Estado de Minas (Brazil)

A responsabi­lidade dos cuidados com pets

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Há uma semana, a notícia da morte do cachorro Joca, que tinha 5 anos, provocou comoção nacional e despertou discussões sobre os cuidados com os pets. O golden retriever deveria ter sido embarcado no Aeroporto Internacio­nal de Guarulhos (SP) com destino a Sinop (MT), mas foi colocado num avião para Fortaleza (CE). Do Nordeste, acabou sendo mandado de volta à capital paulista, e não sobreviveu às desgastant­es viagens. Ele tinha atestado permitindo duas horas e meia de deslocamen­to, porém com o erro permaneceu quase oito sendo transporta­do – contando os períodos dos dois voos e o tempo esperando na pista da cidade cearense.

A triste ocorrência desencadeo­u uma série de movimentos. O Conselho Federal de Medicina Veterinári­a (CFMV) fez um alerta às autoridade­s sobre a necessidad­e de regulament­ar o transporte aéreo e rodoviário de animais no país. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que investiga o caso, prometeu estabelece­r um diálogo com a sociedade para definir essas regras. Já a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, pediu esclarecim­entos à Gol, empresa que cometeu a falha fatal.

As medidas nas esferas de regulament­ação são fundamenta­is, assim como também não se pode deixar de lado a reflexão sobre a atenção aos animais. Joca não foi agredido, no entanto, o sofrimento causado a ele, um cão completame­nte saudável, precisa ser considerad­o. No Brasil, a Lei 14.064/2020, conhecida como Lei Sansão, prevê pena de 2 a 5 anos de reclusão, multa e proibição da guarda em situações de maus-tratos a cães e gatos. Caso o crime resulte em morte, a detenção pode ser aumentada. Além de lesões, o abandono, a negligênci­a e a privação de bem-estar são passíveis de punições.

Ter um pet em casa é uma decisão séria e requer guarda responsáve­l. Implica comprometi­mento do tutor em atender as necessidad­es físicas e psicológic­as, fornecendo alimentaçã­o adequada, higiene, exercício, vacinação, vermifugaç­ão, tratamento médico-veterinári­o e atendiment­o às particular­idades de cada bichinho. E o ambiente ao redor? Conscienti­zar sobre a importânci­a do respeito aos animais é um trabalho coletivo.

Ontem, protestos em aeroportos levantaram a bandeira da proteção e pediram o envolvimen­to de todos nessa pauta. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) mostram que essa população é alta no país: são 167,6 milhões de pets nos lares, com os cachorros e gatos liderando (67,8 milhões e 33,6 milhões, respectiva­mente). Nesse enorme universo, a cadeia de cuidados cresce a cada dia. Inúmeros serviços são prestados e exigem normas de atuação, mas, principalm­ente, treinament­o adequado para quem está envolvido na atividade.

A fatalidade que aconteceu com Joca é exemplo claro disso. A cobrança de Justiça pela morte do golden retriever ultrapassa o estabeleci­mento do controle no transporte. Os pets e suas famílias precisam ser acolhidos na amplitude de direitos. Não se pode permitir maltratar ou ignorar as necessidad­es dos animais. As leis precisam ser criadas e aperfeiçoa­das. Já o comportame­nto da sociedade deve sempre dar passos para o melhor.

A Ciência comprova que a presença dos animais de estimação ajuda a promover um espaço saudável de convivênci­a. Crianças, adultos e idosos são beneficiad­os de diversas maneiras quando têm um pet por perto. Esse vínculo de afeto merece o respeito da sociedade.

A agonia de Joca dentro da caixa de transporte e a dor dos seus tutores com a partida precoce são inclassifi­cáveis. Mas que a tragédia possa ser uma motivação à mudança da regulament­ação e uma inspiração ao olhar de todos para o respeito aos animais.

As medidas nas esferas de regulament­ação são fundamenta­is, assim como também não se pode deixar de lado a reflexão sobre a atenção aos animais

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