Bolsonaro destaca ações do seu governo
Ex-presidente diz, em palestra, que “o Brasil estava indo bem” em sua gestão e que não entende razões da vitória da esquerda
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, ontem, que o Brasil estava indo bem em seu governo e que não entende o que levou a população a decidir pela eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito de outubro de 2022. "O Brasil estava indo muito bem. Não consigo entender quais foram os motivos que resolveu ir pra esquerda", declarou ele em palestra em Orlando, nos Estados Unidos, onde está desde 31 de dezembro. A palestra do ex-presidente ocorreu na programação do evento Power of the People (Poder para o Povo), promovido pelo grupo de extremadireita Turning Point USA. Não há informação se a palestra foi remunerada.
A plateia que acompanhava a palestra se manifestou em referência a uma possível fraude eleitoral – teoria que não conta com nenhuma prova ou evidência –, ao que o apresentador Charles Kirk disse já ter ouvido isso em algum lugar.
Apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump alegaram, igualmente sem apresentar provas que fundamentem a afirmação, que a disputa que levou o democrata Joe Biden à Casa Branca não foi transparente. Ainda durante a palestra, que durou cerca de 40 minutos, o ex-presidente voltou a repetir falas feitas durante a sua campanha à reeleição.
Bolsonaro afirmou ainda que deu autonomia aos médicos para receitararem medicamentos durante a COVID-19, indo contra orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomendava apenas medicamentos com eficácia comprovada. Ele citou outras questões e disse que se reuniu com o governo de Vladmir Putin para que fosse mantido o fluxo de fertilizantes, apesar da guerra com a Ucrânia; que seu governo não teve casos de corrupção. Em sua gestão, houve acusações contra o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e pastores, que pediam propina em ouro para que municípios recebessem verbas da pasta.
Ao ser questionado sobre o que achava do avanço da esquerda na América Latina, Bolsonaro citou a Venezuela e afirmou que o estado de Roraima chega a receber centenas de pessoas todos os dias. “Só por uma cidade do estado de Roraima entram, em média, 700 venezuelanos fugindo da fome, da miséria e da violência. Chegam pesando 15kg a menos do que eles tinham há alguns anos”, afirmou Bolsonaro. Ele não comentou, e nem foi questionado, sobre as acusações de que o seu governo não prestou auxílio na calamidade que os yanomamis passaram no mesmo estado.
O Ministério dos Povos Indígenas afirmou que, ao longo de 2022, quase uma centena de crianças morreram devido a desnutrição, pneumonia, diarreia e malária. Estima-se que, pelo menos, 570 crianças podem ter morrido por contaminação por mercúrio e fome, durante o governo de Bolsonaro. Mercúrio é comumente usado em garimpos ilegais na região e pode contaminar água usada para consumo e pesca dos povos originários.