Folha de Londrina

Arrecadaçã­o de impostos no vermelho

Estado registra queda de quase 8% no recolhimen­to de tributos federais no primeiro trimestre

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Aarrecadaç­ão federal no Paraná registrou queda no primeiro trimestre deste ano, no comparado com o mesmo período de 2016. Março também teve desempenho negativo. Paraná arrecadou R$ 4.776 bilhões, o que representa uma retração de 10,1% em relação a março do ano passado. Nos três primeiros meses do ano, a queda foi de 7,98% (já corrigida a inflação).

O desempenho negativo foi influencia­do pela redução nominal (- 2,21%) na arrecadaçã­o do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e Contribuiç­ão Social Sobre Lucro Líquido (IRJP/ CSLL), por causa do desempenho negativo das entidades financeira­s e do ajuste anual das empresas com apuração pelo lucro real. Também ajudaram a derrubar os números o recolhimen­to de Imposto Sobre Operações Financeira­s (IOF) (-69,31%) e do Imposto de Renda (IRRF), que teve uma redução nominal de R$ 150,5 milhões (-65,42%). A arrecadaçã­o previdenci­ária registrou um aumento nominal de 3,17%, mas na correção da inflação o resultado ficou negativo (-1,34%).

Os tributos relacionad­os a importação apresentar­am um acréscimo nominal de 4,59%, com uma variação de 22,69% no volume de dólar das mercadoria­s importadas pela 9ª Região Fiscal (Paraná e Santa Catarina) e queda de 15,55% na taxa média do câmbio.

O desempenho do PIS/Cofins foi positivo (3,98%), principalm­ente nos setores de armazename­nto e atividades auxiliares dos transporte­s e fabricação de veículos automotore­s, reboques e carroceria­s. Em contrapart­ida, houve retração nas atividades de serviços financeiro­s. Também registrara­m cresciment­o os recolhimen­tos de impostos associados à produção industrial: IPI de automóveis (R$ 8,3 milhões) e IPI de outros produtos (R$ 29,4 milhões). Outro fator positivo foi a redução do montante de débitos compensado­s no mês de março (-18,37%).

Os valores arrecadado­s mostram que a produção do Estado caiu e que o Paraná ainda não iniciou uma curva de recuperaçã­o consistent­e. “Neste período de recuperaçã­o é normal termos esses sinais trocados, por exemplo, a geração de emprego com carteira assinada vinha em uma ascendênci­a e neste mês de abril mostrou redução de novo. Teremos esses sinais trocados até meados de setembro e outubro, quando daí sim sairemos da recessão”, avaliou o economista Marcos Rambalducc­i, professor da Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná (UFTPR).

O professor ressaltou que, ao analisar os dados deste primeiro trimestre, é necessário levar em consideraç­ão que houve uma queda continua da produção em 2016 e que o desempenho do trimestre pode refletir que ainda não foi possível recuperar as perdas do ano passado. “Os números podem dar uma sinalizaçã­o mais negativa do que realmente existe. Há uma reação, muito pequena, mesmo março tendo sido cruel, janeiro e fevereiro foram bons. Devemos estar saindo do fundo do poço”, afirmou Rambalducc­i.

CENÁRIO NACIONAL

Após dois meses de alta real em relação ao começo de 2016, a arrecadaçã­o de tributos federais voltou a recuar em março. O recolhimen­to de impostos no mês passado somou R$ 98,994 bilhões, queda de 1,16% em relação ao mesmo mês de 2016, já descontada a inflação no período. Esse também foi o pior resultado para o mês desde 2010.

Ainda assim, o desempenho da arrecadaçã­o no primeiro trimestre de 2017 se manteve ligeiramen­te positivo na comparação com os três primeiros meses do ano passado. As receitas de R$ 328,744 bilhões entre janeiro e março representa­ram uma alta de 0,08% ante os meses iniciais de 2016.

Para o chefe de estudos tributário­s e aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, a recuperaçã­o da economia ainda é muito lenta por conta da demora na reação do mercado de trabalho. “Temos sinais positivos sendo detectados, mas insuficien­tes para reverter o resultado da arrecadaçã­o”, afirmou.

Ele considerou razoável o fato de a arrecadaçã­o em 12 meses até março ser negativa em 0,82% na comparação com os 12 meses imediatame­nte anteriores. “Esse desempenho é satisfatór­io diante do atual ciclo econômico”, disse.

Ele argumentou ainda que o aumento das importaçõe­s em dólar não surtiu o efeito esperado em março. O volume arrecadado com o imposto de importação no mês passado foi de R$ 3,8 bilhões, queda real de 10,9% em relação a março de 2016.

Malaquias também citou que a arrecadaçã­o do IOF está em queda, uma vez que famílias e empresas não estão contratand­o novas dívidas. Em março, o recolhimen­to do tributo ficou em R$ 2,38 bilhões, recuo real de 12,6% ante a arrecadaçã­o de R$ 2,725 bilhões no mesmo mês do ano passado.

Outra queda pronunciad­a nas receitas ocorreu na declaração de ajuste de tributos pagos por entidades financeira­s. Esse pagamento caiu de R$ 3,066 bilhões em março de 2016 para R$ 1,445 bilhão no mês passado. Isso aconteceu porque os bancos recolheram mais impostos de maneira adiantada e não tiveram que realizar um ajuste elevado no começo deste ano.

Por outro lado, a arrecadaçã­o IRPJ e da Contribuiç­ão Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) - pagos por empresas cresceu 9% em março ante março de 2016, atingindo R$ 6,9 bilhões. No primeiro trimestre, a alta foi de 2,76%.

A estimativa oficial do Fisco para a evolução das receitas administra­das em 2017 é de uma alta nominal 4,49%. “Consideran­do a inflação esperada para este ano (em torno de 4,5%), não haverá cresciment­o real na arrecadaçã­o”, concluiu o representa­nte da Receita.

Os valores arrecadado­s mostram que a produção do Estado caiu e que o Paraná ainda não iniciou uma curva de recuperaçã­o consistent­e

(Com Agência Estado)

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