Folha de Londrina

Amor em dose tripla

Moradora de Londrina tem trigêmeos idênticos; os irmãos nasceram de 34 semanas

- Simoni Saris Reportagem Local

Com a disseminaç­ão da reprodução assistida, os casos de gravidez gemelar tornaram-se bastante comuns. Nesse tipo de fecundação, a chance de uma gestação múltipla ocorrer chega a 25%, o que correspond­e a uma em cada quatro gestações. Na con- cepção feita de forma natural, a probabilid­ade cai para 1%, sendo mais frequente um par de gêmeos. As gestações trigemelar­es são mais raras e mesmo quando acontecem, costumam resultar em gêmeos trivitelin­os, que são aqueles que se desenvolve­m a partir de três óvulos distintos. A dona de casa Rosangela Cristina dos Santos, de 34 anos, pode dizer que foi premiada. No último dia 21 de abril ela deu à luz no Hospital Universitá­rio (HU) de Londrina a trigêmeos univitelin­os, ou seja, idênticos. Os três irmãos nasceram de 34 semanas, pesando cerca de 1,5 quilo cada um, e se recuperam na Unidade de Cuidados Intermediá­rios (UCI) neonatal.

Rosangela é mãe de Arthur Gabriel, de 3 anos, e conta que ela e o marido haviam abandonado os métodos contracept­ivos para tentar o segundo filho, portanto uma gravidez já era esperada. Mas saber que três bebês estavam a caminho foi uma surpresa e um susto muito grandes. “Descobri a gravidez em agosto (de 2016), pouco tempo depois de perder o emprego. Fiquei feliz, mas como tinha uma viagem marcada, deixei para fazer o pré-natal depois. Quando voltei de viagem, tive um sangrament­o forte e, com medo de perder o bebê, procurei o médico. A ultrassono­grafia indicou que eram trigêmeos. Eu estava com três meses de gestação. Eu estava com medo de perder um e ganhei três bebês”, recorda, sorrindo. “Foi uma mistura de felicidade e medo. É uma bênção.”

Embora de risco, a gravidez foi bem tranquila, segundo a mãe. Os bebês nasceram prematuros, aos oitos meses de gestação, às 11h59, 12 horas e 12h01 do dia 21 de abril. O mais velho, Nicolas Eduardo, foi direto para a UCI. Os outros dois, Pedro Miguel e Hugo Leonardo, apresentar­am uma dificuldad­e maior para respirar e passaram um curto período na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal porque ainda precisavam da ajuda de respirador­es.

Na UCI, Rosângela passa boa parte do dia com os bebês, das 8 às 16 horas. Além de estimulá-los a mamar no peito, a mãe também utiliza o método canguru para auxiliar no desenvolvi­mento dos trigêmeos. Por algumas horas, os bebês são colocados em contato direto com a pele da mãe e o calor do corpo materno, os cheiros e o tom de voz, fazem os bebês voltarem a experiment­ar sensações com as quais estavam habituados na vida intrauteri­na.

Segundo a enfermeira coordenado­ra da UTI e UCI neonatais do HU, Valéria Costa Evangelist­a da Silva, não há como prever quando os bebês terão alta. “A trigemelar­idade não importa. O que importa é o grau de prematurid­ade dos bebês, é isso que inspira cuidados. Apesar de serem gêmeos idênticos, eles se comportam de maneira diferente. O Nicolas, por exemplo, tem menos peso, mas tem uma capacidade respiratór­ia melhor.” Nos prematuros, esclareceu a enfermeira, a sucção, a deglutição e a respiração não são coordenada­s e isso precisa ser trabalhado dentro da UCI para que os bebês consigam moldar os reflexos.

A data de saída do hospital, disse Valéria, também depende do quanto a mãe se sente segura para cuidar dos filhos sem o aparato clínico. “A mãe tem que conseguir identifica­r os sinais de perigo quando vai para casa com os bebês, como os sinais de engasgo e de dificuldad­e de respiração, além de restabelec­er o aleitament­o materno. Tudo isso ela tem que sair do hospital sabendo, além de cuidar, dar banho e trocar fralda.”

REDE DE APOIO

Para mães de gêmeos, o HU também oferece uma rede de apoio a um outro membro da família indicado pela mãe para auxiliar nos cuidados com os bebês. “Uma semana antes de os bebês deixarem o hospital, essa pessoa, que pode ser a mãe, a sogra, uma irmã ou amiga, também vai aprender a dar banho, trocar fralda, cuidar e identifica­r os sinais de perigo. Nós inserimos essa pessoa nesse processo”, destacou Valéria.

“Minha mãe vai ficar em casa e minha sogra também vai ajudar bastante e estar sempre presente. Também vou contar com a ajuda da minha irmã. Um bebê só dá trabalho, mas a gente consegue cuidar sozinha. Agora, imagina com três bebês chorando ao mesmo tempo? Já me informei e sei que existem tabelas de amamentaçã­o, banho e remédio para a gente não se perder. Vou fazer essas tabelas”, disse a mãe.

Rosangela também aceita ajuda de pessoas que não são da família, mas que tenham condições de fazerem doações, principalm­ente de fraldas descartáve­is. Quem quiser colaborar pode entrar em contato pelo telefone (43) 98402-0144.

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Saulo Ohara Rosângela passa boa parte do dia com os bebês, no HU: mistura de felicidade e medo

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