Estado de Minas (Brazil)

T SUSPENSE NO AR

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» O que é exatamente o balão e como ele é operado?

Um balão de alta altitude usa correntes de vento para se locomover e pode conter radares e câmeras para monitorame­nto de 24 a 37 quilômetro­s de altitude. Um avião comercial chega a no máximo 12 quilômetro­s de altitude. Não se sabe, ainda, o tamanho do balão usado pelos chineses. A altitude do objeto é controlada a distância para aproveitar correntes de ar. Ele pode funcionar com energia solar

» Por que um balão em vez de imagens de satélite?

Os balões de alta altitude que são usados para espionagem são uma alternativ­a barata aos satélites, cujo lançamento custa dezenas de milhões de dólares. Além disso, o aprimorame­nto recente de lasers pode cegar temporaria­mente os satélites, impedindo fotografia­s e eventualme­nte danificand­o os objetos. Outra alternativ­a para bloquear os satélites artificiai­s, ainda que perigosa, é sua destruição. Em 2021, por exemplo, a Rússia lançou um míssil, partindo da Terra, que destruiu um de seus próprios maquinário­s espaciais, em uma demonstraç­ão de força – movimento que já havia sido feito pela China, em 2007, e pela Índia, em 2019, além dos EUA. Outros satélites carregados de explosivos também podem fazer o ataque. As ações violentas, no entanto, podem causar acidentes com outros instrument­os espaciais civis

» O que os EUA estão fazendo a respeito?

Inicialmen­te, jatos F-22 da Força Aérea americana foram acionados para acompanhar o objeto, que não foi derrubado devido ao risco de que seus destroços pudessem cair sobre áreas civis, de acordo com uma autoridade de defesa que falou sob condição de anonimato. O governo Biden diz ter buscado imediatame­nte Pequim para esclarecim­entos. A chancelari­a chinesa afirmou em nota que o objeto tem origem civil, é usado sobretudo para pesquisas meteorológ­icas e se desviou de sua rota devido a correntes de vento. A resposta de Pequim foge do que tem sido a regra em relação às rusgas recentes entre os países, em geral em tom mais quente e acusatório. Desta vez, o país asiático tenta amenizar o incidente. O Pentágono contestou a versão chinesa e mantém a suspeição de que se trata de um balão espião

» Isso já aconteceu outras vezes no espaço aéreo americano?

Autoridade­s de defesa dos EUA afirmam que não é a primeira vez que balões desse tipo são avistados no país, mas que desta vez o tempo de permanênci­a do objeto foi mais longo do que em outras oportunida­des. Outro funcionári­o, também sob anonimato, disse ao New York Times que o balão não apresentav­a riscos militares ou ameaça de danos físicos, além de ter capacidade limitada para coletar informaçõe­s. Esse tipo de instrument­o foi bastante utilizado durante a Guerra Fria pela União Soviética e pelos próprios americanos, que tentavam monitorar testes nucleares dos soviéticos, principalm­ente na década de 1950

» Qual o contexto em que o incidente atual acontece?

O balão chinês no espaço aéreo americano é mais um capítulo do aumento recente de tensões entre China e Estados Unidos, que vêm trocando farpas e fazendo movimentos diplomátic­os e militares. Na quarta-feira, Washington estendeu um acordo com as Filipinas para aumentar sua presença em bases militares do país asiático. A aliança permite maior monitorame­nto e capacidade de resposta a eventuais incursões chinesas em Taiwan, ilha ao norte das Filipinas, que Pequim considera uma província rebelde. O incidente com o balão também acontece pouco antes da visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chefe da diplomacia americana, a Pequim, onde ele iria se encontrar com Xi Jinping, mas a visita foi adiada, segundo a imprensa dos Estados Unidos. Seria a primeira vez em quase seis anos que um secretário de Estado dos EUA se reúne com o líder chinês.

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