Estado de Minas (Brazil)

PEQUENA GRANDE HISTÓRIA

- PERSPECTIV­A RAFAEL CONDE SÁBADO (4/2) DOMINGO (5/2)

O filme fala justamente da transforma­ção do cinema. Estamos vivendo num mundo com muita acessibili­dade e possibilid­ade de difusão. E há um questionam­ento do valor das imagens, de serem apagadas, que é também uma questão do cinema. Desde que ele surge, sempre estamos pensando no seu fim, ou, pelo menos, em sua transforma­ção

Rafael Conde,

As imagens e os sons do metrô de uma grande cidade vão se configuran­do em outras, de forma ininterrup­ta. Mas há tempo para que o espectador entenda cada quadro. Ao fundo, o narrador fala: “Eu me lembro”. As imagens continuam e, alguns momentos depois, ele retorna: “Eu me lembro. As sessões da tarde no Cine Pathé, próximo da minha casa”.

É dessa maneira que o diretor Rafael Conde dá início ao seu novo curta, “O suposto filme”. “Um filme caseiro, o cinema possível naquele momento”, ele diz. Realizado em 2021, foi exibido em três festivais naquele mesmo ano: CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, Festival Internacio­nal de Curtas Metragens de São Paulo e FestCurtas­BH. Os três eventos, promovidos no Brasil da pandemia, tiveram edições exclusivam­ente virtuais.

Somente agora, quase dois anos mais tarde, “O suposto filme” terá sua primeira sessão presencial. O curta integra o programa Perspectiv­a Rafael Conde, destaque do Verão Arte Contemporâ­nea (VAC), com sessões neste sábado (4/2) e domingo, no Cine Humberto Mauro. Hoje, além da apresentaç­ão de “O suposto filme”, seguida de comentário do diretor, também serão exibidos nove outros curtas dirigidos por Conde e o longa “Fronteira” (2008).

“O suposto filme” é um ponto fora da curva na trajetória do cineasta, que estreou em curtas com “Uakti – Oficina instrument­al” (1987). No primeiro semestre de 2021, com uma nova onda da COVID-19 e aumento das restrições, o diretor, isolado em casa, começou a rever as imagens. Em seu banco, reviu tanto as que havia produzido durante décadas quanto as que seu avô e seu tio tinham coletado em Super-8 em um passado mais distante.

TRANSFORMA­ÇÃO “O filme fala justamente da transforma­ção do cinema. Estamos vivendo num mundo com muita acessibili­dade e possibilid­ade de difusão. E há um questionam­ento do valor das imagens, de serem apagadas, que é também uma questão do cinema. Desde que ele surge, sempre estamos pensando no seu fim, ou, pelo menos, em sua transforma­ção. Isso não deixa de ser um contrapont­o com o teatro, que sempre pensa em sua história,” diz Conde.

Na narração gravada no celular, o diretor mistura seus próprios questionam­entos (o excesso de imagens banais da vida contemporâ­nea é um tema presente no filme), citando passagens de Drummond, Nava e Pirandello que tratam de memória e da passagem do tempo.

MÚSICA

Em meio a imagens de viagens, há algumas que traduzem o que Conde comenta no curta, como a demolição do Cine Metrópole, no Centro de BH, em maio de 1983 – com sua Super-8, ele registrou o fim da importante sala.

O panorama que o VAC exibe não traz alguns filmes, entre eles o mais lembrado do realizador, “A hora vagabunda” (1998). Esse curta, assim como o já citado “Uakti” e o primeiro longa, “Samba canção” (2002), estão precisando ser restaurado­s. “Estou tentando ver se consigo uma remasteriz­ação dos três.”

Neste ano, ele pretende lançar seu novo longa, “Zé”. Rodado em Cataguases, na Zona da Mata, no final de 2021, o filme é uma ficção baseada em fatos sobre José Carlos Novaes da Mata Machado (1946-1973), líder estudantil morto pela ditadura militar (1964-1985).

O filme, protagoniz­ado por Caio Horowicz, acabou de ficar pronto e deverá começar sua trajetória nos festivais. “A história é passada em BH, São Paulo, Bahia, Recife, Fortaleza. E tudo foi filmado em Cataguases. Depois deste filme, foi confirmado que lá é o maior estúdio de cinema a céu aberto. Tem até praia”, brinca Conde.

Neste sábado (4/2) e domingo (5/2), no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca (ingressos devem ser retirados na bilheteria)

I diretor

T PROGRAMAÇíO

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•16h – Longa “Fronteira” (2008)

•18h – Curtas “O suposto filme” (2021), “A brincadeir­a” (2018), “Berenice e a Fundação da música” (2018) e “Musika” (1989). Debate com o diretor após a sessão.

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•16h – Curtas “A chuva nos telhados antigos” (2006), “Rua da Amargura” (2003) e “Françoise” (2001)

•18h – Longa “Fronteira” (2008)

•20h – Curtas “O ex-mágico da Taberna Minhota” (1996), “Bili com limão verde na mão” (2015)

Músico mineiro radicado no Rio se apresenta nesta noite no Clube de Jazz do Café com Letras, na Savassi

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RAFAEL CONDE/DIVULGAÇÃO
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BIANCA AUN/DIVULGAÇÃO

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