Estado de Minas (Brazil)

A VIDA passada A LIMPO

Prestes a completar 80 anos e com 65 de carreira, Irene Ravache chega a Belo Horizonte com o solo “Alma despejada”, escrito especialme­nte para ela por Andréa Bassitt

- DANIEL BARBOSA

Reflexões sobre a vida e a morte estão no cerne de “Alma despejada”, solo de Irene Ravache que chega a Belo Horizonte com sessões neste sábado (11/5), e domingo, no Cine Theatro Brasil Vallourec. A atriz, que completa 80 anos em agosto, conta que o embrião do projeto remonta a 2015, quando a atriz e dramaturga Andréa Bassitt se propôs a escrever um texto especialme­nte para ela.

A peça focaliza a personagem Teresa, que, depois de morta, visita sua casa pela última vez, porque o imóvel foi vendido e sua alma foi “despejada”. Na derradeira visita, ela lembra de momentos de sua vida, de histórias e de pessoas importante­s em sua trajetória. Apaixonada por palavras, Teresa seguiu a carreira de professora e teve dois filhos com Roberto, um homem simples e trabalhado­r, que se tornou empresário bem-sucedido e mudou seu destino.

“Diante da proposta de escrever uma peça para mim, eu disse a ela que gostaria de um texto sobre a memória. Andréa me perguntou que tipo de memória, e eu respondi que todas”, recorda.

A montagem, que tem direção de Elias Andreato, estreou em setembro de 2019, em São Paulo, mas pouco tempo depois teve que ser suspensa, devido à pandemia.

A atriz conta que “Alma despejada” a cativou, primeirame­nte, pelo fato de a protagonis­ta estar morta, algo “extremamen­te teatral”. Outro ponto que considera marcante é o fato de suscitar reflexões, a partir do olhar distanciad­o da protagonis­ta. “Seja comédia ou drama, o que mais gosto em um texto é a capacidade de mexer com o público, instigar alguma coisa e não apenas fazer chacoalhar de rir”, diz, acrescen

“'Alma despejada' me deu uma jovialidad­e muito grande. Excursão não é uma coisa simples, são novos palcos, novas plateias, novas camas de hotéis, enfim, uma mudança no dia a dia que, para uma senhora de 80 anos, é favorável. O fato de me sentir pronta para encarar isso me traz uma jovialidad­e de espírito”

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Irene Ravache

Atriz

tando que “Alma despejada” também cumpre essa função, porque é uma história carregada de humor e leveza.

REFLEXÃO

“Sei que as pessoas levam algo dessa peça para casa porque elas me falam, não é achismo. Ao longo dos últimos 20 anos, especialme­nte, tenho trabalhado com textos que escarafunc­ham a alma dos personagen­s e levam a um pensamento sobre você mesmo. É o tipo de teatro que gosto de fazer. Essa devolução do público é uma sinalizaçã­o positiva sobre o que me propus a fazer, porque se me tocou em algum momento, é capaz de tocar outras pessoas também”, destaca.

A montagem recebeu, em 2021, o Prêmio Bibi Ferreira nas categorias melhor atriz e melhor texto original. Sem esconder que “é gostoso ganhar prêmio”, Irene considera que eles são um reconhecim­ento importante por parte dos colegas e do público. “Tenho vários, Molière, APCA, Mambembe, mas o Bibi Ferreira ainda não tinha. Quando anunciaram meu nome, nem me levantei, porque não esperava receber, estava concorrend­o com atrizes muito interessan­tes. Foi uma alegria”, afirma. ■

“ALMA DESPEJADA”

Monólogo com Irene Ravache, neste sábado (11/5), às 21h, e domingo (12/5), às 19h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315, Centro – 31.32015211 e 3243-1964). Ingressos a R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada), à venda na bilheteria do Teatro, no site e na loja Eventim do Shopping 5ª Avenida (Rua Alagoas, 1.314, Loja 20C, Savassi).

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ANDRÉIA MACHADO/DIVULGAÇÃO O MONÓLOGO QUE ESTREOU EM 2019 E FOI INTERROMPI­DO PELA PANDEMIA TEM SESSÕES AMANHÃ E DOMINGO NA CAPITAL MINEIRA

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