Vereador que apareceu em vídeo xingando manifestantes diz não ver quebra de decoro na sua atitude
Filipe Barros posta vídeo no qual percorre o centro da cidade provocando pessoas concentradas para passeata
Overeador Filipe Barros (PRB) postou um vídeo em suas redes sociais em que aparece xingando de vagabundos grupos de manifestantes que participaram da greve da sexta-feira, 28. Logo no início da manhã, Barros percorreu as ruas do centro da cidade em seu carro, sendo filmado por um assessor, que também ajudou nos xingamentos. Ainda havia pouca gente concentrada para o início de uma passeata.
No começo do vídeo, o vereador conta que viu apenas “meia dúzia de gatos pingados” de manifestantes numa barraca da Avenida Higienópolis. Diz que o movimento estava fraquíssimo e que todo mundo “tem de trabalhar, são uma cambada de vagabundos”. Barros também conta que havia passado em frente a colégios, onde também não teria encontrado manifestações. Avistando um grupo pequeno de pessoas concentradas na Avenida Leste-Oeste, ele anuncia: “Tem uns 50 grevistas aqui, vamos fazer um bullying”.
Com o vidro aberto e sem parar o veículo, ele grita: “Vão trabalhar, vão trabalhar seus vagabundos”. O assessor, que não aparece nas imagens, também grita: “Lula na cadeia”. Ambos dão risadas. “O negócio é bullying, bullying em grevista”, afirma Barros. Mais adiante, ao passarem por outro grupo, o vereador pergunta se as pessoas não têm vergonha na cara. O assessor grita: “Vamos trabalhar p.”, soltando um palavrão. Barros ainda disse que, se a manifestação fosse feita em frente à sua loja, desceria o “porrete em todo mundo”.
Neste domingo, a FOLHA entrevistou o vereador. Ele não vê quebra de decoro pelo fato de passar pelas ruas xingando as pessoas. E afirma que se dirigia apenas aos sindicalistas, que estariam muito revoltados com o fato de que o imposto sindical está para a acabar. Esta é uma das propostas que constam da reforma trabalhista em tramitação no Congresso Nacional. Segundo Barros, os sindicalistas estariam impedindo colegas de trabalhar. “Ninguém se indigna com os trabalhadores que não conseguiram chegar nos seus respectivos trabalhos por conta da greve dos ônibus. Ninguém se indigna com as crianças que não tiveram suas aulas”, reclamou.
Questionado se espera sofrer processo por quebra de decoro, ele respondeu: “Não sei. Não posso dizer”. E emendou: “Assim como eu tenho direito de manifestar minha justa indignação, as pessoas têm o direito de recorrer aos meios para isso”, disse. A reportagem perguntou se xingamento não é diferente de manifestar opinião e ele repetiu que suas críticas são apenas aos sindicalistas. E declarou: “Eu acordo todos os dias às 6 horas da manhã, faço as minhas preces, e vou para Câmara trabalhar em nome do povo de Londrina.”
A FOLHA procurou o presidente da Câmara, Mário Takahashi (PV). Ele disse que não poderia comentar o conteúdo do vídeo. Segundo Takahashi, uma “pré-análise” poderia colocá-lo em suspeição caso algum requerimento seja apresentado pedindo a punição de Barros. O presidente da Comissão de Ética, Gerson Araújo (PSDB) afirmou que estava fora da cidade e que só comentará o assunto nesta terça-feira, depois de assistir o vídeo.