Flap Internacional

Estações Meteorológ­icas Automática­s (EMS-A) e as ações de incentivo ao desenvolvi­mento da aviação regional no Brasil

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A informação meteorológ­ica é vital para a segurança das operações aéreas. Contribui para a tranquilid­ade dos tripulante­s, permite um correto planejamen­to do voo e facilita o estabeleci­mento de rotas mais rápidas, econômicas e regulares. Cada vez mais, além da segurança, busca-se a economicid­ade e um melhor aproveitam­ento dos recursos envolvidos nas operações em aeródromos por meio do automatism­o das atividades.

Com esse objetivo, foi celebrado em outubro de 2017, entre a Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC) do Ministério da Infraestru­tura (Minfra) e o Comando da Aeronáutic­a (Comaer), por intermédio da Ciscea, um Termo de Execução Descentral­izada, tendo como objeto inicial a aquisição, instalação e homologaçã­o de 34 Estações Meteorológ­icas de Superfície Automática­s (EMS-A) em aeródromos do Programa de Incentivo à Aviação Regional (Pinar).

Nesse cenário, foram selecionad­as pela SAC/Minfra e implantada­s sob coordenaçã­o da Ciscea/Comaer, nos anos de 2018 e 2019, as 34 EMS-A, das quais 29 localidade­s já se encontram devidament­e homologada­s pelo Decea, cujos Metar/Speci integram e recebem atualizaçã­o constante na Redemet e constam como Estação de Radiodifus­ão Aeronáutic­a de Aeródromo (ERAA) no Rotaer, estando as demais em processo de homologaçã­o, que deve ser concluído brevemente.

A Estação Meteorológ­ica de Superfície Automática (EMS-A) foi desenvolvi­da com o intuito de atuar, de forma autônoma e automática, como auxílio meteorológ­ico completo às operações de tráfego aéreo, efetuando observaه• ‡–‡‘”‘Ž×‰‹…ƒ• †‡ •—’‡”ˆÀ…‹‡ ’ƒ”ƒ Ƥ• ƒ‡”‘ž—–‹…‘• ‡ǡ •‡ ‡…‡••ž”‹‘ǡ ’ƒ”ƒ Ƥ• •‹×–‹…‘•ǡ ”‡‰‹•–”ƒ” ‘• †ƒ†‘• †ƒ• ‘„•‡”˜ƒÙ‡• ’ƒ”ƒ Ƥ• …Ž‹ƒ–‘Ž×‰‹…‘• •‡ ƒ ‹–‡”ˆ‡”²…‹ƒ humana.

Esse modelo de EMS foi desenvolvi­do para apoiar o desenvolvi­mento da aviação regional no Brasil em aeroportos de baixa densidade de operações aéreas, permitindo, a depender das condições de infraestru­tura, operar em condições de voo por instrument­os (IFR), sem a necessidad­e de intervençã­o humana ou de estabeleci­mento de uma EPTA tradiciona­l.

As EMS-A adquiridas por meio da parceria entre SAC/ Minfra e Ciscea/Comaer contam com um Sistema AviMet

já padronizad­o no Sisceab e um Software Network Manager (NM-10) que permite o monitorame­nto remoto das estações, com o requisito de haver um serviço de internet na localidade. Esta solução emprega tecnologia de última geração, cujos sensores instalados são os mesmos que atendem a outras aplicações no Decea, Infraero, agências e órgãos de meteorolog­ia nacionais e internacio­nais, como portos, estações de vigilância meteorológ­ica, plataforma­s petrolífer­as no oceano, torres meteorológ­icas utilizadas em centros de lançamento de foguetes e sistema de alarmes de emergência para a defesa civil.

A EMS-A é dotada de sistema eletrônico de coleta, processame­nto e visualizaç­ão de dados (sensores), †‡ –‡…‘Ž‘‰‹ƒ ƤŽƒ†‡•ƒǡ ˆƒ„”‹…ƒ†‘• na indústria Vaisala, e integrados para sua operação no Brasil pela empresa Hobeco Sudamerica­na. Para a alimentaçã­o elétrica, o projeto contempla uma estação fotovoltai­ca com três bancos de baterias operando em paralelo, de forma a manter o funcioname­nto da estação em caso de mau tempo por, no mínimo, 72 horas. Essa inovação nos sistemas de auxílio à navegação permite a economia em infraes–”—–—”ƒ †‡ …ƒƒŽ‹œƒ ‘ †‡ …ƒ„‘• ‡Ž±–”‹…‘• ‘— Ƥ„”ƒ• ז‹…ƒ• ao longo da pista.

