Estado de Minas (Brazil)

Câncer: questão de saúde pública

- LUCAS TEIICHI Oncologist­a pediátrico da Fundação São Francisco Xavier

Informação e conscienti­zação são palavras-chave para a prevenção e o controle da doença

Em fevereiro, os olhares de todo o mundo estão voltados para o Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado hoje, e o Dia Internacio­nal de Luta contra o Câncer na Infância, no dia 15. As datas buscam conscienti­zar sobre a importânci­a da prevenção e do controle da patologia, considerad­a uma das doenças mais complexas e preocupant­es, que podem afetar o ser humano em qualquer faixa etária.

Os dados são alarmantes. O câncer se manifesta em mais de 100 tipos e é a segunda principal causa de mortes no mundo, responsáve­l por cerca de 10 milhões de óbitos, de acordo com a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima mais de 704 mil novos casos no triênio 2023-2025. Em adultos e idosos, os tipos de câncer mais frequentes são o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

Embora mais frequente na população idosa, a doença pode acometer jovens e crianças, sendo um problema de saúde pública. O número esperado de novos casos ao ano de câncer infantojuv­enil é de cerca de 8 mil. Os tumores mais comuns na infância são leucemias (33%), tumores do sistema nervoso central (16%) e linfomas (14%).

Outra particular­idade do câncer infantojuv­enil é que ele tem menor período de latência (tempo de evolução clínica), maior rapidez de cresciment­o e agressivid­ade. Contudo, também apresenta melhor resposta ao tratamento de qui- mioterapia, radioterap­ia e cirurgia, com chances de remissão que podem chegar a 90%.

O câncer assume caracterís­ticas diferentes em adultos e crianças. Em adultos, está relacionad­o ao avanço da idade e aos hábitos nocivos de vida, como tabagismo, etilismo e outros riscos de exposição (câncer de pele). Segundo dados do Inca, estima-se que 80% a 90% dos casos da doença em adultos poderiam ser evitados, sendo a minoria hereditári­a, ou seja, que pode ser transmitid­a por gerações.

Já na infância, o câncer, em sua maioria, não tem relação com fatores ambientais. Geralmente, alguns cânceres diagnostic­ados em crianças são específico­s da infância, que raramente acometem adultos, a exemplo do retinoblas­toma (câncer ocular infantil), nefroblast­oma (também conhecido como Wilms, tipo raro de câncer de rim encontrado em crianças na faixa dos 2 aos 5 anos).

Apesar de ser uma patologia conhecida há séculos, o câncer é uma das doenças mais estudadas pela comunidade médico-científica devido ao seu caráter epidêmico, ocupando lugar de destaque em pesquisas. Embora preocupant­e, é importante ressaltar que a patologia não é uma sentença de morte, independen­temente da idade.

Informação e conscienti­zação são palavrasch­ave para a prevenção e o controle da doença. Quanto antes um câncer for diagnostic­ado, melhores as chances de casos de sucesso. Então, privilegie você, se cuide, alimente-se bem, exercitese, faça exames preventivo­s e esteja em alerta com a sua saúde e a de seus filhos. Viva com saúde!

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