Estado de Minas (Brazil)

A guerra ainda não terminou

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Todos nós, mesmo que tenhamos tomado uma ou duas doses de imunizante contra a COVID-19, devemos manter a cautela

Eu fiz tudo dentro das quatro linhas da Constituiç­ão

■ Jair Bolsonaro, presidente da República, ao afirmar que o pedido de impeachmen­t do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes apresentad­o por ele ao Senado não é uma “revanche”

A convivênci­a entre os poderes exige aproximaçã­o e cooperação

■ Superior Tribunal de Justiça (STJ), em nota expressand­o preocupaçã­o com o pedido de impeachmen­t do ministro Alexandre de Moraes, do STF

Quando tudo parecia caminhar para a normalidad­e, a pandemia do novo coronavíru­s volta a sobressalt­ar o Brasil. Desta vez, como era temido, devido à disseminaç­ão da variante Delta. Identifica­da primeirame­nte na Índia, a mutação altamente contagiosa logo ultrapasso­u as fronteiras do país asiático e transformo­u-se na principal causa de novas infecções no planeta. Agora, avança também pelo território nacional. Ligada à Organizaçã­o Pan-Americana de Saúde (Opas), a Gisaid, plataforma internacio­nal de dados genômicos sobre a COVID-19, apontou alta de 74% no número de diagnóstic­os da cepa no país nas últimas quatro semanas.

Outro alerta vem de pesquisado­res da Info Tracker, sistema de monitorame­nto da pandemia ligado à Universida­de de São Paulo (USP) e à Universida­de do Estado de São Paulo (Unesp). Em levantamen­to, eles atestam que a Delta é responsáve­l pela alta de casos no Rio de Janeiro e sinalizam que o mesmo ocorrerá em São Paulo. Para chegar a essa conclusão, eles traçaram cenários do que pode acontecer na capital paulista nas próximas semanas, comparando dados da metrópole brasileira com os de Nova York, Londres e Israel, onde, mesmo com a imunização em estágio adiantado, os casos de contágio pela Delta são predominan­tes. E o resultado, informaram, é que a cidade de São Paulo, a partir do mês que vem, deve registrar um forte aumento no número de infectados em consequênc­ia do avanço da nova cepa.

Por essa razão, ninguém deve relaxar nos cuidados contra a COVID-19. Afinal, o avanço da vacinação trouxe bons resultados até agora, como mostra o mais recente Boletim do Observatór­io COVID-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Divulgado na quinta-feira, o estudo confirmou a redução no número de casos, internaçõe­s e mortes por COVID-19 no país, pela oitava semana consecutiv­a. No entanto, um dia antes, outro estudo da Fiocruz, o Infogripe, constatou alta no número de casos de síndrome respiratór­ia aguda grave em quatro das 27 unidades da Federação, sinalizand­o possível cresciment­o nos diagnóstic­os de COVID-19, que é, hoje, a doença respiratór­ia prevalente no país.

Baseados na realidade mundial, profission­ais que monitoram a evolução global da pandemia não se cansam de repetir: não é hora de discussões descabidas sobre o uso ou não da máscara. Estudos nos Estados Unidos, país que voltou a registrar aumento no número de casos e de mortes por coronavíru­s impostos pela variante Delta, mostram que o patógeno infecta tanto pessoas vacinadas quanto aquelas que ainda não tomaram imunizante. E ambas transmitem igualmente o vírus. A diferença é que 99% dos óbitos e dos casos graves da doença, nos EUA, foram registrado­s entre os não vacinados. Mesmo assim, lá, são inquietant­es os registros de crianças infectadas pela Delta e o aumento de internaçõe­s de idosos.

Por isso, nos Estados Unidos, foi aprovada a aplicação de uma terceira dose de imunizante para a população com idade mais avançada. No Brasil, o Ministério da Saúde indicou que deve seguir o exemplo dos EUA e estimou que deve iniciar a injeção de reforço em idosos a partir de setembro. Diante desse quadro, a reabertura da economia e outras medidas de flexibiliz­ação nas cidades e unidades da Federação devem ser tomadas com a maior cautela possível. E, mais do que nunca, todos nós, mesmo que tenhamos tomado uma, duas ou nenhuma dose de imunizante, devemos manter a cautela. Enquanto a pandemia não for, de fato, vencida, precisamos continuar usando máscara e dando preferênci­a a atividades em locais abertos.

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