Estado de Minas (Brazil)

CRUZEIRO X CONFIANÇA: 7 ERROS

- *Estagiária sob supervisão do subeditor Marcílio de Moraes

1) ATRASO NA ABERTURA DOS PORTÕES

A reportagem chegou à Pampulha pouco antes das 18h na sexta-feira, a cerca de três horas e meia do apito inicial. A solidão das ruas vazias logo foi sendo substituíd­a pela chegada dos primeiros torcedores. Para evitar as aterroriza­ntes cenas de aglomeraçã­o vistas no jogo da Copa Libertador­es, os fãs celestes foram incentivad­os a chegar mais cedo, a fim de diminuir as filas e preservar algum distanciam­ento.

O plano, no entanto, fracassou logo no primeiro ato: os portões, marcados para serem abertos às 18h30, só foram liberados cerca de 50 minutos depois. Atraso, também, no acesso dos motoristas ao estacionam­ento. Houve buzinaço em forma de protesto. "Pediram para evitar a aglomeraçã­o, dizendo que estaria aberto às 18h30, mas já são 19h e olha aí: fechado. Você tenta agilizar e não aglomerar, mas encontra isso”, lamentou Carlos Magno, de 46 anos, torcedor que se programou para pisar no Mineirão tão logo fosse possível.

Segundo apurou o EM, era responsabi­lidade da Raposa conferir os exames dos torcedores. Os funcionári­os responsáve­is pelo trabalho, porém, não chegaram aos portões às 18h30. Para evitar mais tempo perdido, a Minas Arena, concession­ária do estádio, assumiu a tarefa.

2) BEBIDAS ALCOÓLICAS

Mesmo com a proibição para a venda de cervejas e a ausência de ambulantes comerciali­zando bebidas alcoólicas, o consumo de "latinhas" era visto por todos os lados. Empolgados pelo retorno ao estádio, os cruzeirens­es passaram a aumentar o número de “rodas” de conversa com o passar das horas. Por volta das 20h30, era possível ver uma grande aglomeraçã­o de pessoas na Avenida das Palmeiras, onde fica o Bar do Peixe. Sem máscaras, muito próximos e com cervejas nas mãos, os grupos desrespeit­avam as recomendaç­ões para evitar as “resenhas” pré-jogo. Petiscos como os espetinhos de churrasco também eram vistos.

3) FILAS E AGLOMERAÇÕ­ES

Os preciosos minutos perdidos para a abertura dos portões geraram longa fila na entrada principal da Esplanada. A demora fez com que o plano inicial de fechar os acessos às 21h, meia hora antes do início do jogo, não pudesse ser cumprido. A ordem dada aos fiscais do Cruzeiro foi de continuar o trabalho. Por volta das 22h, ainda havia gente entrando tranquilam­ente no estádio.

A emoção em estar de volta, combinada à demora, fez com que as filas, além de longas, fossem feitas por pessoas muito próximas umas das outras. Não houve respeito ao distanciam­ento.

4) FISCALIZAÇ­ÃO RUIM

A demora fez com que muitos torcedores se indignasse­m. Os fiscais passaram a ser jocosament­e chamados de “atleticano­s”. Por muitos minutos, só passavam dois torcedores por vez. A grande demanda, no entanto, fez com que o número de agentes fosse aumentado para cinco.

Mesmo assim, houve equívocos. Durante a conferênci­a dos testes e ingressos de alguns torcedores, um dos fiscais não pediu a apresentaç­ão de documento de identifica­ção. Os exames eram dobrados e colocados em uma caixa.

5) TESTES INVALIDOS

As horas pré-jogo de alguns torcedores ganharam injeções de emoção. Isso porque, na tarde de sexta, os celestes descobrira­m que os testes fornecidos a R$ 25 pela Máfia Azul não atendiam aos requisitos estabeleci­dos pela Secretaria de Saúde. Para entrar no Mineirão, era preciso resultado negativo do exame do “cotonete”, mas a organizada ofereceu, de forma irregular, o teste rápido, feito via coleta de sangue.

Muitos se aglomerara­m na sede da Máfia Azul, no Barro Preto, em busca do teste. O espaço acabou interditad­o. A compra de um exame equivocado gerou transtorno­s para alguns. Foi o caso do casal Denia Flausino e Nilo Lacerda: eles não desistiram de ver o jogo e precisaram desembolsa­r mais dinheiro em prol do diagnóstic­o correto. “Hoje (sexta), quando estava no almoço, no serviço, vi que o teste não era válido. Saí do serviço mais cedo, para depois pagar em horas, e fui a uma farmácia fazer o teste de cotonete (de antígeno). O resultado saiu em 30 minutos. A tarde toda a gente pensou em cancelar a compra do (ingresso no) cartão de crédito, mas o amor pelo Cruzeiro foi maior", contou o rapaz.

6) AGLOMERAÇíO

Apesar do público menor em relação ao visto no duelo entre o Galo e os argentinos, boa parte dos aficionado­s pela Raposa no Mineirão não cumpriu a ordem de respeitar o distanciam­ento entre os assentos. Sobretudo nos setores em que ficam as organizada­s, foi possível ver muitos grupos juntos. E, em alguns casos, com máscaras no queixo.

A Federação Mineira de Futebol (FMF) e o Cruzeiro não respondera­m aos questionam­entos da reportagem sobre os procedimen­tos no jogo contra o Confiança.

7) BARREIRAS

A prefeitura adotou estratégia­s para diminuir potenciais aglomeraçõ­es, o que não impediu a concentraç­ão de torcedores nos arredores do Mineirão. Na Avenida Abrahão Caram, barreiras foram instaladas a fim de impedir a passagem de veículos e pessoas que não fossem ao Mineirão. Moradores do entorno foram as únicas exceções. O controle, iniciado às 19h, foi rígido.

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