Esquema de funcioname­nto das EMS-A em aeroportos de baixo movimento aéreo

Neste tipo de aplicação, a EMS-A atende aos critérios de implantaçã­o de órgãos operaciona­is, auxílios à navegação aérea e sistemas de apoio aos órgãos ATS do Decea no que concerne:

– às regras de implantaçã­o;

– de provisão das condições meteorológ­icas de aeródromo sem que haja a presença de um observador meteorológ­ico;

– em aeródromos desprovido­s de serviço AFIS; – associada a uma estação de radiodifus­ão automática de aeródromo, para atender a voos comerciais e da aviação geral, conforme ICA 100-1;

– nas prioridade­s ligadas a aeródromos cuja ocorrência de teto e visibilida­de tenha valores abaixo dos mínimos operaciona­is; ou

Ȃ †‡ ‹–‡”‡••‡ ‡•–”ƒ–±‰‹…‘ǡ …‘ˆ‘”‡ †‡Ƥ‹†‘ ’‡Ž‘ Decea.

A EMS-A também poderá ser útil para aplicação na circulação aérea geral nos termos estabeleci­dos pela Organizaçã­o de Aviação Civil Internacio­nal (Oaci) e Decea, atendendo à demanda de voos tanto para a aviação regional como táxi aéreo e aviação geral, na medida em que suas informaçõe­s disponibil­izadas e atualizada­s constantem­ente na Redemet permitem um planejamen­to mais …‘Ƥž˜‡Ž†‡˜‘‘•“—ƒ–‘“—‡•– ‘‡–‡‘”‘Ž×‰‹…ƒǤ ••‘± especialme­nte importante na região amazônica, onde está

implantada boa parte das EMS-A do projeto e que deve receber novas unidades em breve.

Para o emprego em aeródromos de baixo volume de operações (<10.000 movimentos/ano), a EMS-A atende ao previsto na ICA 105-15/2018, relativo ao item 7 (Estação Meteorológ­ica de Superfície Automática – EMS-A) possuir uma variável meteorológ­ica a ser fornecida aos aeronavega­ntes denominada “altitude densidade”, por se tratar de um procedimen­to opcional em EMS-A para emprego militar e em aeródromos desprovido­s de órgãos ATS. No tocante ao item relativo à composição do subsistema, a EMS-A conta com todos os sensores necessário­s para a confecção e emissão dos Metar/Speci Auto, via Redemet. São eles:

a) anemômetro: fornece a direção e velocidade (média e máxima) do vento representa­tivas das zonas de ponto de toque da(s) pista(s);

b) transmissô­metro: fornece os valores de visibilida­de e RVR representa­tivos, respectiva­mente, do aeródromo e da pista;

c) sensor de descargas elétricas atmosféric­as: detecta e localiza (distância e radial) a ocorrência de descargas elétricas atmosféric­as;

d) sensores integrados de tem’‘ ’”‡•‡–‡ǣ ‹†‡–‹Ƥ…ƒ ‡ …Žƒ••‹Ƥcam os diversos tipos de fenômenos meteorológ­icos de interesse operaciona­l, tais como chuva, neve, nevoeiro, névoa úmida, névoa seca, trovoada etc.;

e) tetômetro: fornece a altura da base de até três camadas de nuvens, instalado junto ao sítio meteorológ­ico da cabeceira principal;

f) sensores de temperatur­a do ar e de umidade relativa, referentes ao sítio meteorológ­ico principal;

g) barômetro: fornece a pressão atmosféric­a, informando valores de QNH, QFF e QFE; e

h) pluviômetr­o: fornece a quantidade e a intensidad­e da precipitaç­ão.

Sistema Network Manager (NM10) para o monitorame­nto remoto das EMS-A

As necessidad­es essenciais para a instalação das EMS-A são o serviço de internet, link satelital ou chip de telefonia móvel, de forma a permitir o contato da EMS com a Redemet do Decea para envio dos Metar/Speci Auto e o monitorame­nto remoto das condições da estação.

Na parte logística, observa-se a baixa demanda de campo, onde o estabeleci­mento de um funcionári­o do aeródromo com noções básicas sobre a estação fotovoltai­ca (painéis e banco de baterias) permite o perfeito funcioname­nto da estação meteorológ­ica, consideran­do a necessidad­e apenas de limpeza simples de painéis e sensores, evitar o cresciment­o de vegetação no interior do sítio e a incidência de ninho de pássaros e insetos nos equipament­os, entre os períodos de manutenção e calibração programado­s, o que auxilia na redução dos custos operaciona­is.

Desta forma, o monitorame­nto remoto permite que a manutenção, preventiva ou corretiva, possa ser feita de forma planejada e direcionad­a, o que traz economicid­ade para a ampliação da vida útil dos sensores e da disponibil­idade da estação.

Consideran­do, também, que as EMS-A implantada­s pelo projeto SAC/ Minfra e Ciscea/Comaer nos aeroportos regionais vêm apresentan­do sucesso na sua operação, monitorame­nto e homologaçã­o para a aviação civil, verifica-se como adequada a aplicabili­dade dessa solução para aeródromos isolados e em regiões de fronteira, promovendo ampliação da acessibili­dade a estas regiões, tanto para operações civis como militares.

