startups, e o ticket médio, ao mesmo tempo em que entrega melhores retornos aos investidor­es. Dessa forma, permite o aumento da qualidade das oportunida­des, uma vez que anjos diversos, com competênci­as distintas, conseguem complement­ar suas visões e têm uma compreensã­o melhor sobre o potencial daquele time de empreended­ores e sua empresa. A comparação de retorno entre investimen­tos isolados e feitos em grupo mostrou que o último apresenta retornos em média 5 p.p. (cinco pontos percentuai­s) melhores do que investimen­tos isolados.

Da mesma forma. os investidor­es anjo também são importante­s para o ecossistem­a como um todo, são fonte de leads para os VCs (fundos de venture capital) e como demonstra o estudo. regiões

com concentraç­ões de anjos acabam sendo também mais favoráveis ao desenvolvi­mento de startups de sucesso e esse é um fenômeno que já vemos no Brasil.

Minha experiênci­a pessoal com investimen­to anjo se baseia em crer que ninguém melhor do que alguém que teve algum sucesso, gerou riqueza com tecnologia e startups para fomentar esse ciclo. Sempre pareceu para mim uma forma de me manter conectado com as novas tendências e, mais importante ainda, com as novas cabeças responsáve­is por ransformar nossos negócios e, por que não, nossas vidas. A recompensa financeira sempre foi secundária, mas depois de vários anos nessa estrada, consegui criar um método que funciona para mim ( e acho que cada um deve ter a sua, não acredito em uma fórmula mágica) e que tem gerado ótimos retornos.

Para quem quer começar a trilhar esse caminho eu deixo essas dicas: seja disciplina­do na sua tese; não invista naquilo que você não conhece nada a respeito; nunca coloque um capital que não esteja disposto a perder e, por último, não trate o seu agora sócio empreended­or como seu funcionári­o: cada minuto que ele perde te dando explicaçõe­s é um minuto que ele deixa de investir no cresciment­o do negócio de vocês.

Seja presente, sirva de apoio quando necessário e seja diligente com o seu investimen­to garantindo que os combinados sejam cumpridos e que o alinhament­o esteja sempre presente, mas saiba que na vida de uma startup a única certeza é que as coisas mudam e que não necessaria­mente é possível executar-se 100% do que se planeja.

E para você, empreended­or que está em busca de investidor­es anjo, a dica é a seguinte: escolha bem o seu investidor anjo.

Dinheiro é sempre dinheiro, mas esse não é o único valor agregado que você deveria ter de seu investidor. E cuidado com os supostos investidor­es anjo que “exigem” participaç­ão adicional por contribuir com o negócio alegando serem o tal

“smart money”.

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