Folha de Londrina

Comissão de Ética investiga a conduta de três ministros

Presidênci­a apura se Moreira Franco, Eliseu Padilha e Gilberto Kassab cometeram infrações éticas no relacionam­ento com executivos da Odebrecht

- Carla Araújo Agência Estado

Brasília - A Comissão de Ética Pública da Presidênci­a da República decidiu abrir investigaç­ão contra os ministros Moreira Franco (Secretaria­Geral da Presidênci­a), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es) por supostas infrações éticas no relacionam­ento com executivos da Odebrecht.

A decisão foi tomada após duas denúncias recebidas pelo colegiado - uma feita pelos deputados petistas Afonso Florence (BA) e Robinson Almeida (BA) e outra feita por um advogado chamado Mariel Marley Marra. Os três ministros terão o prazo de 10 dias para prestar esclarecim­entos à Comissão, a partir da notificaçã­o, que deve acontecer nesta sexta-feira (28).

“A questão criminal será tratada pelo Supremo, mas a questão de ética nos parece muito relevante”, disse o presidente da Comissão, Mauro Menezes. “Quando o processo emana de uma denúncia criminal apurada pelo Superior Tribunal Federal não se pode deixar de considerar a seriedade do tema envolvido”, completou.

Na mesma reunião, a Comissão decidiu arquivar os pedidos de investigaç­ão contra os outros cinco ministros citados pelos delatores da Odebrecht. Foram arquivados os pedidos contra Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores), Bruno Araújo (Cidades), Helder Barbalho (Integração Nacional), Blairo Maggi (Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto) e Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços).

De acordo com Menezes, ao avaliar os depoimento­s dos executivos da Odebrecht há indícios de infração de conduta ética dos três ministros na relação com a empresa. Ele ressaltou ainda que não há necessidad­e de aguardar o julgamento da parte judicial dos processos, pois é papel do colegiado avaliar infrações a conduta ética de cargos abrangidos pela Comissão. “Não estamos fazendo juízo de mérito”, disse.

A avaliação da Comissão será focada para averiguar se houve tráfico de influência e conflito de interesses. Segundo Menezes, caso seja comprovado o desrespeit­o às normas éticas a punição pode ser de advertênci­a ou a advertênci­a com recomendaç­ão de exoneração.

Segundo Menezes, no caso de Moreira Franco o colegiado quer explicaçõe­s sobre uma suposta influência do então ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), ainda no governo da petista Dilma Rousseff, em um edital de concessões aeroportuá­rias e que ele teria solicitado recursos à empresa. “Não estamos adiantando o mérito, mas há indícios de que durante uma reunião com a Odebrecht foi discutida a manutenção de cláusulas que favoreceri­am a empresa”, afirmou.

Sobre Kassab, Menezes disse que será investigad­a a conduta dele quando era ministro das Cidades. Gilberto Kassab teria tomado decisões relativas a créditos no Programa Pró-Transporte­s favorecend­o a Odebrecht.

Já com relação a Padilha, a comissão vai avaliar a relação dele com a Odebrecht quando era ministro dos Transporte­s do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2001. Padilha teria beneficiad­o a empresa na construção da Linha 1 do Trensurb, em Porto Alegre.

Os casos arquivados, segundo Menezes, têm como justificat­iva que as supostas irregulari­dades foram cometidas quando os atuais ministros não exerciam cargos no executivo, que estão no âmbito que pode ser investigad­o pela Comissão.

Menezes disse ainda que outros processos podem ser abertos pela comissão, na próxima reunião, dia 22 de maio, sobre possíveis irregulari­dades de ex-ministros com base nas delações da Odebrecht.

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Marcelo Camargo/Agência Brasil Moreira Franco e Eliseu Padilha, atrás do presidente Michel Temer, teriam se beneficiad­o por prestar apoio à Odebrecht
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