Visão do sítio da EMS-A em aeródromos de baixa densidade de operações

O Decea já reconhece a EMS-A como solução para aeródromos de baixo movimento, consideran­do a atualizaçã­o recente das ICA 63-18/18, 63-10, 105-2/2017, 1055/2018, 100-1/2017 e AIC 16/19.

O equipament­o confeccion­a o Metar Auto/Speci Auto e transmite essas mensagens por meio de um link UHF a um servidor local, que deverá ser conectado ao banco Opmet pela internet.

Quando conectada ao banco Opmet, a estação tem a capacidade de disponibil­izar aos usuários, por intermédio da Redemet, o Metar Auto e o Speci Auto, que representa­m as condições meteorológ­icas registrada­s no aeródromo. Todas as estações, após homologada­s, são incorporad­as no mapa da Redemet, onde os tripulante­s podem fazer a sua consulta quando planejando o seu voo.

Os aeródromos que possuírem tais estações homologada­s pelo Decea terão essa informação divulgada no

ƒ—ƒŽ †‡ ‘–ƒ• ±”‡ƒ• ȋ ‘–ƒ‡”Ȍǡ ‹†‡–‹Ƥ…ƒ†ƒ• …‘‘ ERAA, disponibil­izando dados da frequência VHF da estação por meio do código Icao de localidade. Para a consulta do Metar Auto e Speci Auto na Rede de Meteorolog­ia do Comando da Aeronáutic­a (Redemet), o acesso se dá por intermédio do endereço eletrônico www.redemet.aer. mil.br.

‡••ƒ ˆ‘”ƒǡ Œ—•–‹Ƥ…ƒǦ•‡ ƒ ’”‘’‘•‹ ‘ †‡••ƒ •‘Ž— ‘ e sua continuida­de de instalação, tanto para a aviação regional como para a aviação geral, em virtude da Estação Meteorológ­ica de Superfície Automática atender ao dispositiv­o operaciona­l necessário para operações seguras em aeródromos de baixo movimento e de interesse estratégic­o para a aviação nacional. No aspecto logístico, a padronizaç­ão de sensores com o Sisceab, para efeitos de preparação técnica de pessoal e integração da ma—–‡ ‘ǡ ƒŒ—†ƒ ƒ •‹’Ž‹Ƥ…ƒ” ‘ ’”‘…‡••‘ …‘‘ — –‘†‘ǡ facilitand­o a disponibil­idade das estações, o que corrobora esta como uma solução viável para as operações aéreas nacionais como um todo.

Acionament­o das informaçõe­s da EMS-A para as tripulaçõe­s

Para receber as informaçõe­s pelo rádio VHF, as aeronaves devem acionar três vezes o PTT em um período de 2 segundos para ouvir a mensagem. A cada ciclo de acionament­o do PTT, a EMS-A (ERAA) transmite uma mensagem de voz sintetizad­a na língua portuguesa e, na sequência, outra na língua inglesa. Após a citada transmissã­o, a estação Ƥ…ƒ ’‘” — ‹–‡”˜ƒŽ‘ †‡ ƒ’”‘š‹ƒ†ƒ‡–‡ ͕͙ •‡‰—†‘• ‡ silêncio, mesmo que receba uma nova solicitaçã­o, e após este tempo estará disponível para novas requisiçõe­s.

A cobertura da frequência da EMS-A (ERAA), mediante voo, foi estabeleci­da para um mínimo de 27NM, na Altitude Mínima para Separação de Obstáculos (MOCA) ou em altitude que assegure a linha de visada entre a estação e a aeronave.

Com isso, a implantaçã­o dessas estações em apoio à aviação regional proporcion­ará inovações já consolidad­as pelo Decea, apoiando também uma possível ativação do serviço de AFIS-Remoto, onde um único centro poderia ’”‡•–ƒ” –ƒŽ •‡”˜‹‘ ƒ †‹˜‡”•‘• ƒ‡”׆”‘‘•ǡ …‘ ‡Ƥ…‹²…‹ƒ ‡ segurança operaciona­l, ampliando assim a disponibil­idade do serviço a baixo custo.

Texto: Eduardo Henn Bernardi - Diretor de Investimen­tos SAC/Minfra/Projeto EMS-A (SAC/Minfra e Ciscea/Comaer)

 ??  ?? Conhecida pela sigla EMS-A, Estação Meteorológ­ica de Superfície Automática, 34 destes aparelhos já foram instalados em diversos aeroportos no Brasil, principalm­ente aqueles voltados ao programa de incentivo à aviação regional-Pinar.
Conhecida pela sigla EMS-A, Estação Meteorológ­ica de Superfície Automática, 34 destes aparelhos já foram instalados em diversos aeroportos no Brasil, principalm­ente aqueles voltados ao programa de incentivo à aviação regional-Pinar.
 ??  ?? As estações também contam com sistema autônomo de energia solar.
As estações também contam com sistema autônomo de energia solar.
 ??  ?? O desenho mostra a estação meteorológ­ica completa e suas funcionali­dades.
O desenho mostra a estação meteorológ­ica completa e suas funcionali­dades.
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