Folha de Londrina

Setor de máquinas agrícolas se recupera e retorna ao patamar anterior à crise

Mais otimista em relação à economia, produtor rural retoma investimen­tos

- Nelson Bortolin Reportagem Local

Câmara setorial da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipament­os (Abmaq) aponta que área teve cresciment­o de 12% na produção no ano passado e de 15% nos primeiros três meses de 2017, aumento impulsiona­do pela grande safra. Gerente de concession­ária em Londrina destaca maior confiança do produtor rural na economia e na política. Linha de crédito do BNDES para aquisição de máquinas e equipament­os de forma geral teve aumento de aprovação de 32% de janeiro a março

Apesar da quebra da safra 2015/2016, a produção de máquinas agrícolas cresceu 12% no ano passado, segundo a Câmara Setorial de Máquinas e Implemento­s Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipament­os (Abmaq). E, no primeiro trimeste de 2017, já avançou mais 15% na comparação com o mesmo período de 2017.

“Voltamos à nossa normalidad­e”, afirma o presidente da Câmara, Pedro Estevão Bastos. “É um cresciment­o esperado porque estamos diante de uma grande safra (2016/2017)”, comemora.

No varejo, as empresas estão otimistas. A concession­ária Horizon, autorizada da John Deere em Londrina, estima um cresciment­o entre 20% e 30% no primeiro trimestre. O gerente-geral Milton Garcez atribui o aqueciment­o ao aumento da confiança do produtor rural na economia e na política. “Quando desconfia do cenário, o produtor para de investir, mas se está confiante, ele compra”, alega. Para ele, o empresário do campo é um “otimista nato”.

Segundo Garcez, 98% do que a loja vende é pelo Finame, linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES). “Os juros ainda são interessan­tes”, alega. São 8,5% ao ano para clientes que faturam até R$ 90 milhões. E 10,5% para os maiores.

Segundo o BNDES, o Finame para aquisição de máquinas e equipament­os de forma geral teve um aumento de aprovação de 32% de janeiro a março na comparação com o mesmo período de 2016. O banco não divulgou informaçõe­s específica­s sobre maquinário agrícola.

PREÇO DA SOJA O mercado cresce apesar de o preço da soja estar baixo para o produtor (R$ 55 a saca). Segundo Garcez, no entanto, isso se deve a uma super safra e, por isso, ninguém deve se queixar. “É melhor ter o cilo cheio e preço menor do que o cilo vazio com preço maior”, afirma.

Jorge Lacerda Júnior, da DHL Valtra Tratores, confirma que o primeiro trimestre deste ano apresentou cresciment­o. “De 15% a 20%”, diz ele. Mas, para isso, as concession­árias da marca tiveram de oferecer condições especiais. “O preço da soja está muito baixo. Só estamos conseguind­o vender porque postergamo­s a entrada para 30 de setembro, quando a remuneraçã­o deverá estar melhor para o produtor. Estamos correndo atrás dos clientes”, afirma.

Júnior, no entanto, não está certo de que o aqueciment­o das vendas irá se manter nos próximos meses. “Isso porque agora os tratores são obrigados a ter motores eletrônico­s e custam de 20% a 30% mais. O que estamos comerciali­zando são os do estoque antigo”, alega.

O supervisor de compras de máquinas e equipament­os da Cooperativ­a Integrada, André Rabelo, diz estar com um “bom volume” de financiame­ntos encaminhad­os. “Só em maio deveremos ter mais de R$ 2 milhões de desembolso”, conta. No ano passado, a área dele teve um cresciment­o de 9,5% e, neste ano, a meta é crescer 20%. “Apesar de o preço da soja não estar bom, a produtivid­ade desta safra é boa. Se ocorrer tudo bem com a safrinha, acho que vamos chegar ao nosso objetivo”, explica.

CLIENTE

O produtor rural Fábio Paleari está animado porque acaba de entrar num segmento que não atuava, o plantio de soja e milho. Por causa disso, teve de comprar uma colheitade­ira no mês passado. Ele optou logo pela mais moderna. “Preferi pagar mais por um equipament­o que oferece mais precisão. Nós. no Paraná. trabalhamo­s em pequenas propriedad­es. Qualquer perda é significat­iva”, justifica.

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Gustavo Carneiro Concession­árias relatam incremento de até 30% nas vendas

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