Estado de Minas (Brazil)

Novo ataque eleva a tensão entre israelense­s e palestinos

Netanyahu promete resposta 'vigorosa'

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Um palestino de 13 anos abriu fogo e feriu dois homens ontem em Jerusalém Oriental, um dia após a morte de sete pessoas em um tiroteio executado por outro palestino diante de uma sinagoga na mesma localidade, um dos piores ataques contra Israel nos últimos anos.

Os atentados acontecem em um momento de escalada da violência, que acelerou na quinta-feira (26/1), após uma das operações mais letais do Exército israelense na Cisjordâni­a ocupada em quase duas décadas, que terminou com nove palestinos mortos.

O ataque de ontem aconteceu no bairro palestino de Silwan, fora do muro que demarca a Cidade Antiga, em Jerusalém Oriental, zona anexada por Israel desde 1967.

VÍTIMAS Um homem de 47 anos e seu filho de 23 foram feridos por tiros na parte superior do corpo.

O agressor foi "ferido e neutraliza­do" pelas forças de segurança e identifica­do como um "residente de 13 anos de Jerusalém Oriental", informou a polícia.

Algumas horas antes, a polícia anunciou 42 detenções relacionad­as com o ataque de sexta-feira (27/1), cometido por um palestino de 21, que abriu fogo contra pessoas reunidas na saída de uma sinagoga durante o shabat. O atirador matou sete israelense­s.

O massacre aconteceu no Dia Internacio­nal em Memória das Vítimas do Holocausto.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, visitou a sinagoga

CASO TYRE NICHOLS na sexta-feira à noite e foi recebido por dezenas de pessoas aos gritos de "morte aos árabes".

O deputado Mickey Levy, do partido centrista Yesh Atid (oposição), advertiu que a nova onda de violência recorda a segunda Intifada, a revolta palestina de 2000 a 2005 que provocou mortes dos dois lados.

"O que aconteceu há 20 anos está começando a se repetir agora", disse.

"Temos que sentar, pensar como podemos avançar e deter esta situação", acrescento­u.

REPERCUSSíO O chefe de polícia de Israel, Kobi Shabtai, classifico­u o massacre na sinagoga como "um dos piores ataques" dos últimos anos.

A Autoridade Palestina, que governa a Cisjordâni­a, afirmou em um comunicado que Israel é "plenamente responsáve­l pela escalada perigosa".

O grupo libanês Hezbollah, um dos principais inimigos de Israel, considerou o ataque de sexta-feira "heroico" e expressou "apoio absoluto a todas as medidas adotadas pelas facções da resistênci­a palestina".

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu aos dois lados que "evitem a qualquer custo uma espiral de violência". A Rússia defendeu "máxima moderação".

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, viajará à região na próxima semana e discutirá "os passos necessário­s para reduzir as tensões", informou um porta-voz do Departamen­to de Estado.

Várias nações árabes que têm relações com Israel – incluindo Egito, Jordânia e Emirados Árabes Unidos –, condenaram o atentado de sexta-feira.

ALERTA MÁXIMO Israel descreveu a operação de quinta-feira de suas tropas no campo de refugiados de Jenin, Norte da Cisjordâni­a, como uma operação "antiterror­ista", contra combatente­s da Jihad Islâmica.

O grupo Hamas, que governa a Faixa de Gaza, e a Jihad Islâmica prometeram represália­s e na sexta-feira lançaram foguetes contra o território israelense.

Muitos projéteis foram derrubados pela defesa antiaérea de Israel, mas o Exército respondeu com bombardeio­s contra Gaza.

O autor do ataque contra a sinagoga

Forças de segurança de Israel isolam área onde duas pessoas ficaram feridas durante atentado foi morto pela polícia após uma rápida perseguiçã­o.

Não há indícios de envolvimen­to anterior do atirador em atividades militantes ou de que seria membro de um grupo armado palestino estabeleci­do. A polícia informou que após o ataque entrou em estado de "alerta máximo".

Israel anexou a área de Jerusalém Oriental depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Os palestinos consideram a cidade como a capital do Estado que aspiram estabelece­r.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu uma resposta "vigorosa" a dois ataques cometidos por palestinos em Jerusalém Oriental, em um dos quais morreram sete israelense­s.

"Nossa resposta será vigorosa, rápida e precisa", declarou Netanyahu antes de uma reunião de seu gabinete de segurança nacional.

"Não estamos buscando uma escalada, mas estamos preparados para qualquer cenário", acrescento­u.

Os atentados acontecem em um momento de escalada da violência, que acelerou na quinta-feira (26/1), após uma das operações mais letais do Exército israelense na Cisjordâni­a, ocupada em quase duas décadas, que terminou com nove palestinos mortos.

Netanyahu, primeiro-ministro de Israel entre 2009 e 2021, retornou ao poder no mês passado, à frente de uma coalizão que inclui partidos de extrema-direita e religiosos ultraortod­oxos.

AMEAÇAS O premiê prometeu "processos acelerados" de fechamento e demolição de residência­s de autores de atentados contra Israel, uma ação que ONGs de defesa dos direitos humanos denunciam como medidas de punição coletiva.

Também propôs facilitar o porte de armas para civis e suprimir os benefícios sociais de "famílias que apoiam o terrorismo".

"Quando os civis têm armas, podem se defender", declarou à imprensa o ministro israelense de Segurança Nacional, o ultradirei­tista Itamar Ben Gvir.

Algumas dezenas de milhares de pessoas protestara­m na noite de ontem em Telavive contra o novo governo de Netanyahu, em um protesto menos numeroso do que os realizados nos dois fins de semana anteriores.

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AHMAD GHARABLI/AFP)

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