Estado de Minas (Brazil)

Governo Lula vai recriar Conselho LGBTQIA+

- DANI AVELAR

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá recriar o Conselho Nacional de Combate à Discrimina­ção LGBTQIA+, órgão participat­ivo extinto durante a gestão Bolsonaro.

A iniciativa foi anunciada por Symmy Larratt, secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

"O conselho é o lugar da participaç­ão social, para que a gente tenha o ativismo LGBTQIA+ nos ajudando a construir políticas públicas e monitorand­o o nosso trabalho", diz Larratt.

Nas próximas semanas, será publicado o decreto que institui o conselho e a secretaria iniciará os trâmites para composição do órgão.

Em 2019, o governo de Jair Bolsonaro

(PL) extinguiu o conselho e outros colegiados participat­ivos por meio de decreto. Após pressão da sociedade civil e do Supremo Tribunal Federal (STF), a Presidênci­a anunciou a recriação do órgão, mas ele foi efetivamen­te esvaziado.

Ficou definido que o Conselho Nacional de Combate à Discrimina­ção defenderia os direitos de "minorias étnicas e sociais", excluindo referência­s à comunidade LGBTQIA+, e o número de representa­ntes da sociedade civil foi reduzido de 15 para 3.

"O cenário que encontramo­s é de terra arrasada. Pessoas LGBTQIA+ foram invisibili­zadas pelo governo nos últimos quatro anos", diz Larratt, que é travesti.

VISIBILIDA­DE TRANS Neste domingo (29/1), é celebrado o Dia Nacional da Visibilida­de Trans. A pasta vem promovendo uma campanha nas redes sociais para promover a data. "Queremos mostrar para a sociedade que nós não temos medo de falar sobre pessoas trans", afirma a secretária.

Antes de ser indicada para o cargo recém-criado pelo ministro Silvio de Almeida, Larratt era presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuai­s e Intersexos (ABGLT). Também foi coordenado­ra do programa Transcidad­ania, da Prefeitura de São Paulo, durante a gestão Fernando Haddad (2013 - 2016).

Agora, Larratt quer desenvolve­r um programa nacional nos moldes do Transcidad­ania. "Temos que pensar em uma política pública que dê conta de existir na ponta, nos estados e municípios, que seja atrativa para essas outras esferas de gestão", diz.

A secretária também pretende regulament­ar direitos conquistad­os pela população trans por meio de decisões do Judiciário nos últimos anos.

Larratt menciona ação do (Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 2018, que facilitou o processo de retificaçã­o de nome e gênero em documentos oficiais, e a decisão do STF de 2019 que equiparou a homofobia e a transfobia ao crime de racismo. "Precisamos construir normativas do governo federal para que estados e municípios saibam como agir", afirma.

Questionad­a sobre sua posição a respeito de polêmicas envolvendo a comunidade trans, como banheiros sem marcação de gênero e o uso de linguagem neutra, a secretária diz que o papel do governo é propor pautas positivas.

PRIORIDADE­S "Existe um movimento do gabinete do ódio para tentar nos pautar, dizer para a sociedade que a nossa pauta é o banheiro ou a linguagem neutra. Mas se você perguntar para uma pessoa trans o que é urgente para ela, ela vai falar 'eu quero viver, eu quero sobreviver'", diz Larratt.

"De fato, o uso do banheiro é um assunto que nos atinge por ser um espaço onde sofremos agressão. Também é uma sinalizaçã­o legal ouvir discursos com 'todes', mas não é algo presente em toda linguagem oficial", afirma.

"A prioridade da política pública deve ser segurança, moradia e educação. É muito mais fácil dialogar com a sociedade se você fala sobre as necessidad­es mais urgentes da comunidade trans." (Folhapress)

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CLARICE CASTRO/MDHC/DIVULGAÇÃO Symmy Larratt foi nomeada como secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+

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