‘O ser humano precisa do outro para se alimentar emocionalmente’
Com uma temática pautada no funcionamento da mente traumatizada, o workshop internacional reuniu no fim de semana em Londrina diversos profissionais em busca de renovação do conhecimento. A psicóloga Wilma Ribeiro, que atua em Londrina há 20 anos, comenta que o curso foi uma oportunidade de agregar ainda mais entendimento sobre terapia cognitiva.
“Tenho buscado compreender os processos neurobiológicos para ajudar os pacientes a se encontrarem. A emoção é algo muito subjetiva e, diante de situações de trauma, as pessoas acionam muito mais essas emoções e assim acabam não tendo contato com os processos que acontecem no corpo”, detalha.
Segundo Wilma, o que é libertador no modelo de mudança-colaborativa é o agrupamento das teorias emocionais com o que é fisiológico. “Isso dá muito mais sentido quando você trabalha com o paciente, pois quando ele entende que não se trata só de algo abstrato, consegue se apropriar e vivenciar o próprio corpo”, salienta.
A psicóloga em Curitiba, Anadir Oliari, supervisora do Insituto da Família (FTSA), observa uma demanda cada vez maior de estudos e aprofundamento sobre trauma porque a sociedade está em uma aceleração de violência. “O indivíduo acaba não tendo tempo de refletir sobre o que está acontecendo com ele mesmo. Ao contrário da violência que é expressada claramente e que permite a pessoa a se defender, a violência sutil passa despercebida”, aponta ela, lembrando que o modelo apresentado traz justamente um tipo de acolhimento que a sociedade precisa.
“O ser humano precisa do outro para se alimentar emocionalmente. Hoje, a sociedade está usando a máquina no lugar do homem. Ao invés de me relacionar, uso o telefone, vou para as redes sociais. As pessoas estão juntas, mas não estão se relacionando. Com isso, ter um modelo terapêutico integrativo e colaborativo é fundamental”, completa.
(M.O.)