América e Cruzeiro no Mané Garrinha. Glória eterna
O clássico de hoje, pelo Campeonato Mineiro, com certeza terá um excelente público, haja vista a quantidade de mineiros que vivem em Brasília. Poderia ser no Independência, casa do América e que será também do Cruzeiro nesta temporada, porque Ronaldo Fenômeno rompeu com o Mineirão e Minas Arena. As taxas cobradas lá são absurdas e o prejuízo é certo. Hoje, ambos os times vão lucrar, financeiramente. Vejam que os campeonatos estaduais são mesmo retrógrados e ultrapassados. Os times vendem seus jogos para alguns estados na certeza de lucrar alguma graninha. No campo técnico, o América tem mais time, mais grupo e um técnico que conhece a equipe como a palma de sua mão. Vágner Mancini é um desses caras honestos, competentes, transparentes, que não duram muito numa equipe. A maioria dos dirigentes não suporta essas qualidades.
Pelo lado do Cruzeiro temos um técnico tão transparente, de qualidade e competente como Mancini. Pezzolano é um treinador que mostrou isso na temporada passada, levando o Cruzeiro de volta ao seu lugar de origem: a elite do nosso futebol. Porém, realista que é, já mandou o recado para a China Azul, ao declarar: “Não esperem uma grande campanha no Brasileiro e nem títulos. Vamos lutar por uma campanha digna, que nos permita brigar por uma Copa, mais provável, a Sul-Americana”. Gosto de técnico que fala a verdade. O Cruzeiro está se reestruturando, com uma dívida imensa e uma nova filosofia de trabalho. Foi terra arrasada durante três anos, mas com a gestão do Fenômeno começa a se reequilibrar, com patrocínios fortes, com cotas de TV bem maiores e, com certeza, se a Liga for criada, com receitas iguais às de seus pares. Paciência será a palavra de ordem para os torcedores que, tenho certeza, apoiarão Ronaldo e o time celeste. 14 novos jogadores foram contratados e 22 dispensados. Não se forma um novo time do dia para a noite, e como muito bem disse Pezzolano, “a maioria das equipes da Série A está alguns degraus acima do Cruzeiro neste momento”. Nada, porém, que esse gigante não possa reverter, pela sua grandeza, tradição e capacidade de ganhar taças importantes. Acredito que, a médio prazo, essa capacidade vai voltar e muito mais forte. O DNA do Cruzeiro é vencedor. Quanto ao jogo de hoje, o favorito é o América, isso é fato!
Glória Maria
Uma amiga que sempre foi uma referência para mim. Passamos um réveillon juntos na casa de Renato Gaúcho, em 1994 – ela era vizinha dele em Búzios. Em 1996, em Miami, durante a Olimpíada de Atlanta – a Seleção Brasileira jogou aqui na primeira fase –, estávamos conversando no Biltmore Hotel, em Coral Gables, onde estávamos hospedados, quando um avião que havia decolado de Miami explodiu no ar. Peguei uma carona com a Glória e seu cinegrafista e fiz a matéria para o Estado de Minas. Ela furou bloqueios para conseguir mais informações e eu, coladinho nela, em cima do lance e da notícia. Depois, nos encontramos pelo mundo, em coberturas de Copas e Olimpíadas. Ela sempre muito gentil e amável comigo. Em 2021, recebi de suas mãos o Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo, pela duplamente premiada matéria “Meninos do Brasil”.
Jantamos no Gero, em Ipanema, semanas depois, com amigos em comum.
No campo técnico, o América tem mais time, mais grupo e um técnico que conhece a equipe como a palma de sua mão”
A última vez que estive com a Glorinha, como eu a chamava, foi numa palestra que ela fez na M Guia, em BH, quando batemos um papo rápido e minha mulher, Alexia, tirou foto com ela. Glória nos deixou, mas seu legado será eterno. Referência no jornalismo para a minha geração e para a atual. Uma mulher além do seu tempo. Já deixa saudades. Que Deus conforte o coração de suas duas filhas, Laura e Maria. No plano de luz, para onde ela foi, com certeza já está brilhando com reportagens espetaculares, quebrando barreiras, preconceitos e paradigmas. Obrigado, Glória. Se eu sou jornalista hoje, devo muito a você, que sempre me inspirou. A homenagem que o “Jornal Nacional” fez a ela na quinta-feira foi do tamanho de sua história na televisão. Mais de 5 minutos de aplausos, em todas as redações da TV no Brasil. Palmas para a Glória!