Estado de Minas (Brazil)

PASSAGEIRO­S FORAM TRANSPORTA­DOS PELO MOVE METROPOLIT­ANO EM 2023

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GANHOS ECONÔMICOS

O professor do curso de Engenharia de Transporte­s, do Centro Federal de Educação Tecnológic­a de Minas Gerais (Cefet-MG), Renato Guimarães Ribeiro, explica que a empresa contratada na licitação vai analisar as possibilid­ades de ganhos econômicos nesses espaços, seja com publicidad­e, venda de espaço e naming rights.

“A partir de então, se modela uma concessão. Deve ser um modelo de PPP para a conservaçã­o desse espaço. Garantir que ele esteja em condições de ser operado: limpo, conservado e mantido. Isso é vantajoso porque desonera a tarifa. Passar isso para um ente que é especializ­ado em publicidad­e e locação de espaço, para o sistema como um todo é muito melhor”, afirma.

Segundo ele, o preço da tarifa tende a cair, mas não de maneira significat­iva para o usuário. Porém, talvez, a qualidade do serviço melhore. “As estações estão em uma situação ruim, sujas, com pintura desgastada, portas que não funcionam direito. Precisam ser requalific­adas.”

O professor destaca que o poder público se preocupa apenas com a infraestru­tura e não com o serviço. “A cada um ano e meio, o que se gasta em manutenção, conservaçã­o, bilhetagem eletrônica, segurança, despesas com energia, água, se pagava uma nova estação. Precisamos que esses serviços sejam pensados na época da concepção dos equipament­os. Os terminais e as estações não foram pensados para dar lucro ou para se manter. Foram pensados apenas como um ponto de integração de linhas ou de facilidade­s no acesso ao serviço”, pontuou.

“Não tem nenhum terminal com shopping, supermerca­do, área de comércio grande ou integração com outros serviços públicos para ajudar a reduzir o custo do espaço. Ou ainda criar atrativida­des para manter o usuário ali”, completou.

PLANEJAMEN­TO INADEQUADO

O consultor de transporte e trânsito, Silvestre de Andrade, lembra que, quando os terminais começaram a ser construído­s, o planejamen­to não foi adequado. “Alguns terminais foram feitos pelo estado, outros não conseguira­m fazer por falta de recursos ou outras razões. Alguns foram feitos como provisório­s e depois acabaram ficando em definitivo para poder implantar o sistema. O município (Belo Horizonte) já estava implantand­o o dele e o estado teve que meio que correr atrás para implantar o Move Metropolit­ano. Acho que o negócio acabou não ficando bem resolvido, tem parte que é o estado quem administra e tem parte que é do Sintram.”

O especialis­ta acredita que o poder público pode ter achado a experiênci­a da concessão dos terminais, em 2022, satisfatór­ia e a ideia agora seria ampliar. “Dentro desse desequilíb­rio do sistema de transporte muito grande, em função da pandemia, com uma queda acentuada de demanda, houve um problema muito sério. Dentro desse novo momento que vive o setor de transporte, pós-crise, existe uma tentativa de reequilibr­ar o sistema, fazendo com que tenha menos custos para o setor que presta o serviço de transporte e entrega aquilo que não é próprio dele para outros que possam fazer isso de melhor forma”, explica.

Andrade ressalta que o poder público tem dificuldad­es em manter os bens públicos. “Melhor que seja alguém que é cobrado e tem aquele contrato específico para fazer aquele tipo de serviço. Passando por concessão ou PPP (parceria público privada) para o setor privado, há uma perspectiv­a de manutenção da qualidade dos equipament­os urbanos, de não se deixar deteriorar com o tempo e não atender às necessidad­es da população, por falta de instalaçõe­s adequadas.”

Ele acrescenta que os governos conseguem fazer investimen­tos, mas para manter já não têm a mesma habilidade. “Manutenção é quase sempre custeio, que é permanente. O investimen­to é pontual. Quando se consegue financiame­nto é quase sempre para investimen­to, dificilmen­te é para manutenção e custeio.”

PROMESSA DE MELHORIAS

Em março de 2022, cinco terminais, 17 estações do Move Metropolit­ano e a Rodoviária de BH foram concedidos à iniciativa privada por R$ 20 milhões. O Consórcio Terminais BH vai administra­r as estruturas pelo período de 30 anos.

De acordo com a Seinfra, os investimen­tos de requalific­ação nos terminais deverão ser feitos pela concession­ária no prazo máximo de 48 meses, contados a partir de julho de 2022, quando foi assinado o contrato. No caso das estações de transferên­cia, a concession­ária terá 30 meses para fazer melhorias.

Estão contemplad­os no contrato os terminais metropolit­anos de Sarzedo, Ibirité, Justinópol­is, Morro Alto (Vespasiano) e São Benedito (Santa Luzia), além das estações Risoleta Neves, Portal Santa Luzia, Ubajara, Atalaia, Alvorada, Bernardo Monteiro, Nossa Senhora de Copacabana, UPA Justinópol­is, Aarão Reis, Oiapoque, Parque São Pedro, Canaã, Bosque da Esperança, Trevo Morro Alto, Cidade Administra­tiva, Serra Verde e Trevo Santa Luzia.

A expectativ­a é que sejam investidos mais de R$ 122 milhões nas melhorias estruturai­s.

HISTÓRICO DO SISTEMA

O Move é um sistema de transporte rápido por ônibus (BRT) que opera em Belo Horizonte e nos municípios de Ribeirão das Neves, Santa Luzia, Vespasiano e Contagem, na Grande BH. Consiste em uma rede de corredores exclusivos e estações de transferên­cia ao longo das avenidas Antônio Carlos, Cristiano Machado, Paraná, Pedro I, Santos Dumont e Vilarinho, além de estações de integração nas regionais Nordeste, Pampulha e Venda Nova, em Belo Horizonte, dos municípios de Ribeirão das Neves, Santa Luzia e Vespasiano. O sistema faz uma conexão entre o hipercentr­o de BH e o vetor norte da capital e da região metropolit­ana.

Ele foi inaugurado em 2014 para ajudar na mobilidade durante os jogos da Copa do Mundo daquele ano. Os ônibus do Move Metropolit­ano começaram a circular no terminal São Gabriel em 26 de abril, na primeira fase de implantaçã­o do sistema. A conclusão das demais etapas ocorreu em dezembro de 2016, com a inauguraçã­o do Terminal Bernardo Monteiro. ■

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