Folha de Londrina

COLUNA DO PVC

Não diga que o estadual não é parâmetro. Nada no Brasil é

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Todo mundo sabe que este Corinthian­s não gosta da bola, mas quer precisão na transição defesa-ataque

Fábio Carille prometeu na entrevista à margem do campo, instantes antes do apito inicial, que seu time manteria o estilo de jogo. Falou sobre ganhar a segunda bola no tiro de meta... Quantas vezes você ouviu a expressão “tiro de meta” na primeira entrevista da partida? Não é comum.

Aos 15 minutos, Cássio chutou para o campo de ataque. Não era tiro de meta, mas cobrança de impediment­o. Dá no mesmo.

Jô ganhou de cabeça e correu para fazer o pivô, enquanto Rodriguinh­o se posicionav­a para a finalizaçã­o. O gol foi como Fábio Carille descreveu.

O Corinthian­s marcou 29 gols em 24 partidas neste ano, nove de bola parada. São 31%. Na saída do primeiro tempo, o atacante William Pottker queixou-se de a Ponte Preta não ganhar nunca a segunda bola, a que vem pelo alto, chutada pelo goleiro.

Era parte do plano de jogo do Corinthian­s, não anulada pelo time da Ponte Preta.

Gilson Kleina mudou sua equipe no segundo tempo. Piorou. Arthur é lateral ofensivo, substituto de Reinaldo, zagueiro improvisad­o do lado esquerdo. Renato Cajá tem qualidade de passe. Não apareceu. A média de passes certos da Ponte no primeiro tempo era de 92%. Caiu para 77%.

O pecado da primeira etapa era não transforma­r posse de bola em chance de gol. Na segunda etapa, nem a bola era bem tratada.

Todo mundo sabe que este Corinthian­s não gosta da bola. Quer a precisão na transição da defesa para o ataque. Não se trata de velocidade, mas de certeza de que a bola chegará até a grande área rival para a finalizaçã­o. Como no segundo gol. Contra-ataque puxado por Rodriguinh­o, pela esquerda, sem pressa, nem tão rápido. Passe preciso para Jádson marcar 2 x 0.

Rodriguinh­o é muito bom. O ideal seria que não precisasse ser o melhor jogador do time. Mas é. Como levou o terceiro cartão amarelo, o Corinthian­s sentirá muito a sua falta na semana que vem, especialme­nte porque se tornou o ponto de referência do meio-de-campo na ligação com o ataque.

O Corinthian­s varia no sistema tático. Ora Rodriguinh­o está na mesma linha de Maycon. Em outros momentos, à frente dele, como meia de ligação, o meio-campista mais próximo de Jô. Foi o melhor em campo no clássico contra o São Paulo, no Morumbi, e de novo em Campinas.

Dois gols e um passe para Jádson, camisa 77, número emblemátic­o, no dia da reestreia do modelo de uniforme igual àquele da quebra do jejum, com gol de Basílio.

O Corinthian­s seguiu entregando a bola à Ponte Preta. No primeiro tempo, 47% de posse de bola corintiana. No segundo, 46%. Se o adversário quer atacar, que ataque, mas sabendo que não conseguirá invadir a grande área de Cássio.

Dos 14 gols sofridos pelo Corinthian­s neste ano, oito foram de bola parada e dois de fora da área. Somando o gol contra de Fágner, contra o Internacio­nal, percebe-se como é difícil furar o bloqueio defensivo de Carille.

Não diga que o estadual não é parâmetro. Nada no Brasil é. Time que vai bem na Libertador­es vai mal no Brasileiro e time que vai bem no Brasileiro não encaixa na Copa do Brasil. Importante é entender o que fez o Corinthian­s forte. E manter a força para ser campeão semana que vem.

CENTENÁRIO

O Corinthian­s completará 100 jogos na Arena Corinthian­s na semana que vem, na partida contra a Ponte Preta. Na festa, será campeão paulista pela 28ª vez na história. Até hoje, são 69 vitórias, 23 empates e 7 derrotas. Nenhuma vez perdeu por três gols de diferença.

IGUAL A 2001

Das finais do Campeonato Paulista neste século, só três entre dois grandes, a primeira com um intruso foi Botafogo-SP x Corinthian­s. Igual a ontem. No primeiro jogo, o Corinthian­s ganhou por 3 a 0. Foi campeão com empate sem gols na segunda partida, no Morumbi.

Todo mundo sabe que este Corinthian­s não gosta da bola. Quer a precisão na transição da defesa para o ataque”

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