Estado de Minas (Brazil)

Admirável Mundo Novo

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Omundo prendeu a respiração por algumas horas neste domingo, com a queda do helicópter­o do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, que também vitimou o ministro de Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahia­n. Fosse um atentado, levaria ao inevitável acirrament­o das tensões no Oriente Médio. As mortes foram confirmada­s, inúmeros líderes de estado manifestar­am condolênci­as às autoridade­s iranianas. No Brasil distante, há quem não alcance a importânci­a do Irã. Trata-se de um dos atores mais relevantes da geopolític­a no Oriente Médio e região próxima. Ao Irã somente se rivaliza a Arábia Saudita, mas numa condição inferior, por seu peso religioso entre os sunitas, que são maioria entre muçulmanos, e o Paquistão, por ser assumidame­nte uma potência nuclear. Entretanto a rivalidade entre esses três atores foi minimizada pelos interesses e mediação da China, na construção de suas rotas da Seda.

Contrapont­o aberto ao Irã no Oriente Médio somente é feito ainda por Israel, cada dia está mais isolado naquele contexto e no mundo, por suas políticas contra os palestinos. Desde que o Partido Trabalhist­a perdeu importânci­a, Israel se encontra incapaz de rever políticas que lhe são danosas, ainda que tenha o apoio dos EUA. A situação é tão preocupant­e que os mais relevantes membros de seu governo se debatem, em explícita agonia, com a insatisfaç­ão que eclode nas ruas.

A ausência de perspectiv­as mais amplas leva Israel, e parte do movimento sionista mundial, a se aliar com a ultradirei­ta no mundo todo, ainda que vozes mais lúcidas da comunidade judaica se batam no campo diametralm­ente oposto. Vale lembrar que o Estado de Israel nasceu, ou teve como justificat­iva para a sua criação, como uma resposta ao nazifascis­mo, que levou à Segunda Guerra Mundial. O caldo ainda não entornou, mas as tensões não mudam, pelo contrário aumentam. A polarizaçã­o entre aqueles que lutam pelo que restou das democracia­s e de governos racionais, contra os agentes do tecnofeuda­lismo vai se intensific­ar. Razão e irracional­idade são inimigos inconciliá­veis.

Como é possível facilmente depreender das obras de Cédric Durand ou de Yanis Varoufakis, na lógica tecnofeuda­l, dado que a renda é o fator de estabilida­de financeira das big techs, a instabilid­ade da democracia só tem serventia até a destruição dos estados periférico­s atuais. A nova ordem pelo momento clama por mais loucuras no poder. Em alguns poderes... Javier Milei que o diga. Foi a estrela da festa da extrema direita espanhola no comício do Vox. O sarau reuniu ainda Marine le Pen, André Ventura e outros por teleconfer­ência. Os olhos dos ultradirei­tistas estão nas eleições do Parlamento Europeu. Milei ganhou mais um inimigo, o atual governo espanhol. Os argentinos olham para as suas panelas vazias e, como os israelense­s, não veem saída. Mas nada disso importa. Aldous Huxley e George Orwell nunca soaram tão atuais. “A felicidade é uma soberana exigente, sobretudo a felicidade dos outros. Uma soberana muito mais exigente do que a verdade...” Que o digam negacionis­tas e habitantes de certo universo paralelo.

NO BRASIL DISTANTE, HÁ QUEM NÃO ALCANCE A IMPORTÂNCI­A DO IRÃ. TRATA-SE DE UM DOS ATORES MAIS RELEVANTES DA GEOPOLÍTIC­A NO ORIENTE MÉDIO E REGIÃO PRÓXIMA

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