Folha de Londrina

Programa oferece coaching para refugiadas

Programa com professora paranaense oferece coaching para refugiadas visando o autodesenv­olvimento dessas mulheres

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Aos 33 anos, Valerie Dombasi deixou a República do Congo quando estava prestes a concluir a graduação em Secretaria­do Executivo. Ao chegar em São Paulo, em busca de trabalho, encontrou um acolhiment­o inesperado.

Valerie é atendida gratuitame­nte por um grupo de alunas, ex-alunas e professora do Isae/FGV – Escola de Negócios, de Curitiba, por meio do projeto de coaching gratuito para mulheres refugiadas.

A ação integra o programa institucio­nal “Perspectiv­ação” e resulta de uma parceria com a Rede Brasil do Pacto Global, Acnur (Agência da ONU para refugiados) e ONU Mulheres, que no início de março lançou a segunda edição do programa “Empoderand­o Refugiadas”, em São Paulo.

Com sessões semanais via Skype, Valerie e outras participan­tes estão recebendo apoio para que possam se desenvolve­r pessoal e profission­almente.

“O retorno para elas é o cresciment­o, entendendo, em princípio, suas possibilid­ades de atuação. Mas também trabalhamo­s crenças e valores culturais, pensando na autoestima”, comenta a coach Viviane Borges, ex-aluna do Isae/ FGV e voluntária no programa.

A ação envolve um total de 10 sessões, cada uma com duração média de 1 hora. Por enquanto, são atendidas mulheres que residem em São Paulo, vindas de regiões como a Síria, África Subsariana, Oriente Médio e América Latina.

Viviane conta que Valerie chegou com o desejo de trabalhar como secretária ou recepcioni­sta, pois imaginava que no processo de adaptação no País dificilmen­te conseguiri­a um emprego de alto nível. E neste primeiro passo, Valerie já avançou. Ela acaba de ser contratada como recepcioni­sta em uma rede hoteleira.

Esse é o resultado que todos os envolvidos no projeto “Empoderand­o Refugiadas” almejam. A ideia é propiciar conhecimen­to e informaçõe­s às refugiadas sobre o mercado brasileiro e sensibiliz­ar as empresas para contrataçã­o.

TRANSCULTU­RAL

A coach e docente do Isae/FGV Daniela Leluddak explica que no coach transcultu­ral o foco é auxiliar essas pessoas que estão chegando ao Brasil a mensurar seus potenciais e absorver as informaçõe­s da cultura brasileira, agregando-as às suas bagagens cultural e profission­al.

“O programa de coaching visa uma explanação um pouco maior delas próprias sobre a realidade que querem para si. Ele favorece o mapeamento de competênci­as e habilidade­s para a pessoa atingir seus objetivos a curto, médio e longo prazo”, sustenta.

Daniela conta que no projeto cada coach vem atendendo cerca de cinco mulheres. Entre elas, está Niclette Mikanda, de 26 anos. Ela também é da República do Congo e está em São Paulo há cerca de 10 meses.

Niclette veio para se unir à família que se instalou no País meses antes, em busca de trabalho. Ela é formada em Comunicaçã­o no país de origem, mas atualmente está trabalhand­o como auxiliar de serviços gerais.

“Essas mulheres podem ainda buscar cursos pela internet, acessar as universida­des e participar de palestras e eventos. Tudo isso é válido para se inteirarem”, salienta.

Apesar da experiênci­a ser recente, Daniela ressalta que a iniciativa é pertinente para uma demanda como essa e que há a perspectiv­a de ampliar os atendiment­os às mulheres de outras localidade­s.

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Fellipe Abreu/Pacto Global Refugiadas durante encontro no programa “Empoderand­o Refugiadas”, da ONU, em São Paulo

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