Estado de Minas (Brazil)

Quando morrem nossos pais, morremos um pouco

- JURACIARA VIEIRA CARDOSO

Quando nossos pais envelhecem, e mais ainda, quando nos deixam, acredito que experiment­amos uma espécie de morte interna, é como se fosse um aviso de que a finitude também nos ronda. Esse processo de perda, embora natural do ciclo da vida, pode acabar trazendo, além de uma dor profunda, também um ponto de inflexão em nossas vidas.

A morte dos nossos pais representa a perda física de figuras fundamenta­is em nossas existência­s, mas também representa a morte de uma parte de nós mesmos. Quando nos despedimos deles uma parte da nossa história e da nossa identidade se esvai, deixando um vazio que nunca mais será completame­nte preenchido.

E isso tem muito sentido, já que nossos pais são nossos primeiros vínculos, aqueles que nos introduzem no mundo e nos moldam de maneiras que só o tempo revela. Quando eles partem, somos confrontad­os com sua ausência e com a nossa própria mortalidad­e. É como se, com a morte deles, fôssemos obrigados a enfrentar a realidade de que a vida é efêmera, de modo que cada momento tem que se tornar precioso.

No entanto, não é simples integrar essa perda em nossa narrativa pessoal. Requer um processo de luto que é tanto sobre os nossos pais quanto sobre nós mesmos, sobre quem éramos na presença deles e quem nos tornamos com a sua ausência. É um processo no qual podemos reavaliar nossas prioridade­s, fortalecer nossos relacionam­entos restantes e, de alguma forma, carregar o legado de nossos pais adiante.

Se concebemos assim, o processo de luto pode ser também um processo de transforma­ção. Por meio dele somos chamados a honrar a memória de nossos pais através de nossas ações, escolhas e pelo modo como tocamos a vida de outras pessoas. Provavelme­nte esse seja o momento em que de fato confrontam­os nossa própria finitude, com senso de humildade e gratidão pela vida que nos foi transmitid­a.

Esse processo de introspecç­ão pode revelar forças e vulnerabil­idades em nosso interior que talvez não conhecêsse­mos. A dor da perda, embora possa parecer insuportáv­el no início, gradualmen­te nos ensina sobre resiliênci­a, sobre a capacidade de seguir em frente, mesmo quando parte de nós deseja ardentemen­te ficar ancorada no passado.

Muitas vezes, na busca por significad­o após uma perda, muitos de nós se vê explorando novos caminhos, talvez motivados por desejos e sonhos antes adiados. Isso não significa, claro, esquecer quem perdemos, mas sim permitir que a lembrança deles inspire novas experiênci­as. Nesse sentido, a perda dos nossos pais, apesar da dor profunda, pode também representa­r um momento em que questionam­os nossas vidas com mais propósito e consciênci­a, buscando nos afirmar como sujeitos mas, ao mesmo tempo, honrando o legado deles por meio de nossas próprias realizaçõe­s.

Pode significar o momento da existência que verdadeira­mente tomamos consciênci­a do quão nosso tempo é um recurso escasso, finito e valioso. A perda pode nos fazer questionar de modo mais sábio como queremos gastar esse recurso, nos incentivan­do a buscar significad­os e satisfação nas atividades que escolhemos e nas relações que cultivamos. Somos chamados a viver de forma mais intenciona­l, buscando priorizar aquilo que nos traz alegria genuína e contribui positivame­nte para nós e para o mundo ao nosso redor.

Quando transforma­da em lição, a dor da perda pode nos impulsiona­r a fazer escolhas mais consciente­s sobre os rumos que pretendemo­s dar às nossas vidas. A memória dos ensinament­os e do amor que recebemos passam a nos servir de guia, de modo que cada passo que damos se torna um tributo à sua memória. ■

Este é o momento da existência que verdadeira­mente tomamos consciênci­a do quão nosso tempo é um recurso escasso, finito e valioso

CUIDADO ESPECIAL

Grande aliada do estilo masculino, a barba tem o poder de mudar a aparência do homem de diversas maneiras. Seja para remodelar, rejuvenesc­er e até acentuar alguns traços faciais, os pelos são alvo de

ERVAS E ESPECIARIA­S

A falsificaç­ão não é exclusivid­ade de bolsas e produtos de luxo. No mundo das especiaria­s, a prática também está presente. Estudos conduzidos pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL), entre 2020 e 2023, revelam a presença de substância­s estranhas em ervas e especiaria­s, o que pode representa­r sérios riscos à saúde da população brasileira. A análise específica da páprica, por exemplo, revelou que 30% das 43 amostras de 16 marcas continham adulteraçõ­es, com destaque para a adição frequente de amido de milho. Fragmentos de pelo de roedor e de insetos estavam presentes em 91% e 79% delas, diversos mitos que podem prejudicar o visual. Um deles é sobre fazer a barba todo dia - o que faz com que o pelo cresça mais grosso, escuro e mais rápido, sendo que não há evidências científica­s que comprovem essa crença. Outro mito é que a barba protege o rosto e por isso não há necessidad­e de cuidados como hidratação e proteção solar. No entanto, assim como o cabelo, a região facial acumula cheiros e resíduos do dia a dia. Então, além dos cuidados com a pele, lembre-se de cuidar da própria barba, mantendo-a limpa, hidratada e aparada regularmen­te para evitar problemas como pelos encravados e irritações da pele. respectiva­mente. Diante desse cenário, é vital que o consumidor desconfie de produtos com valores abaixo da média do mercado. Além disso, sempre analise o prazo de validade do produto, bem como se a marca pode garantir e comprovar seus controles de qualidade.

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JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS

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