Programa oferece coaching para refugiadas
Programa com professora paranaense oferece coaching para refugiadas visando o autodesenvolvimento dessas mulheres
Aos 33 anos, Valerie Dombasi deixou a República do Congo quando estava prestes a concluir a graduação em Secretariado Executivo. Ao chegar em São Paulo, em busca de trabalho, encontrou um acolhimento inesperado.
Valerie é atendida gratuitamente por um grupo de alunas, ex-alunas e professora do Isae/FGV – Escola de Negócios, de Curitiba, por meio do projeto de coaching gratuito para mulheres refugiadas.
A ação integra o programa institucional “Perspectivação” e resulta de uma parceria com a Rede Brasil do Pacto Global, Acnur (Agência da ONU para refugiados) e ONU Mulheres, que no início de março lançou a segunda edição do programa “Empoderando Refugiadas”, em São Paulo.
Com sessões semanais via Skype, Valerie e outras participantes estão recebendo apoio para que possam se desenvolver pessoal e profissionalmente.
“O retorno para elas é o crescimento, entendendo, em princípio, suas possibilidades de atuação. Mas também trabalhamos crenças e valores culturais, pensando na autoestima”, comenta a coach Viviane Borges, ex-aluna do Isae/ FGV e voluntária no programa.
A ação envolve um total de 10 sessões, cada uma com duração média de 1 hora. Por enquanto, são atendidas mulheres que residem em São Paulo, vindas de regiões como a Síria, África Subsariana, Oriente Médio e América Latina.
Viviane conta que Valerie chegou com o desejo de trabalhar como secretária ou recepcionista, pois imaginava que no processo de adaptação no País dificilmente conseguiria um emprego de alto nível. E neste primeiro passo, Valerie já avançou. Ela acaba de ser contratada como recepcionista em uma rede hoteleira.
Esse é o resultado que todos os envolvidos no projeto “Empoderando Refugiadas” almejam. A ideia é propiciar conhecimento e informações às refugiadas sobre o mercado brasileiro e sensibilizar as empresas para contratação.
TRANSCULTURAL
A coach e docente do Isae/FGV Daniela Leluddak explica que no coach transcultural o foco é auxiliar essas pessoas que estão chegando ao Brasil a mensurar seus potenciais e absorver as informações da cultura brasileira, agregando-as às suas bagagens cultural e profissional.
“O programa de coaching visa uma explanação um pouco maior delas próprias sobre a realidade que querem para si. Ele favorece o mapeamento de competências e habilidades para a pessoa atingir seus objetivos a curto, médio e longo prazo”, sustenta.
Daniela conta que no projeto cada coach vem atendendo cerca de cinco mulheres. Entre elas, está Niclette Mikanda, de 26 anos. Ela também é da República do Congo e está em São Paulo há cerca de 10 meses.
Niclette veio para se unir à família que se instalou no País meses antes, em busca de trabalho. Ela é formada em Comunicação no país de origem, mas atualmente está trabalhando como auxiliar de serviços gerais.
“Essas mulheres podem ainda buscar cursos pela internet, acessar as universidades e participar de palestras e eventos. Tudo isso é válido para se inteirarem”, salienta.
Apesar da experiência ser recente, Daniela ressalta que a iniciativa é pertinente para uma demanda como essa e que há a perspectiva de ampliar os atendimentos às mulheres de outras localidades.